Lembre de Mim

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Lembre de Mim - Irmão Urso 2

Carlos e Jay não conseguiram encontrar Mal depois da aula, depois daquele show de lutas, depois da descarada e perfeita manipulação no velho treinador. O filho de Cruella pediu ao amigo que no intervalo conversassem sério e que se visse as meninas era para combinar o encontro. Carlos tinha que confessar o que ele vira e tinha que ser com todos os três amigos, de uma vez só, mas sem dar bandeira para os certinhos.

O jovem De Vil caminhava quase se encolhendo: estava desconfortável com aquelas roupas tão menos elaboradas. Ainda estava bancando o menininho nerd, o alvo mais fácil dos novatos. Ele gostava de moda, tinha bastante estilo – muito mais do que a maioria dos certinhos juntos – mesmo assim estava contendo uma de suas características principais em prol de brincar e descobrir os podres dos demais.

Tendo ignorado a sua "falta de personalidade e estilo", Carlos andava a esmo procurando por Mal, por Evie e pensando nas possibilidades que o que ele vira provocava... Era um leque de maldades, um Buffet variado e rico. No fundo, Carlos ficava com pena do principezinho bonzinho que era enganado pela namorada e pelo melhor amigo. Uma faca nas costas doeria menos do que a descoberta daquela traição dupla.

Os pensamentos se esvaíram quando aquela peste pulguenta começou a latir e rosnar em seus calcanhares. O menino rangeu os dentes. Queria muito suas facas... O vira-lata agarrou a barra da calça e puxou-a como se brincasse de cabo de guerra. Irritado, Carlos chutou-o para longe. O cachorro gemeu ao colidir com a parede... E voltou.

-Porra – resmungou e começou a correr querendo se distanciar do animal para não agredi-lo, matá-lo, ser expulso por isso e linchado por Mal. Mesmo assim o infeliz sarnento corria logo atrás, tão rápido quanto o humano.

Desviou o olhar para baixo, procurando o cachorro e trombou fortemente com alguma coisa. Ou melhor, alguém.

Carlos perdeu o equilíbrio e o embalo da corrida, mas não caiu. Jane por outro lado estava no chão com muitos livros de capa dura ao redor, um deles aberto sobre sua cabeça. O rosto dela estava razoavelmente contorcido numa careta de dor.

A cena era cômica.

Inexplicadamente o animal parou não adentrando naquele cômodo...

-Carlos? – chamou Jane, baixinho, fechando o livro que antes estivera em sua cabeça – O que aconteceu? Não se pode correr numa biblioteca.

-Esse troço de pelo espichado! – rosnou para o cachorro.

-Dude? Ele não faz mal a ninguém – ele recolheu os livros e colocou-os no carrinho localizado no fim do corredor; ele devia ter se afastado devido o impacto entre os dois.

-Ele não para de me perseguir e... Sorte dele eu não ter mais minhas facas – disse olhando para o cachorro que deu uma voltinha e sentou-se no meio da passagem; voltou-se para Jane – Se machucou?

-Ah! – ela corou; não esperava que ele se importasse – Devo ficar com um galo na cabeça, mas não é nada! Eu sou desastrada assim mesmo – disse muito rápido, voltando a empurrar o carrinho.

-E o que está fazendo? – foi seguindo-a, olhando a menina colocar livros na estante. Ficou claro que ela não estava acostumada a receber atenção.

-Estou guardando os livros dos outros nos seus devidos lugares. A maioria dos alunos pega livros, descobre o que procurava e vão embora os deixando sobre as mesas – disse baixinho – Bom, na verdade a maioria dos alunos que vem aqui procuram por um lugar sossegado para conversar ou trocar beijinhos. Os livros empilhados são só para se esconderem de um possível professor.

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