Fogo do Inferno

335 24 4
                                        


Fogo do Inferno - O Corcunda de Notre Dame

Depois da aula, no meio da tarde, as meninas contaram com a ajuda de Jane e Lonnie para terminar de ajeitar o quarto e finalmente abrir as muitas caixas deixadas a pedido de sua alteza.

Na parede, Mal fizera grafites lindos, em sua maioria abstratos e em preto e branco; os pontos de cores eram essenciais e definiam muito bem as duas meninas. Do lado de Evie podia se ver uma linda coroa dourada, uma maçã vermelha e um espelho azul-prateado entre elos e linhas curvas, como borrifadas de perfume. Do lado de Mal, eram dois dragões de escamas bem sombreadas, delicada e cuidadosamente coloridos para não ficar infantil ou muito alegre – um roxo e outro verde – e um livro num misto de dourado e prata aberto entre os dois de onde saíam todas as runas e filigrimas que cercavam os desenhos e predominavam nas paredes do seu lado como palavras antigas de um feitiço.

Nas camas, as colchas das duas eram brancas – a de Evie tinha babados bem principescos, românticos, mais femininos enquanto a de Mal era lisa sem maiores 'frescuras' – mas suas mantas tinham cores fortes e vibrantes: sempre roxo e azul, suas cores favoritas. Os travesseiros eram igualmente brancos e as almofadas eram diversas e coloridas: havia lisas, com babados, com frases que as definiam, com desenhos, listradas, xadrez... Roxo e verde; verde e roxo. Azul e vermelho; vermelho e azul.

Eram muitas combinações. E além delas, diversas capas lisas num tecido cru perfeitas para serem customizadas, na possibilidade de elas se cansarem das que tinham ou de simplesmente não gostarem. Evie adorou.

Ben pensara em tudo para agradá-las.

Jane ajeitou as almofadas de Mal, deixando duas em forma de cilindro, com listras e bolinhas em preto e branco, segurando as demais e uma redonda, verde e felpuda no centro da cama de Mal.

-É tão fofinha, Mal – disse a menina – E me lembra seu colar.

-Verdade – disse deslizando a esfera entre os dedos inconscientemente.

A de Evie ficara similar, com exceção da redonda que era um lindo coração vermelho, arrumada por Lonnie.

-Agora falta o dossel – Disse Evie sentando-se sobre a escrivaninha, apoiando seus pés na cadeira; ela pegou linha e agulha começou a bordar uma das muitas capas de almofada, deixadas para que elas pudessem trocar alguma ou soltarem a criatividade – Já estou cansada, Mal! Faça um feitiço, por favor!

Mal até pensou em negar, mas havia testemunhas querendo ver seus talentos mágicos. Ela pensou em pegar o livro, mas já conhecia todos os feitiços e sabia que aquilo não passava de uma deslocação de objetos – básico, fácil demais. Ela queria se arriscar um pouco, impressionar.

Encostou-se na parede ao lado da porta e ergueu o queixo quando sentiu uma onda tão quente quanto fria passando por seu corpo e chegando aos olhos e colar. Os dois brilhando intensamente, canalizando e aprimorando sua magia. O tecido fino e brilhante, do mesmo material da cortina, saiu da última caixa e se arrumou nem rápido nem devagar demais.

Tudo isso sem que Mal precisasse abrir sua boca.

Claro, isso exigia uma concentração maior, um foco praticamente inquebrável... Um frasco de perfume logo ao lado de Lonnie estilhaçou-se sem qualquer explicação. As três meninas gritaram assustadas.

Mal riu disfarçando sua instabilidade mágica, deixando no ar para as amigas que fizera de propósito, quando na verdade fora um acidente. Mal ergueu a mão esquerda cheia de anéis e sentiu a palma amornar conforme o vidro voltava para seu lugar assim como líquido que caíra.

SeduzentesOnde histórias criam vida. Descubra agora