Para o Museu

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Para o Museu - Toy Story 2

O fim de semana foi normal para os quatro intercambistas da Ilha dos Perdidos. Normal de um jeito que não era tinha algum tempo. Ordens, e irmandade de um jeito que, todos os quatro, haviam sentido muita falta.

Ao fim da sexta-feira, Mal foi interrompida pela diretora depois de uns cinco minutos numa série intensa e silenciosa, porém contida, assim como já esperava. E mesmo esperando, Mal sentia uma ansiedade enorme; não sabia bem o que fazer, o que dizer. Aquilo que vira na sala secreta ainda atiçando-a, incomodando-a a ponto de estar ali batendo os punhos no couro sintético. Lonnie somente pediu desculpas para a colega e disse que sua mãe havia chegado aproveitando para fugir rápido de qualquer possível represália da diretora. Mal não a julgou.

E antes que alguma bronca pudesse ser dada à Mal, Evie apareceu com um olhar desesperado. Desesperado para quem sabia lê-la. A filha da maior vilã apenas ignorou a presença da diretora frente a chegada da sua protegida; sua ansiedade sendo sufocada por algo mais urgente. As duas meninas se encontraram no corredor e voltaram para o quarto de mãos dadas, em um silêncio compreensivo, porém assim que a noite caiu, as duas acompanhadas por Jay, desceram uma vez mais para aquela sala e esmurram o saco para descarregar suas emoções; Evie por muito mais tempo e com muito mais agressividade que Mal. Ninguém falou nada.

Por insistência da princesa, Mal tomara uma dose a mais do calmante, só para garantir que ela não iria morrer ou algo assim. Os três dormiram juntos naquela noite: mesmo quarto, mesma cama; qualquer clima ruim que talvez pudesse haver entre eles, em trégua. Carlos desaparecera, mas pelo que Jay sabia, o amigo deveria estar tendo uma foda com alguém. A informação foi recebida com sorrisos pervertidos das duas meninas.

No sábado, eles se reuniram no quarto das meninas; Carlos finalmente aparecendo logo pela manhã, o rosto vivo demais notara a líder. Algo a mais para se preparar. Foi quando Mal voltou a distribuir missões. Missões pequenas, mas não tão pequenas assim; pelo menos não para ela que sabia o propósito daquilo tudo. Missões que passariam além do tempo do fim de semana e se estenderiam a tempo quase que indeterminado.

Carlos e Evie foram encarregados de criar roupas para as passarelas: "Estou pedindo que idealizem uma marca, uma coleção inteira. Quero capricho, quero o melhor nos desenhos de vocês", então colocaram-se a desenhar e não muito tempo depois o chão já se via com papéis amaçados, esboços descartados, e arte para tudo que é lado. Carlos, ainda mais vivo, ainda mais empolgado do que quando chegara.

Jay já havia ganhado uma missão mais enfadonha. Recebera um livro. O título não era atraente, a capa também não, mas o interior, o conteúdo tinha sim um certo atrativo. Ele entendia, mais ou menos, porque estava ganhando aquela missão. Só achava "injusto" que os outros dois estavam recebendo uma tarefa muito mais divertida do que a dele. Mal prometeu que ela também iria estudar o mesmo livro que ele assim que aquela droga de repouso acabasse, o que fez o amigo se resignar com a situação. Algo naqueles olhos cítricos não deixava brechas para dizer não; algo naqueles olhos dizia que aquelas tarefas tinham grande importância.

E enquanto os três cumpriam com o que havia sido pedido deles, Mal continuava suas pinturas finais daquele bimestre. Agora realmente colorindo. As tintas e pincéis existiam em diversas tonalidades e tamanhos, diversos pincéis pequeninos, de detalhes, porque havia muitos detalhes. E ela colocava todo sentimento ali naquela pintura, naqueles três quadros que retratavam a parte central, a parte infernal do mundo no qual ela nascera e crescera. Era impossível não se recordar de momentos incríveis, era impossível não recordar de momentos horríveis. A Queda voltava aos seus pensamentos a todo instante, mesmo a garota sabendo contornar aquele sentimento horrível. Preferia pensar nos rostos amigos, e nos rostos não tão amigos assim.

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