Reparando Vazamentos

131 9 3
                                    

Reparando Vazamentos - Tinker Bell e o Resgate da Fada

Mal ficou a noite, madrugada e manhã na mesma posição. De joelhos no chão da cozinha, a concentração firme na cúpula que ela mesma criara. Sua mente não oscilou, não afrouxou o controle da magia até que a chuva diminuísse a gotinhas delicadas e inofensivas.

Mesmo conseguindo proteger o colégio, ficaram naquele mesmo lugar, quase todos congelados nas mesmas posições.

Não percebeu quando os demais começaram a se movimentar pela cozinha e fora dela, livre depois que ela retornara com Carlos. Não percebeu que alguém buscara toalhas tempos depois, não percebeu que a passavam por seu cabelo e ombros. Não percebeu que o mesmo acontecia com Carlos e o cachorro. Não percebeu que Jay e Evie revezaram de seu tempo para cochilar, vigiando De Vil e a líder; não percebeu que os adultos também alternavam os períodos de cochilo e vigília.

Em algum momento em seu estado de meditação Mal conseguiu levar a si mesma aos sonhos de Benjamin. Levou muito tempo, o que inconscientemente deixou em seu cérebro a informação de que ele demorara muito a dormir. Ela entrara no sonho do namorado com apenas uma finalidade: acalmá-lo. Estamos bem. Não é um sonho, menino-fera. Estamos todos bem. Não se preocupe. O olhar de alívio dele foi a última coisa que registrou antes de deixá-lo se desvanecendo nos sonhos dele após um afago sutil e voltando ao seu estado de meditação.

Assim que quebrou o encanto sob o colégio – devagar e aos poucos, como se a redoma mágica dissolvesse no ar – fez o possível para não despencar de cara no chão; um esforço grande para fazer seu corpo não tremer em fraqueza, para não deixar sua respiração tão densa e irregular.

Estava esgotada.

Não como n'A Queda. A sensação era muitíssimo diferente.

Apenas exausta.

Não se recordava de como havia ido parar no dormitório, nem do banho quente. Lembrava-se apenas do calor, da maciez do pijama e do conforto de uma bebida doce.

Todos tomaram um banho quente e vestiram roupas secas, em seguida com xícaras de um cremoso chocolate-quente os quatro acalmaram-se antes de dormirem de verdade (não cochilos). Fácil e rápido por darem a sorte dos colchões e cobertas não terem molhado com as janelas forçadamente abertas. Os adultos, seguindo do mesmo processo (banho, roupas e chocolate) assim que garantiram a segurança dos adolescentes.

Pela tarde, assim que acordaram, antes de verem o estrago, retornaram à cozinha para uma refeição pesada na qual todos os oito auxiliaram; se não fazendo, limpando. Em seguida, sem precisarem de muitas palavras, se organizaram para reparar pelo menos o mínimo.

Parte do muro havia caído e uma torre perdera tijolos apesar de ainda aparentar estar firme. Mas eram as janelas que pareciam mais danificadas na estrutura. Havia muito vidro no chão e gramado em um dos lados do colégio; outras estavam no lugar, porém trincadas. Isso para não se falar de como água havia entrado em cômodos que não deveria. Jay, Mal e dois dos responsáveis passaram recolhendo os entulhos como podiam, antes de pegarem nos rodos para começarem a secar os corredores.

Serviços esses que Mal acreditava conseguir executar facilmente com magia se tivesse energia suficiente. Não era o caso e não arriscaria fazer mais.

O encanamento não parecia danificado, mas a eletricidade sim. Carlos e um dos adultos passaram três horas mexendo na fiação até conseguirem concertar o problema, exatamente no crepúsculo, sendo o menino o real responsável pelo concerto. As luzes se acendendo e sem nenhuma oscilação foram motivo de comemoração e do início do jantar preparado por Evie junto a uma das funcionárias.

SeduzentesOnde histórias criam vida. Descubra agora