Isso Vai Ser Bom

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Isso Vai Ser Bom - A Princesa e o Sapo

Depois da atividade complementar, ao som do próximo sinal, as aulas no período da tarde seguiram normalmente. Os alunos, porém, estavam bem dispersos, perdidos em seus mundinhos particulares. E foi assim na última aula do dia, noções básicas de natação. Os quatro seguiam nadando conforme as instruções de Benício do lado de fora da piscina – quatro, é claro, contando com o jovem Doug que seguia como modelo/exemplo naquela disciplina. Mal continuava desaparecida. Estranhamente, o professor não perguntou por ela.

Benício sempre insistia em dizer que eles tinham um progresso maravilhoso e surpreendente. Estavam aprendendo muito mais rápido do que o esperado. O homem nunca precisou dizer que eles estavam lutando ferozmente contra seus medos, e que estavam ganhando, apesar de ainda ver pânico em alguns olhares durantes alguns minutos. Aquelas almas eram lutadoras. Agora não seria diferente.

Mas não havia elogios naquela tarde; os três estavam bem dispersos. Nadavam sim, mas a cada parada para respirar era um momento de confusão – e o professor notava – isso quando não acabavam engolindo água, engasgando-se por falta de concentração no que faziam.

Jay, que mostrava ter porte atlético para mil e um esportes, uma facilidade com o que se era pedido de seu corpo, naquela tarde parecia atrapalhado. Seu pensamento era uma mistura de ódio e vergonha. Queria surrar Chad por colocar Evie contra ele. Sentia-se envergonhado por Audrey ter visto uma faceta desgovernada e enfurecida. Precisava falar com a princesa... Mas como? Com que cara? Ela o receberia depois do que tinha visto? Não havia se mostrando mais uma vez como o troglodita que ela desprezava? Foi pensando no olhar assustado da princesa herdeira de Phillip que acabou se engasgando, engolindo bastante água.

Carlos era uma surpresa positiva na água. Tinha jeito natural para o nado, contudo também estava perdido em pensamentos. Sim, a preocupação com Evie não desaparecera, mas os olhos de Jane não o deixavam ainda mais quando ele deixava aquela piscina tão azul dominar seus olhos. Entre braçadas que começaram ótimas o menino se viu imaginando como aquela manhã poderia ter começado diferente: se viu rolando para cima da garota e beijando-a com uma delicadeza incomum... e a viu correspondendo. Sentia seus carinhos delicados, tímidos e... O ar faltou e ele sentiu água entrando pelo nariz, uma das piores sensações do mundo.

Evie já estava muito mais atrapalhada, muito mais ofegante, muito mais cansada. Mente e corpo. Seus braços e pernas não tinham qualquer sincronia, o que não correspondia com seu comportamento normal naquelas aulas, sua respiração igualmente errada, tornando seus pulmões fracos e sedentos por ar, e claro que por conseguinte estava cada vez mais esgotada. Mas sua mente... Evie estava uma bagunça. Nomes e ações se confundiam pela velocidade com que seus pensamentos corriam incapazes de se concentrar num único fato já que se concentrar seria fazê-la chorar. A essa altura, mal recordava que sentia falta do nerd, que queria a companhia dele; naquele ponto da tarde, Evie tinha dificuldades para tudo, principalmente para se manter calma. Então sobrava para Doug auxiliá-la demonstrando e por vezes até corrigindo sua flutuação, usando de suas mãos para levantá-la. Era isso ou menina provavelmente se permitiria morrer afogada. Contudo, obviamente, a fraqueza da moça tinha motivos mais profundos.

O professor continuava do lado de fora. Bermuda de tactel, camiseta de malha comum. O mesmo uniforme padrão dos treinadores – durante o verão – porém de chinelos. Todavia com olhos muito mais atentos, a mente mais fria para absorver as informações antes de interpretá-las, e quando as interpretasse o faria com causa e não com achismo.

Benício olhou para o relógio mais uma vez; estava tão ansioso quanto seus alunos para interromper aquela atividade sem rendimento naquela tarde. Quando faltavam 15 minutos para o sinal tocar ele finalmente interveio.

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