Aristogatas

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Aristogatas - Aristogatas

A Fada Madrinha estava preparada para recepcionar os novos alunos. Alisou pela vigésima vez a saia azul clara, se perguntando onde estaria sua alteza para ajudá-la; nem sua filha comparecera. Era apenas ela e o pessoal da banda esperando pacientemente a chegada dos pequenos vilões – como disseram no conselho depois da declaração de sua alteza real.

A mulher sentiu o clima ficar tenso entre os alunos que ali estavam quando o carro chegou. Ela própria sentiu-se nervosa, mas tratou de esconder tal sentimento e colocar um sorriso no rosto. Ele desapareceu assim que a porta foi aberta. Claro que ela não esperava que dois dos alunos caíssem no chão já brigando entre si. Estava tão estática que sequer notou as meninas descendo do veículo. Também tinha algo cômico naquela cena com direito a trilha sonora que ia diminuindo até a banda se dispensar e sair correndo.

A surpresa, porém, desapareceu quando um dos garotos, o de cabelo mais claro, puxou uma lâmina curta...

-Chega! – interrompeu com a voz firme e frenética – Já basta, vocês dois! – os dois se entreolharam confusos, mas levantaram-se devagar – Devolvam o que pegaram – com caretas de desdém os dois obedeceram – Muito bem, agora desarmem-se.

O silêncio foi tenso, mas nenhum dos quatro adolescentes se mexeu; a lâmina reluzindo na mão do garoto.

-Ninguém falou nada sobre isso – disse o garoto de cabelos extensos.

-Como nos defendemos? – disse a menina de cabelos azuis parcialmente presos num penteado adorável. A expressão dela era de horror a possibilidade de perder suas armas.

-Não precisam temer nada aqui em Auradon – Fada Madrinha tentou tranquilizá-los – Os guardas...

-Não – a voz da garota era firme, quase fria; a mulher não soube o que sentiu ao certo quando a outra menina de cabelos roxos se manifestou. De qualquer forma os outros endureceram, a postura ficando mais firme como se apenas por ela falar eles já se sentissem mais ousados – Eles defendem vocês de gente como nós. Quem nos defende?

-Eu defendo.

A voz vinha se aproximando, uma voz masculina.

Ben se aproximava de braços dados com Audrey quando ouviu a pergunta mais crucial de todo aquele assunto numa voz feminina e tão aveludada quanto envolvente. Benjamin tentou não demonstrar nada além de uma calorosa cortesia, mesmo estando finalmente cara a cara com a menina dos seus sonhos.

Os dois ficaram numa troca intensa de olhares; tão intensa que ele pode sentir a namorada reclamar apertando-lhe o braço. Mas não ousou desviar os olhos dos dela. Tão profundos e atraentes.

Ela era muito mais linda pessoalmente, como se nos sonhos ela não fosse nem metade do que era. A calça de couro era preta, assim como os sapatos tão descuidadamente desamarrados, a jaqueta era "manchada" brincando com tons de roxo e verde. Os cabelos pareciam curtos, ali na altura do queixo. Ela tinha uma postura tão altiva como se não se importasse com nada além da proteção dela e dos amigos, porém uma curiosidade tão delicadamente escondida no fundo olhar deixava-a, aos olhos do príncipe, mais maleável... Linda de um jeito completamente diferente ao habitual dele.

-Você? – questionou ela.

Audrey estava muito desconfortável com aquela troca de olhares, com aquela voz infinitamente sedutora. A aristocrata endireitou ainda mais a postura, os ombros, o queixo...

-Sim. Perdoem meu atraso – ele se obrigou a desviar o olhar do dela e focar nos demais – Sou Benjamin...

-O príncipe herdeiro de Auradon – disse Audrey num tom feliz, jogando seus cachos cor de chocolate – Eu sou Audrey, princesa Audrey. Namorada dele.

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