Alguma Coisa Acontecer

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Alguma Coisa Acontecer - A Bela e a Fera

As primeiras aulas do dia sempre eram preenchidas pela Fada Madrinha e sua aula patética sobre bondade. Naquela manhã em especial, ela estava dizendo que animais são infinitamente leais e carinhosos entre outras besteiras. Isso era culpa de Carlos; no dia anterior ele tentara esfolar um cachorro que o perseguira durante o treino particular com o príncipe Ben.

Mal estava bastante aérea. Estava desenhando – de novo – sobre uma folha grandinha, com um lápis bom. Estava pensando na conversa que tivera com sua alteza há dois dias. Sim, em plena sexta-feira, com tanta coisa para se pensar ela estava pensando do herdeiro de Auradon, no bem feitor que a tirara daquela maldita e confinadora Ilha.

Eles não fizeram mais do que trocar olhares no dia anterior e Mal não sabia bem o que pensar. Pelo menos saíra feliz, com a última palavra, deixando-o completamente abobalhado com os próprios sentimentos. Servira para mascarar o desejo que ele despertara nela naquele ato tão impensado, tão inconsequente...

A menina preferira ficar com Lonnie e Jane – Evie trocara-a por Doug. Não eram más companhias, ao contrário, começavam a parecer bastante interessantes. Lonnie era bem ativa para uma garota de Auradon, completamente dona de seu nariz e de opiniões bem firmes a respeito do que princesas/meninas podiam e deviam fazer. Apesar de todas as patricinhas proferirem um discurso similar, era apenas a filha da Mulan quem colocava aquilo visivelmente em prática. Mal adorara a menina. Se estivessem na ilha teria colocado-a muito rapidamente em sua gangue de mal feitores. Quanto a Jane, Mal sentira uma mudança sutil em sua auto-estima, nada alarmante. Ainda era a mesma menina manipulável. Não que Lonnie não fosse manipulada, essa apenas requeria um joguinho mais forte.

-Mal – chamou a Fada Madrinha – Querida, poderia dizer o que fazer nessa situação?

-B – respondeu calmamente, olhando discretamente para a lousa atrás da mulher, acrescentou um sorriso gentil para disfarçar que ela não prestava atenção nenhuma naquela aula.

-Correto – era engraçada a forma como ela se animava sempre que um deles acertava uma questão; Mal não comentou sobre isso.

A menina afastou o desenho do rouxinol sobre o galho mais seco da ameixeira, procurou outra folha em branco e como não encontrou usou o verso mesmo. Mas antes de voltar a desenhar enxugou o suor das mãos num paninho doado por Evie.

O dia estava quente demais, até mesmo para os padrões do verão. Nem assim Jay abriu mão do seu colete de couro ou dos coturnos. Carlos, por outro lado, usava uma camisa – meio branca, meio preta – e uma bermuda vermelha. Evie escolhera um conjunto de blusa e saia – aquilo devia ter um nome, mas Mal nunca se preocupara em recordar – até discretos, brincando com o branco e escurecendo para um azul profundo perto da barra da saia; tudo isso para dar destaque aos seus lábios muito azuis. Mal amara a produção.

Mal se espreguiçou atraindo a atenção da Fada Madrinha. Ela olhava-a de forma alarmada desde que a menina aparecera na porta para assistir a aula; não falara nada, nenhuma das duas. A jovem julgava que fosse sua aparência.

A menina em questão estava vestida com uma regata cavada. Nada mais. A blusa servia como um vestido – bem curto por sinal – e revelava para qualquer bom observador que ela não usava um sutiã.

Foi inevitável voltar a manhã no quarto.

-Sem sutiã? – perguntou Evie com um sorriso safado, observando a regata branca.

-Um calor desses, acha que vou colocar esse troço? – Mal jogou a menor peça longe. De qualquer forma amava aquela regata com diversas armas listadas desordenadamente na altura dos seios. Entre elas se encontrava a arma preferida de Evie, uma arte que Mal adorava: "sedução" e "manipulação".

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