Seduzentes

Bella Notte

Bella Notte - A Dama e o Vagabundo

O restante da semana seguiu. Quase atropelando alguns. Mas seguiu.

A princesa Audrey parecia cada dia que se passava alguém mais acessível, e ao mesmo tempo parecia ainda mais da realeza. Não somente passava acompanhada de Jay como também Lonnie, por vezes Jane; Cordélia e Gisele também tentavam aproximações mais sutis, sempre bem recebidas. Celia Darling e Raissa também eram vistas ao lado de sua alteza; assuntos como moda eram os favoritos das garotas, especialmente agora que estava chegando o evento real mais importante do ano, e o único que seria comentado a longa data não fosse uma festa de aniversário atípica.

Jane já estava andando mais com a turma mais nova, de seu namorado. Ela e Klaus se davam muitíssimo bem, e de fato, ela era a referência em tudo, sua opinião era a mais valiosa, não somente com o namorado, mas com a turma dele. Tinha mais experiência, mais contato com os da Ilha, mais contato com os herdeiros mais importantes do reino, e era filha da diretora, o que lhe conferia certa "autoridade" no colégio desde que se impusesse. E como Mal havia dito antes, ser ela a ter o controle, mesmo que mínimo, a fazia bem; não que ela gostasse de poder ou algo assim, mas era algo que estava ajudando a construir sua autoestima e confiança.

A diretora pela manhã de quinta-feira finalmente conseguira se reunir com dois dos professores. Caleb e Benício se reuniram em uma conversa bastante séria a respeito da aluna Evie. Os três conversaram sobre o que poderia estar acontecendo ou não com a menina. Caleb admitiu que, antes de saírem para o primeiro fim de semana livre, Mal pedira que ele fizesse Evie comer. Sem palavras pesadas, sem se estender, sem alarde. Ele apenas prometera cuidar da menina. Benício já foi questionado a respeito de uma vitamina pela manhã, e o que isso significava. O docente contou que passara a ver sinais mais claros durante suas aulas, como fraqueza, palidez. Disse que perguntou a um aluno – sem expor qual aluno seria esse – se Evie estaria frequentando o refeitório com normalidade; a resposta foi negativa. A diretora alertou o psicólogo e o terapeuta do colégio a respeito da aluna, apenas para deixá-los em estado de alerta já que nas palavras de Benício, os três amigos sabiam o que estava acontecendo, e o "não fazer nada" deles em realidade era esperar o tempo de Evie: "Eles sabem que ela vai pedir ajuda. Estão esperando que ela dê o primeiro passo. Eu vi muita força naquela menina, sei que ela vai pedir; qualquer ajuda antes disso pode vir a ser mesmo prejudicial". E insistiu, mais uma vez, que queria levá-los para um fim de semana... e foi assim que a reunião se estendeu a perder de vista.

As aulas com Benício voltaram com empenho e animação, da parte dos cinco. "Olha só quem voltou" brincou o professor com um sorriso debochado quando Mal finalmente, depois de muitas faltas comparecera a aula na quinta-feira. Recebeu um abraço breve do professor e compensou com todo seu esforço na aula. Foi divertido como a há muito não era. Benício chegou a insinuar que talvez eles saíssem juntos no fim de semana. "Nós quatro? E com o melhor professor? Vai dar ruim" riu Jay fazendo os amigos e o adulto rirem. "Estou trabalhando nisso, e acho que vou conseguir pelo menos a sexta e o sábado livres com vocês" disse ele feliz dispensando os alunos.

Carlos e Mal eram um mistério. Ou estavam cercados de gente, e muita gente, o tempo inteiro, ou estavam desaparecidos; houve apenas um momento de absoluto fascínio dos demais quando Carlos sentara-se com a princesa Audrey, os dois cheios de papéis; ele bastante empolgado.

Os príncipes fera e estepe, especialmente Benjamin, estavam cada vez mais sendo solicitados pelos terapeutas, e por gente de fora do colégio, numa crescente agitação que instigava ansiedade nos demais.

Já Evie seguiu as palavras dos amigos à risca, aquelas discretas sugestões. Usou meia arrastão com seus vestidos e saias mais românticos, duas vezes com um short, outro dia usou calças, como Mal despretensiosamente dissera. Voltou a usar batom mais fortes, sombras também. Conversava com o espelho cada dia mais, cada dia mais próxima e amiga do seu reflexo outra vez. Ao mesmo tempo evitava o máximo que podia a companhia de seu namorado. Fora estranho recordar que ele estava sob um encantamento. Doera. Mas também lhe mostrara que ela estava agindo distante de sua personalidade em muitos aspectos. E isso era algo que a transportava para um lugar sombrio em sua memória.