O Argumento Real

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O Argumento Real - A Bela Adormecida

Uma sala de reuniões foi preparada para receber aquele grupo grande e diverso. Realezas e nobrezas chegaram junto ao sol nascente, recebidos por doses de café e chá à escolha. Cidadãos comuns foram convidados, uns para participar mais ativamente, outros apenas para fazerem seus relatórios e comentários a respeito da parte que sabiam.

Aquilo duraria a manhã inteira. Talvez levasse a tarde também. Mas que levasse o tempo necessário para que fossem justos e nada fosse desconsiderado.

Na sala de reuniões mais distante da parte do palácio que se arrumava para a iminente coroação do herdeiro, aquela estranha e diversa comitiva chegava e chegaria com o único propósito de debater sobre o destino daqueles quatro inseridos no Projeto Descendentes.

Ao redor da grande mesa oval centralizada sob um lustre de cristal amarelo, as primeiras palavras começaram a ser ditas. Palavras de um jovem para 16 adultos presentes. Para cada um dos presentes, cópias de relatórios e tópicos a serem analisados. Muitos e muitos documentos.

-Esse projeto não surgiu do nada, ou de um capricho – começou Benjamin com a introdução do tema – Sonhava com a Ilha desde que posso me lembrar. Não via os criminosos do passado e presente. Via crianças em condições deploráveis. Jovens que poderiam ter crescido comigo sendo meus amigos, meus colegas, irmãos de estudo.

"Despachei os convites para a Ilha primeiro. Recebi um cartão como resposta: 'Eles irão' somente. Com a confirmação da parte deles, enviei meus convites aos principados como fui instruído a fazer. Fada Madrinha concordou em me auxiliar e seguimos os dois com os preparativos às pressas.

A mulher assentiu silenciosamente de seu lugar.

-Vamos começar por isto – concluiu o mais jovem naquele cômodo – Os preparativos para recebê-los e a chegada dos quatro.

-O Colégio Preparatório os recebeu como internos integrais – Fada Madrinha disse com seriedade, a voz neutra – Conferi os quartos designados aos quatro e incentivei o comitê de boas-vindas a recepcionarem os novos alunos. Eles chegaram com um pequeno atraso no nosso cronograma escolar, perderam três semanas, mas se adaptaram com bastante facilidade ao ritmo de estudo – disse conferindo uma prancheta com anotações e tópicos que ela separara para falar.

-Sobre a saída deles da Ilha. Algum relato a analisar? Alguma dificuldade ou problema? – questionou Charming, o esposo de Cinderela.

-Vieram de limosine. Havia interesse nas ruas da Ilha, mas estavam distantes como se obedecessem a ordens de se manterem afastados – Bela leu os relatos de um dos guardas – O motorista somente contou que houve um momento de medo em relação a ponte. Acharam que era uma missão suicida e que afundariam no mar – a voz da rainha foi diminuindo em nítido desconforto.

E tendo o conhecimento agora de que eles não sabiam nadar naquela época... aquele era o tipo de informação que doía.

-A chegada deles não foi exatamente como o planejado. Eles vieram armados e se agredindo entre si. Devemos entender que eles são perigosos uns com os outros? Que devemos protegê-los uns dos outros? – questionou Roger olhando uma cópia dos relatórios.

-A realidade de onde vieram nos faz presumir que andar armado é uma exigência para própria proteção – disse Philip – Chegar em um lugar desconhecido que os temia abertamente não seria sinônimo de segurança. Faz todo sentido chegarem portando armas.

-Mal falou algo a respeito. Algo sobre os guardas estarem ali para nos proteger de pessoas como eles quatro. Ela questionou quem os protegeria se viessem a se desarmar – disse Ben.

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