Um Toque de Magia

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Um Toque de Magia - Cinderela

Lonnie socava o saco de pancadas com força, descontando toda a sua raiva.

Outra vez fora tratada como uma menininha. Outra vez fora tratada como uma criança indefesa. Mais uma vez ele esquecera quem ela era, de quem descendia e que, mesmo sendo uma jovem adolescente, tinha gosto, opinião, interesse...

Lonnie sentiu quando outra pessoa surgiu segurando o saco, deixando-o mais pesado para que ela testasse ainda mais sua força. Porque eu sei que você aguenta. Jay. Ela não parou nem para olhá-lo, para confirmar suas suspeitas, continuou acabando com suas mãos.

-Se socar mais forte... – ele disse quase em um tom de deboche, se divertindo vendo-a se acabar com aquele esforço.

-... Vou ficar mais calma – completou a frase parando momentaneamente.

Seus olhos nos dele, os dele nos seus.

-Mexa mais os pés – disse instruindo-a a melhores movimentos de boxe; o tom neutro, sem pegadinhas. Como se percebesse que aquilo era importante.

Ela seguiu a dica descontando toda a sua fúria naquele processo. Jay continuou calado, segurando o grande saco de bancada até muitos minutos se passassem e ela se cansasse. Lonnie se deixou cair no chão da sala de aquecimento, uma das muitas alas e divisões da seção de esportes do colégio. Jay se sentou ao lado dela tentando não olhar para aquele corpo suado vestido com peças de ginástica: top e calça legging.

Jay não perguntou nada, ela começou a falar sozinha:

-Meu pai não me enxerga – disse com a voz inexpressível.

-Você é invisível? – ele deu uma risadinha debochada – Só tentando aliviar o clima – disse fazendo-a esboçar um sorriso.

-Não entende que eu não sou tradicional. Para ele só minha mãe gosta de esportes e luta, sabe? O restante das meninas gosta de flores, cor-de-rosa, e lacinhos.

-Ele conhece a princesa Merida?

-Para ele aquilo é só uma forma de pirraça – ela balançou a cabeça e começou a soltar as faixas dos dedos – Quando eu era pequena ele costumava me levar no treino do exército – disse sorrindo feliz com a lembrança – Hoje ele não me deixa chegar perto.

-O que aconteceu para ele mudar tanto assim?

-Eu mudei – Jay olhou para ela sem entender – Eu menstruei, tenho cólica, ganhei umas curvas sutis – disse com um sorriso carregado de humor negro; suas curvas eram delicadas, pouco chamativas; não era como o corpo escultural de Mal ou a magreza ideal de Evie, nunca teria os seios de Audrey ou mesmo as coxas de Jane – Agora ele tem filha mulher – Lonnie fechou os olhos odiando as palavras que saíam da sua boca – Eu não sou a minha mãe, mas eu também não sou essa bonequinha de porcelana que ele espera.

-Algo entre os dois? – sorriu.

-É...

-E essa explosão de raiva momentânea?

-Ele não gostou da ideia de a festa levar a noite toda – ela bufou, nervosa. Ela havia conversado com a mãe no telefone explicando que o fim de semana não seria passado em casa. O pai apareceu e começou a discutir com ela no celular.

Jay sentiu algo esquisito dentro de si.

-Mas você ainda vai, não é?

-Vou porque minha mãe interferiu.

Os dois estavam sorrindo um para o outro, felizes com a confirmação de que ela iria estar na festa. Ao mesmo tempo, os dois se puxaram travando um beijo loucamente forte, sem tempo para delicadezas: as línguas travando uma longa batalha na disputa pelo controle. As mãos passeavam pelos corpos quentes e... Igualmente bruscos, separaram-se.

SeduzentesOnde histórias criam vida. Descubra agora