Música das Reclamações

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Música das Reclamações - Dumbo

No Salão Festivo, aos pouquinhos, porém bem sincronizados e dentro do horário vinham os principais alunos do 11º ano escolar. A diretora esperava-os prontamente acompanhada da professora de Corte e Costura; as duas mulheres com a postura bastante firme. A Fada Madrinha, porém, estava sofrendo com um incômodo, um pequeno mal-estar em seu íntimo. Nada que pudesse atrapalhar a aula, claro.

A princesa de Aurora e Philip chegou primeiro, num passo suave e elegante. Apesar de estar vestida com esmero, naquele momento era o punho imobilizado pela melhor pulseira ortopédica que havia disponível na medicina que acabava por chamar mais a atenção.

A Fada Madrinha recordava bem de como no dia anterior a enfermeira-chefe informara de um acidente com uma aluna da alta aristocracia. Apesar dos primeiros socorros terem sidos feitos pela própria menina, e da enfermeira reavaliar o ferimento, a família preferira levá-la ao hospital para fazer exames mais aprofundados e o colégio acompanhara o processo disponibilizando um enfermeiro.

Muito educada, a princesa reverenciou as duas docentes ao entrar e se colocou parada no meio do salão a esperar os colegas ajeitando a postura.

Em seguida os cochichos chegaram antes mesmo de Jane que vinha de braços dados com Lonnie; as duas numa conversa íntima sussurrada e cheia de sorrisos com "q" de sensuais. Era interessante de ver ainda as meninas lado a lado: Jane tão mais clássica, enquanto Lonnie vinha sempre mais despojada. As duas meninas acenaram sutilmente para a princesa; mas nenhuma das meninas fez menção de se aproximar.

Quando Carlos e Jay chegaram com instantes de diferença, os dois com a postura bastante rígida e expressões faciais carregadas, o ar pareceu pesar de um jeito esquisito. A diretora não pode deixar de notar como os dois rapazes imediatamente focalizaram a pulseira ortopédica de Audrey, como imediatamente Jay cerrou os punhos, como Carlos ficou com um olhar mais intenso, mais insano; nem como a princesa evitou olhá-los.

Interessante.

O recente casal de namorados, Chad e Evie, chegou com o charme esperado dos dois: ele com uma das mãos nas costas da moça conduzindo-a no menor dos passos; ela completamente indiferente aos demais colegas. Apesar de estarem sorrindo belamente faltava luz nos olhos dos dois, notou a diretora.

Benjamin, muito educado, também esboçou reverências as docentes e deu sorrisos calorosos aos demais colegas de turma. Como Audrey, ajeitou a postura e esperou, não sem deixar a expressão vacilar por segundos ao notar a antiga namorada machucada.

Doug foi o último a chegar, bem em cima da hora, com a cabeça baixa e ajeitando os óculos sobre o nariz; evitando o olhar de todos, assim como evitava olhar para qualquer um.

Com a expressão o mais neutra possível, a autoridade máxima daquele colégio assustou-se com o quão dividida a sala estava; o quão separados os alunos se colocavam uns dos outros, mesmo aqueles que haviam crescido num mesmo lugar se viam distantes, mesmo Lonnie e Jane que estavam mais próximas. Parecia que a atividade viera em boa hora.

Mesmo assim, faltava algo...

Não.

Faltava alguém.

A Fada Madrinha viu o horário e mesmo depois de o segundo sinal bater ainda esperou mais longos dois minutos; muitos se remexeram inquietos com a demora em iniciar qualquer que fosse a atividade obrigatória.

E nada de Mal.

-Algum de vocês viu a Mal? – questionou a diretora olhando para todos, principalmente para os outros três que eram mais próximos da ausente. Notou com o canto dos olhos como a sua filha se manifestara incomodada.

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