Lá Na Curva O Que É Que Vem

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Lá Na Curva O Que É Que Vem - Pocahontas 

Antes de se distraírem com Ben e Mal, o exercício valia para os demais alunos, exigia mais de alguns deles em níveis e em questões diferentes.

Audrey parecia uma estátua, congelada em si mesma, aprisionada lá dentro. Jay lembrava de vê-la assim, ou algo similar a isso, durante o acampamento. Seu físico parecia perfeito, mas bastava olhar para o fundo de seus olhos para ver que ela, mais uma vez, estava em pedaços. O menino não sabia explicar, mas não havia graça ver aquela garota destruída tão de perto; ao contrário, chegava a ter certa beleza na forma como ela se preservava numa elegância aristocrática, como se ela não tivesse condições, direito de extravasar seus sentimentos de nenhuma forma; como se ela fosse obrigada a suportar as ações maléficas do mundo em silêncio, sufocá-las dentro de si.

Ele tomou a atitude de pegar as mãos dela, de subir pelos braços apertando-os numa massagem discreta, rápida. A respiração dela pareceu suavizar com o gesto.

-Quer conversar? – perguntou ele numa voz neutra.

-O que eu poderia dizer?

-O que quisesse dizer; eu não te julgaria.

Suas mãos grandes chegaram nos ombros frágeis, e se concentraram neles sentindo o quão tensa ela estava. Levou as duas mãos ao pescoço grácil; ele sentiu os olhos da Fada Madrinha fixos neles, queimando em suas costas; o gesto dava a entender que ele queria sufocá-la. Subiu uma das mãos para a nuca, segurando seus cabelos macios, gostando de ser o responsável por aqueles olhos fechados, por aquele corpo que se acalmava.

-Odeio eles – ela sussurrou; ninguém precisou dizer que "eles" eram os príncipes com quem ela havia crescido e se relacionado – Odeio elas – disse ainda mais baixo; "elas" só podiam ser as duas sedutoras garotas da Ilha.

Jay não pode deixar de notar o brilho forte naqueles olhos escuros e naturalmente doces. Ele desceu as mãos de volta para as dela. Agora era a vez de Audrey.

-E o que vai fazer com esse sentimento, princesa?

Ela, como ele, foi subindo as mãos em apertos sutis, sentindo e apreciando os músculos naturalmente tensos e firmes do jovem atlético e sedutor.

-Não posso fazer nada – disse confusa – Vou ter que aprender a lidar com isso.

-Quer dizer sufocar.

-Uma boa palavra para sinônimo – concordou ela.

-Isso não é certo – a firmeza, a irritabilidade foi clara em sua expressão.

-Fui criada para ser estável, suave, como um rio.

-Um rio não é tão estável assim – disse sentindo-a tocar seus ombros, sentindo os olhos dela fixos em seu peito – A água sempre muda, sempre corre – seus dedos tocavam superficialmente, como se ela tivesse medo de senti-lo com mais intensidade, percebeu Jay; mesmo assim a leveza era boa, apreciada.

-Mas nós não podemos viver assim.

-Talvez esse seja o nosso mal – seus olhos escuros brilharam ao olhar para a moça de gestos mansos – Lembra-se do que eu disse no acampamento? Somente o seu instinto é o que importa agora, princesa. Somente aquilo que te move pode ajudá-la.

-Desejo? – questionou chegando ao pescoço, contornando-o até chegar à nuca, onde arranhou sugestivamente.

-Sim... – a voz saiu mais rouca do que o necessário – É o seu desejo de ser desejada que te mantém até que você consiga o que realmente te importa, a sua verdadeira vontade.

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