Quase lá

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Quase lá - A Princesa e o Sapo

O almoço foi muito engraçado – aos olhos de Mal. Todos pareciam sonâmbulos. Enquanto comiam, os amigos contavam a Mal o que haviam feito. Dopar os professores, roubar bebidas, comer cogumelos... todos ficaram acordados até o momento em que entraram de volta nos ônibus, afinal, tinham que ajeitar a bagunça: lixo, carros, rádio... ninguém se lembrava de com quem haviam voltado; haviam sentado no primeiro lugar vazio que avistaram. Na verdade, recordavam muito pouco da noite em si.

-Incrível – murmurou a menina com um sorriso orgulhoso dos amigos, completamente orgulhosa pelas informações que eles haviam coletado com aquele jogo "inocente" antes de deixarem as lembranças vagas pelas drogas.

-Agora você se arrependeu de ter assumido a culpa daquela armação medíocre, não é? – disse Carlos com algum deboche; particularmente satisfeito porque soubera contornar aquela situação horrorosa e aproveitar a noite.

Não, eu não me arrependo de nada... Pensou assim que a lembrança do que ela vivera noite passada invadiu seus olhos. Mal se limitou a um de seus sorrisos enigmáticos.

-O príncipe Ben não ficou na festa – disse Jay como se estivesse em parcial sintonia com os pensamentos da menina – Foi atrás do avô ou sei lá o que.

-Tão típico da realeza – resmungou Mal sem muito interesse no tom de voz – Não duvido que tenha se aproveitado do vovozinho Maurice para fugir da festinha de vocês e da responsabilidade de qualquer possível erro – o desdém gritava na voz da vilã. Jay se retraiu um pouco.

-Ah! Eu estou tão, mas tão cansada... – disse Evie alongando seu corpo, ignorando os demais e cortando o assunto – Acho que vou matar aula para dormir mais – então olhou ao redor e sorriu – Acho que todos vão matar aula para dormir.

-O que você fez, Mal? – continuou Carlos em tom afiado, um sorriso zombeteiro no rosto, sem desistir de jogar na cara da menina que eles se divertiram bem mais do que ela.

-Nada muito surpreendente – disse sem emoção na voz; de forma insinuativa, porém, ela lambia o glacê de seu bolinho.

-Você parece luminosa – disse Jay rodando uma pera nas mãos, os olhos quase cerrados em desconfiança.

-Eu com certeza estou – disse apoiando o rosto na mão; o olhar focado diretamente em Jay, desafiando-o a provocá-la mais – Descansei o suficiente durante a noite e invadi o escritório da Fada Madrinha esta manhã.

As reações de espanto foram maravilhosas aos sentidos de Mal. Eles realmente pensavam que ela havia ficado à toa; não esperavam que ela fosse invadir a sala da autoridade sem avisar, planejar...

-Você foi mesmo?

-Ela tem segredos supersecretos?

-Descobriu algo?

-Nada que eu vá revelar para três inúteis – foi ácida, sem dar tempo de nenhum deles retrucar as suas palavras cruéis – Cansados desse jeito, de resseca... Não, não vale à pena contar nada agora. Preciso de vocês em bom estado, então descansem bem. Amanhã vamos discutir todas as possibilidades e alternativas – disse se levantando da mesa.

-Mas, Mal...

-Foi uma ordem, Evie – disse ainda firme – Agora, eu tenho que encontrar a diretora para conversarmos sobre o meu comportamento no acampamento.

Os três ficaram observando a menina sumir entre os jardins; o vestido negro movia-se de forma adorável, reflexos verdes quase holográficos reluziam conforme ela andava. Jay coçou o queixo, pensativo, porém sem saber exatamente em que pensar.

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