Somente o Necessário

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Somente o Necessário - Mogli, o Menino Lobo

Chegou num ponto da noite/madrugada, que Ben caiu, exausto, sentado num dos sofás dispostos pela boate; caiu e puxou Mal junto de si, deixando-a sentada ao seu lado, com as pernas jogadas sobre seu colo. Os dois sorrindo e respirando o hálito alcoólico proveniente daquelas bebidas maravilhosas que eles tomaram. O príncipe não dizia em palavras, mas o brilho em seu olhar, o sorriso feliz... Fora o melhor presente que ele já recebera de alguém. Liberdade. O peito de Mal se aquecia e não era em função do álcool.

Às duas da manhã decidiram voltar. Estavam dançando desde o momento em que as luzes do sol sumiram do céu deixando o reinado para a lua branca. Mal, muito á vontade na escuridão, conseguia facilmente virar a noite dançando, mas aquela noite não era sua, era dele, do lindo príncipe Ben.

Vestiram os casacos; estava friozinho do lado de fora.

Zephyr foi gentil ao levá-los de volta a vila, ele deixou bem claro que ainda voltaria para a boate, para inveja de Mal. A menina então se apoiou no vidro da janela e beijou o meio cigano nos lábios com algum grau de luxúria das duas partes, em pagamento/agradecimento pela diversão daquela noite. O tal príncipe encantado ficou nervoso vendo Mal beijar outros lábios. Estranhamente aquela cena tão mais leviana e irreverente, sem qualquer sentimento, doeu muito mais do que ver Chad e Audrey...

A melancolia voltou. O motivo de ter saído da escola bateu no peito do príncipe e o recordou que aquela noite inteira, por mais maravilhosa que tenha sido, não passava de uma ilusão temporária.

-O que foi, menino-fera? – perguntou ela com um sorriso suave nos lábios, assim que o carro desapareceu da vista dos dois.

-Temos que voltar, Mal – a voz saiu tristonha.

-Quem disse? – disse ela segurando-o pela mão – Temos a estrada inteira só para nós, ninguém nos vendo... Somos gatos, lembra? – sorriu ela, brincando – A noite é toda nossa. Não deixe ela escapar...

Ben não resistiu.

O caminho de volta para o colégio foi aos risos e travessuras. Subiram nos muros da vila, equilibrando-se como felinos; Mal sempre muito mais graciosa que ele, mais habilidosa – Ben não tinha como ganhar de quem era muito mais talentoso do que ele, ainda mais usando salto alto. Ele não conseguiu deixar de se sentir elétrico quando ela "caiu" em seus braços de forma grácil, como se soubesse que ele a pegaria. Ben não queria colocá-la no chão. Ao contrário, aproximava seu rosto do dela, sua boca quase na dela...

-Ben! – o grito de Mal se emendou num riso. O rapaz havia soltado suas costas, deixando-a de cabeça para baixo. Um riso sincero, autêntico, feliz... Ben não conseguia colocar em palavras o que sentia por vê-la numa felicidade tão intensa, por ver Mal com as defesas baixas, sem um sorriso tão provocantemente sensual. Ele riu também.

Ele só a colocou no chão alguns metros mais a frente, já na estrada, na grama um pouco antes do denso bosque; não por não aguentá-la ou por uma reclamação da mesma, mas por achar que ela já deveria estar com dor de cabeça... Ele puxou-a para cima pela mão, dando-lhe um breve selinho e então voltou a abaixá-la, deitando-a com cuidado e carinho na grama. E deitou-se sobre ela; o peso todo em seus braços para não machucá-la...

... Quase o mesmo lugar onde eles quase se beijaram...

Segundos passaram enquanto os olhares ficavam fixos. Era tudo tão intenso entre eles, tão mais profundo e mágico e... Real. Tudo com Mal era mais real.

Novamente, a decisão foi de Ben. Foi ele quem desceu seus lábios para os dela num beijo profundo e gostoso. Nada desesperado, nada acelerado. Um beijo para saborear, lento, porém intenso. Como para guardar o sabor de Mal e do álcool na memória. Havia dentro do garoto um medo de que tudo aquilo não passasse de um sonho. Tudo.

SeduzentesOnde histórias criam vida. Descubra agora