Dia Ruim

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Dia Ruim - Peter Pan

Jay estava perdido.

Nada de Mal. Nada de Carlos. Evie o ignorava completamente. O que poderia fazer? A tarefa de matemática estava ali, implorando para ser feita, mas o rapaz sabia que não estava no nível de concentração necessária para começar a luta com aquela matéria.

Estava jogado na cama, olhando para o teto, o celular sobre o peito depois de mandar mensagem para todas as pessoas legais que conhecia, exceto talvez uma única aristocrata; a maioria sequer o respondeu ocupados com os estudos ou qualquer outra coisa que fosse. Não tinha o que fazer, ou melhor, não tinha nada que ele quisesse fazer.

Estava perdidamente entediado depois da péssima aula de natação.

Ouviu a porta abrir e fechar, mas não se mexeu. Carlos também não parecia uma boa companhia quando saíram do vestiário bem mais cedo do que o costume então sequer se animou... Isso até sentir um peso extra sobre o seu colchão.

Lá estava ela, confortavelmente deitada de bruços, o rosto apoiado numa das mãos emoldurado por seus cabelos soltos e discretamente ondulados; as pernas para cima lhe permitiam que visse seus tênis esportivos.

-Que surpresa inesperada, machão – sorriu ele genuinamente animado com aquela visita repentina; finalmente uma animação nesse dia de merda, pensou – A que devo a honra...

-Ah, pare com isso – brigou ela pela formalidade carregada de ironia, além de que ele sabia que Lonnie não gostava de ser referida como "machão" – Vim te fazer um favor.

-E que favor seria esse, gatinha? – flertou erguendo-se na direção dela. Lonnie empurrou-o de volta para o colchão arrancando dele um riso. Ela era difícil, difícil de um jeito muito bom. E tudo bem ser rejeitado, ele mesmo apesar da tentativa não estava lá muito animado para qualquer pegação que fosse.

-Vim te chamar para treinar boxe comigo – disse com clareza, o rosto neutro, ausente de qualquer amostra de segundas, terceiras ou até quartas intenções. Ou talvez ela só quisesse companhia mesmo e nada mais.

-Onde isso seria me fazer um favor? – desdenhou cruzando os braços atrás da cabeça, fixando o olhar no teto mais uma vez, se fazendo de difícil apesar de a preguiça de levantar da cama fosse o problema.

-Você está entediado... e está assim porque sufocou sua raiva. Acha que não notei como estava louco para arrebentar Chad com seus punhos? Porque qualquer imbecil notaria – perspicaz demais, pensou, se bem que nenhum dos dois havia disfarçado em nada – Vamos – a voz veio suave, manhosa... sedutora... – Eu ganho uma companhia e você alivia toda a sua tensão. E ninguém perde.

-Não arrumou nenhuma companhia melhor? – sorriu ele se levantando e vestindo as roupas sujas de antes da natação já que sabia que iria suar muito. Não se importou da menina poder vê-lo seminu, nunca se importava com expor a si mesmo.

-Ninguém que fosse me provocar o bastante para que eu desse além do meu melhor – disse tranquilamente – Eu gosto de desafios.

-Sei bem – e virou-se com um sorriso cúmplice.

[...]

Os dois se permitiram ser agressivos. Muito por sinal. A garota inclusive. O melhor sempre era continuarem sozinhos, sem testemunhas, treinadores ou responsáveis tentando impor limite naquilo que deveria ser para os dois um alívio de sentimentos pesados e comprometedores.

-Chad realmente te tirou do sério – disse Lonnie uma hora inteira depois de um silêncio de palavras, já que os sons das pancadas no saco continuavam sempre e cada vez mais altos – O que ele fez?

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