Seduzentes

Sonhando Assim

Sonhando Assim - Branca de Neve e os Sete Anões

Na frente do espelho, com a ajuda do encantamento de Mal, a vilã que se passava por cabeleireira mostrava para as duas garotas da Rapunzel que elas não eram a mãe, não precisavam, nem combinavam com aquele cabelo extra-longo, que a mãe das duas ainda mantinha – só que agora castanho e não loiro. As sobrancelhas das duas já devidamente feitas.

A menina mais velha – um ano mais nova que Mal e Evie – era morena e tinha um estilo mais romântico. Mal recomendou um corte curto, dois dedinhos acima dos ombros, delicadamente desconectado para criar algum movimento. Valorizava os traços do rosto delicado e ainda se era possível inventar penteados românticos como era do gosto da menina.

A segunda – dois anos mais nova que Mal e Evie – já tinha os cabelos dourados, e doces olhos castanhos; ninguém na família herdou os olhos verdes de Rapunzel. Como ela tinha uma personalidade um pouco mais forte e certa audácia e vontade de variar e experimentar no mundo da moda, Evie e Mal concordaram que o melhor corte para ela – e que a diferenciaria da mãe e irmã – era cortar os cabelos bem curtinho, muito mesmo, quase parecendo o corte de um garoto; e talvez, se fosse muito para ela, as meninas considerariam uma franja.

Evie principalmente disse que ficaria incrível para usar e abusar de brincos, dos mais variados tipos e modelos e tamanhos... A conversa se estendeu bastante – ainda bem que eram as últimas garotas do dia – e as duas acabaram concordando com o que queriam fazer... Ou quase. Mal teve que usar a tesoura já que as duas queriam que seus cabelos longos fossem doados. Mal não reclamou já que a magia concertaria qualquer eventual errinho.

Era Evie quem estava fazendo um penteado sutil na mais velha depois da magia feita, demonstrando que era possível, sim, fazer penteados naquele comprimento, quando a porta foi delicadamente agredida, sobrando para a outra dona do quarto receber.

Quando Mal abriu surpreendeu-se com o encantado número um. Foi automático: Mal percebeu os olhos de Ben se atenuarem ainda mais, um brilho diferente estava ali apenas por vê-la. Era um brilho adorável... Mas tão perigoso...

-Hey – saudou ela lutando contra um instinto desgraçadamente forte de pular no pescoço dele e beijá-lo intensamente como na noite anterior.

Noite anterior...

A noite anterior fora um problema para os dois adolescentes que a passaram praticamente em claro, sonhando acordados com aquele/aquela que despertara sensações inalcançadas por nada, nem ninguém.

Ele teve que se encaminhar para um banho quente para ver se relaxava, mas de olhos fechados chamava baixinho o nome dela, sussurros angustiados pedindo que ela não fosse embora. Então abria os olhos e se via sozinho em sua suíte. Ela já ficou imóvel a noite inteira, abraçando a amiga, olhando para o teto e pensando no que acontecera e no que podia ter acontecido.

Ben quase se entregou com aquele olhar tão terno, tão desejoso... Mas em parte era culpa de Mal por olhá-lo daquela forma tão inexplicadamente desejosa...

-Eu interrompi algo? – vendo as duas garotas mais novas segurando o que restava dos seus fios longos; ele precisava desviar o olhar de Mal para não fazer nenhuma besteira e encontrou as meninas olhando-o quase surpresas por ele visitar o quarto das vilãs – Posso perguntar o que aconteceu ou é melhor eu não saber?

-Conseguimos convencer as duas de que uma imagem feminina e romântica não precisa estar necessariamente vinculada a cabelos compridos – disse Evie, o tom de voz suave e quase professoral, denunciava sua felicidade e deixava claro para Mal que a amiga não percebera nada anormal no comportamento dos dois; de quebra, acalmou os pensamentos em fúria das menininhas – O que achou, alteza? Não realçou muito mais os traços sutis e meigos do rosto delas?