Enlouquecido

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Enlouquecido - 101 Dálmatas

Segunda-feira de manhã os quatro se encontraram nos portões do colégio; os que chegaram primeiro esperando os que faltavam até estarem os quatro frente a frente. Sorriram um para o outro e sem palavras seguiram para o refeitório. Parecia tudo perfeito; tudo se encaminhava para a normalidade de ser os quatro reunidos com uma boa comida revelando seus feitos incríveis durante o fim de semana. Sexta e sábado sendo os dias mais agitados já que domingo chovera o dia inteiro e naquela segunda de manhã ameaçava chover um pouco mais.

Mas o caos evocado não tinha limites e os atacavam também interrompendo o menor dos planos e afastando-os em favor de uma situação de importância maior.

Chad Charming apareceu como um demônio saído do inferno, rodeando possessivamente a cintura de sua namorada perfeita, roubando-lhe um selinho e nada discreto – aos olhos dos outros três, é claro – puxava a princesa para longe dos amigos dizendo em palavras bem ensaiadas o quanto a moça fizera falta no fim de semana.

-Continuem andando – Mal disse num tom baixo, mandando que os dois rapazes ignorassem a situação. Jay já estava com o rosto e os punhos fechados; Carlos igualmente com a postura de mau. Era terrível ver como Evie cedia a uma situação em que claramente não estava confortável.

No outro lado do refeitório, Jane e Klaus se sentavam cheios de gentileza e bochechas delicadamente coradas. A menina ignorara a presença de Carlos desde a manhã quando acordaram lado a lado no mesmo colchão na sala de estar, depois de passarem o dia inteiro maratonando séries e comendo doces e pipocas; os dois num colchão no chão e a Fada Madrinha no sofá. Um programa absurdamente tranquilo e que fora surpreendentemente divertido. Contudo, ter acordado praticamente apoiada no ombro do rapaz a deixara estranha daquele jeito; De Vil também se sentira esquisito ao acordar tão pertinho da menina.

Estranho, estranho, estranho. Por que se sentia tão estranho? Encheu sua bandeja de comida sem sequer olhar o que colocava sobre a superfície de plástico.

-Hey, Mal – saudou Lonnie aproximando-se do trio com um sorriso animado e muita energia emanando de seu corpinho; Mal sentiu-se invejosa daquela animação toda, sentia seu corpo cansado como se não dormisse direito, o que não tinha como ser verdade: ela sabia que havia dormido bem no sofá de seu professor – Rapazes – cumprimentou os dois com alguma malícia nada escondida – A galera do último ano está com umas conversas super desconstruídas e estão muito afim da sua opinião. Temos alguns assuntos super polêmicos para conversar. Quer se juntar a nós? A mesa já está bem cheia, mas sempre cabe mais um – completou mais especificamente para os dois meninos.

-Perfeito – murmurou Mal encantada com a forma como Lonnie lidava bem com o diferente, como queria entender e não tinha medo em fazer parte; por isso mesmo as manipulações com a chinesa sempre foram tão mais sutis, tão somente conversas diferenciadas sobre assuntos proibidos naquele país tão conservador – A manhã não poderia começar melhor. Até depois – Mal despediu-se dos garotos, vendo-os não muito adeptos a seguir com ela. Carlos vendo que naquela manhã seria cada um por si seguiu até a mesa onde estava o nerd Doug; pelo menos poderiam conversar sobre sistemas e softwares avançados para distraí-lo de olhar para mesas ao lado.

Jay ficou estagnado no mesmo lugar. Seus olhos castanhos seguiam olhando para a amiga e para Lonnie; as duas tinham andares tão diferentes e mesmo assim conseguiam ser muito sensuais; legging caía tão perfeitamente na garota oriental... Colocou um pêssego sobre a bandeja e parou mais uma vez. Dessa vez era outra garota quem dominava seus olhos. Tão linda, como sempre. Audrey chegou com a postura altiva e um brilho lindo nos olhos. Vestida predominantemente em cinza: a blusa de tricô numa lã grossinha, junto a meia-calça lisa sem qualquer textura expressiva. A saia era o ponto de cor; curtinha e rodada num azul bonito, nem claro, nem escuro. A menina também não vinha de salto, mas de sapatilhas lustrosas num cinza belo e com uma pedraria combinando em perfeita sintonia com as pedras de sua tiara. Seu cabelo, mais uma vez vinha liso, sem ondas. Não percebeu que não foi o único a notá-la; não percebeu olhares mais intensos do que o necessário sobre a menina.

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