Observando Comportamento Estranho

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Observando Comportamento Estranho - Tinker Bell e o Monstro da Terra do Nunca

Jay ficou alguns muitos minutos do lado de fora da sala da diretora. Sentado numa das poltronas de espera, confortavelmente: as costas largadas, as pernas abertas. O adolescente respirava fundo quando chegou ali, agora fazia o possível por tentar transformar sua respiração em algo imperceptível. Seria o sinal de que ele finalmente se acalmara e controlava o próprio corpo. E francamente, com aquela demora em ser "recebido" pela diretora não era muito difícil se colocar "para dormir" ou quase isso.

Logo que chegou, tentava afastar imagens persistentes em sua mente. A mais antiga das imagens era de um fedelho escroto cuspindo nos pés de sua líder. A mais recente, um fedelho escroto batendo no rosto de uma amiga.

Só de pensar nisso, seus punhos e olhos se fecharam com força; o maxilar travado numa intensidade que chegava a machucar seus dentes uns sobre os outros.

Pense em outra coisa! Pense em outra coisa! Pense em outra coisa!

Adrenalina. Isso. Ele gostava de adrenalina, da emoção e euforia de um esporte. Forçou-se a lembrar do jogo no colégio, na vitória compartilhada. De maneira mais simples a felicidade de jogar um esporte novo no fim de semana, basebol. Mas não parecia ser algo forte o bastante. Pensou consequentemente em parkour. Era sem dúvida alguma o que mais gostava de fazer. Estar nas alturas, correndo, pulando, deslizando...

Essas lembranças levaram-no diretamente para casa. A casa que ele odiava. Levaram-no para a Ilha. A Ilha cheia de baixarias, cheia de brutalidades. Viu espadas se cruzando na frente de seus olhos bem fechados. Insultos. Palavrões. Socos e chutes. Vozes nojentas... Já disse para não erguer a voz... O som ardido de um tapa... Imediatamente, o rosto delicado de uma princesa veio à mente: não feliz e leve como deveria estar, mas assustado e triste, machucado e marcado com dedos...

Se é que era possível, fechou ainda mais os punhos e trancou o maxilar de uma maneira que assustou o inspetor que o vigiava assim como a secretária direta da diretora.

Pense em outra coisa! Pense em outra coisa! Pense em outra coisa!

Então pensou em sexo. Melhor que isso, pensou nos orgasmos. O corpo nu e fogoso de Raissa bem encaixado no seu, num almoço ou jantar roubado; os dois trancados no quarto dele chegando com pouca diferença ao clímax. Lembrou de estar dentro de Carlos no carro de Zephyr na volta de uma boate; o amigo ladrando como um cachorro; logo mais era Carlos dentro de si. Lembrou da sua festa de aniversário, tendo Lonnie sobre si se esfregando no seu pau, cruelmente sem deixá-lo entrar...

Relaxou. Conseguiu abrir os olhos e soltar as mãos. Jay tinha muitas histórias e muitas lembranças relacionadas a orgasmos. Muitas meninas e mulheres; muitos meninos e alguns homens. Eram lembranças demais, tanto que algumas eram nebulosas e desfocadas.

Não conseguiu pensar em mais nenhum orgasmo já que a porta da sala da Fada Madrinha finalmente se abriu. Uma professora saía apressada e com o rosto manchado de lágrimas. Jay rapidamente percebeu que era a professora de robótica de Carlos. Sabia quem era por ser uma das mais gatas professoras daquele colégio e, claro, lembrava-se de que o amigo conseguira comer a mulher mais de uma vez por conta de um trabalho escolar. Naquele momento, a mulher não olhava para nada, não tinha foco algum o que acabou chamando a atenção de Jay.

Mesmo assim, rapidamente concentrou-se na Fada Madrinha. Ela parecia pálida, mas tinhas as bochechas e o nariz ligeiramente avermelhados, como se tivesse se estressado ou passado raiva talvez, ou poderia ter sido um assunto constrangedor? Fosse o que fosse, ela parecia tão abalada quanto a mulher que saíra sem perceber o chão no qual pisava. O que era estranho, já que não mais do que duas horas atrás a diretora se mostrava feliz na sala de aula.

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