Seduzentes

Isto É O Amor

Isto É O Amor - Cinderela

Sábado surgiu numa manhã clara, mas fria. Talvez o sol esquentasse mais tarde, mas naquele momento estava frio. Como de costume entre os quatro, aquele era o dia de limpeza, faxina, era dia de lavar roupa, exatamente o que Jay estava se encaminhando para fazer.

Aquele cômodo era grande, mas muito pouco utilizado, pensando que os alunos raramente ficavam no fim de semana. As paredes eram revestidas em azulejos azuis e o piso era branco, as máquinas e secadoras eram em inox, todas cinzas. Chegou na lavanderia com seu cesto de roupa-suja e foi "ajeitando" as coisas na máquina. Ao contrário do que Evie e Carlos fariam, o adolescente só despejou as roupas lá dentro junto com sabão e água; não separou nada, nem pensou em amaciante.

Apertou os botões sem nem olhar, a cabeça distante... Escorou-se na máquina ao lado, mesmo assim sentindo a vibração da que funcionava e esfregou o queixo. Estava muito, muito longe daquele cômodo, com os pensamentos vagando muito, muito longe dali.

Depois de acomodarem o troféu no quarto – recompensa, um mimo do treinador; "já temos muitos troféus na Sala de Troféus" – o rapaz não conseguia tirar a imagem do príncipe com sua amiga da cabeça. Não, não pensava em Evie e no estepe Chad Charming. Formavam um casalzinho medíocre, mas ele estava a par dos planos da líder, então não se incomodava. Não... Jay não conseguia deixar de pensar na proximidade entre o príncipe Ben e Mal.

A forma como o garoto procurou por ela desde o fim do jogo, como afastou as meninas, como sumiu e reapareceu logo ao lado dela numa conversa aparentemente sem qualquer importância, completamente normal... havia uma química entre eles, uma atração estranha. Desde o primeiro dia, desde os primeiros minutos, eles pareceram próximos.

E só vieram momentos e mais momentos protagonizados por seduções de Mal. Como a aula de esgrima. Naquele dia, Mal se mostrara alguém perigosa por conseguir derrotar facilmente, brincando, o futuro herdeiro do país. Mais do que isso, os dois pareciam numa dança sedutora e agressiva. Foi muito claro, para ele que a conhecia desde sempre, que a vira seduzir inúmeras vezes o pobre Harry, que Mal provocava com seu corpo, tom de voz, e a distância que se seguiu. E ele, tolo encantado, respondia com presentes.

Se fosse somente isso, não era nada em comparação o que ela fazia com o garoto do Gancho. Se fosse assim, era então apenas uma distração. Benjamin não passaria de uma distração.

E ele respondia tão, se não mais do que Harry. Sentia ciúmes, ele soubesse disso ou não: a forma fria como tratara o príncipe de Atlântida no acampamento fora muito reveladora para quem quisesse ver. Sempre suave e prestativo para Mal, com olhares doces e brilhantes... Claramente apaixonado.

E que relevância tem se preocupar com eles? Não muda nada!

Mas mudava, sim. Mudava tudo. E ele sabia embora não quisesse admitir.

Mal tão próxima assim do próximo a servir de autoridade naquele país, com suas manipulações sutis, conseguiria facilmente em pouco tempo – um ou dois anos, talvez – fazer com que o príncipe destruísse a barreira que prendia todos da Ilha dos Perdidos, sem que ela se desgastasse ou viesse a apelar para o roubo da varinha diretamente. Era um passo certeiro para a Era dos Vilões, para a destruição daquele país dourado...

Jay não era idiota. Lembrava-se bem de como era o lar em que crescera; aquele mundinho nojento e improdutivo, solo infértil, água tóxica, ar pesado... E ali... naquele colégio, naquele reino... o solo era produtivo, o ar era leve, as plantas e animais eram fortes. Soltar os vilões em Auradon seria transformar o continente numa extensão da Ilha. Seria reviver seu passado...