Nesta Noite O Amor Chegou

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Nesta Noite O Amor Chegou - O Rei Leão

Assim que os quatro pares retornaram cheios de lenha, a programação do colégio entrou em vigor. Competições de natação no rio calminho ali perto, corridas, testes no solo, reconhecimento de raízes e folhas, utilização correta de mapas, etc. Ao meio dia, alunos e professores pescaram, recolheram algumas frutinhas para acrescentar ao almoço enlatado que o colégio havia fornecido. Tudo no sol, sem sombras para que conseguissem se esconder. No meio da tarde, nos períodos mais fortes do sol, como já era esperado por ela, apesar de relutar muito para se permitir chegar a esse ponto, Mal não aguentou mais: suas pernas não sustentaram mais o seu corpo.

-Mal! – Ben foi o primeiro a notar, o que conseguira aproximar-se rápido o suficiente para não permitir que ela atingisse o chão com força. O corpo da menina estava completamente a mercê da gravidade, então Ben deixou-a sobre os joelhos, sempre a apoiando com o próprio corpo, dando tempo para ver se a menina conseguiria reagir e voltar a ficar de pé. O príncipe tinha plena certeza de que ela detestaria ser amparada... Dois segundos depois, Ben percebeu que ela não reclamaria: estava pálida, suando frio... o boné havia rolado para longe dela.

-O que está acontecendo? – aproximava-se a diretora assim que um aglomerado de gente começou a se fechar, desligando-se da atividade proposta, fosse ela qual fosse, rodeando a menina, perguntando o que aconteceu, mais curiosos do que propriamente dispostos a ajudar a moça – Por deus! O que aconteceu com ela?

-Ela está em vias de um desmaio, diretora – afirmou o príncipe – O calor não faz bem a ela; precisamos tirá-la dessa luz – disse com autoridade já levantando o corpo mole de Mal; ela sequer tinha forças para reclamar ou mesmo se segurar nele.

-Muito bem – disse a mulher tentando se recuperar do choque – Abram caminho, por favor, afastem-se. Uma colega passou mal, por favor, afastem-se...

Audrey não manifestou emoção alguma ao ver seu namorado socorrer aquela nojenta de cabelo colorido. Não é possível! Mal sabe até a hora certa de desmaiar! Chad olhava fixamente para as costas de filha de Aurora, esperava que ela lhe dirigisse o olhar, que percebesse que ele falara a verdade sobre o caráter do perfeitinho príncipe Ben.

Benjamin deixou-a sobre um colchonete, na barraca que a Fada Madrinha havia indicado, mas não fez qualquer movimento que indicasse que sairia dali. Ao contrário, umedeceu um tecido macio e afastou os cabelos de Mal para refrescá-la enquanto ele limpava o suor.

-O que exatamente aconteceu? – a pergunta feio da diretora, mas não foi o príncipe quem respondeu.

-O sol, a claridade... Isso faz mal para ela – respondeu Carlos quase assustando Ben. Quando ele aparecera ali? Ficara assim tão distraído com a imagem frágil de Mal?

-Faz mal? Mas como...

-Ela não aguenta ficar muito tempo nessas condições – disse Evie; a voz dela estava bem mais próximo do que a de Carlos. Ben notou-a ao seu lado e percebeu Carlos e Jay de guarda do lado de fora da barraca; Fada Madrinha estava do outro lado de Mal, checando o pulso da menina.

-Isso me parece bem incomum – murmurou a mulher – Isso acontece com frequência?

-Não acontecia muito na Ilha – continuou Evie – Não temos tanta claridade, o sol quase não atinge a maioria das ruas, e os lugares mais iluminados são os portos... Nós não ficamos perto do mar – disse com tanta firmeza que não admitia perguntas quanto a proximidade/distância com os portos.

Benjamin Florian sentiu o peito apertar como sempre acontecia quando ouvia os relatos sobre a vida na Ilha. Chegava a ser quase desumano tudo o que aqueles quatro já haviam vivido, condenados por crimes que não cometeram, forçados a cometer crimes para sobreviver. "Eu não estaria viva hoje se eu não tivesse abaixado a cabeça para a grande maioria das coisas que ela diz e faz" a voz de Mal voltou aos ouvidos dele, numa clara afirmação de que ela fora obrigada a concordar com crueldades que talvez não condissessem com seu caráter. Cresceram sem a menor oportunidade, sem chances de serem completamente eles mesmos.

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