Capítulo 1: "Meu Primeiro dia" - Parte 1

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Capitulo UM:  "O Meu primeiro Dia." 

Eu estava olhando pela janela do trem, certa de que, a minha vida finalmente iria começar. De repente, de alguma forma, eu sabia que, todo o esforço finalmente valeu a pena. A minha história, não se inicia no vagão desse trem, ela se inicia um pouco antes disso...

SEIS ANOS ANTES:

Meu despertador tocou, era 6:00 da manhã, meu cabelo estava uma bagunça, minha cara amassada, e para variar, eu estava bem adiantada. Era mais um dia de escola, eu estava ansiosa para iniciar o 6º ano, para todo o estudante, era uma fase importante, um ano importante. Eu desde sempre fui uma garota sonhadora, me lembro de ser uma artista, modelo, eu amava moda. Sempre fiz questão de comprar roupas que eu achava bonita, e aquilo era a minha maior paixão, mesmo muito pequena. Meu cabelo crespo, e a minha cor negra, me fazia me sentir diferente, mas, o que mais prestavam a atenção, era no meu corpo. Eu era uma garota gorda. E pelo visto, as pessoas preferiam prestar mais atenção nisso, do que o meu estilo de roupas, ou, a minha forma de estar presentes todos os dias na escola. Meu pai, era um professor de química, minha mãe, uma bancária. E era assim que a gente sustentava a vida, de maneira simples, mas, de uma forma onde não passávamos dificuldades financeiras. Levantei como de costume, tomei um banho morno, e preparei para descer em busca de tomar um cafe da manhã caprichado, afinal, era primeiro dia de aula e eu tinha que estar bem e alimentada.

Logo após do banho, arrumei o meu cabelo em dois coques no topo da cabeça, e vesti o novo uniforme escolar. Os alunos do 6º ano, eram transferidos para uma nova escola, uma escola de pessoas mais velhas e bem mais descoladas, e para mim, era importante manter a classe e a boa impressão. O relógio deu 6:30 quando eu desci as escadas, meu pai estava sentado no canto da mesa, e minha mãe, acabara de sentar quando eu apareci na porta:

— Bom dia querida. — disse meu pai abrindo os braços como toda a manhã.  

—Bom dia, minha querida. — disse minha mãe sorrindo gentilmente.  

—Bom dia mãe, bom dia Pai. — disse abraçando o meu pai e beijando a minha mãe logo em seguida. 

— Primeiro dia de escola nova, não é? como está se sentindo? — perguntou meu pai animado. 

— Feliz, mas, nervosa. — disse confessando e abaixando os olhos.  

Meu pai, delicadamente ergueu o meu queixo e disse:

— Ei, é normal se sentir assim. Nova escola, novos alunos, novos professores. Logo, logo vai se acostumar. — Confortou ele me olhando com gentileza. 

—Será? — perguntei olhando para a minha torrada.  

— O que te preocupa minha querida? — perguntou minha mãe carinhosamente.  

— Eu não sei. Eu só estou nervosa mãe, com medo. — disse abaixando a cabeça novamente. 

—Ei querida, é normal se sentir assim. Será um dia maravilhoso, você vai ver. Logo, logo terá amigos e amigas e isso tudo vai passar. Agora, coma, o ônibus logo vai chegar. — disse minha mãe sorrindo e o meu pai serviu o leite com cereais na minha tigela preferida. 

Assim que acabamos o café, eu olhei no relógio, era 6:40. Hora de esperar o ônibus no ponto, sorte minha que, o ônibus parava quase em frente a minha casa. Peguei a mochila, ajustei os sapatos e então, sai para o ponto de ônibus. Não demorou nenhum minuto, o ônibus chegou, e já estava lotado. Eu tive vontade de correr, de gritar, subi nos primeiros degraus do ônibus já com uma dificuldade, era difícil subir naqueles degraus tão altos e apertados, não cabia o meu corpo totalmente. E quando finalmente consegui subir o motorista sorriu e disse:

— Olá seja bem vinda, como você se chama? — perguntou ele sendo bastante gentil. 

Eu hesitei ao responder, eu estava tão deslocada.

As crianças que estavam conversando, ou agitadas, se calaram e se aquietaram, todas olharam para mim com atenção, aquilo revirou o meu estomago e então, eu engolindo a seco, respondi:

   — Cassie Marry Reese. — disse baixinho. 

— Cassie?! — perguntou o motorista me olhando surpreso.

  — Isso. Cassie. —Respondi secamente. 

—Muito bem Cassie, seja muito bem vinda a bordo. Escolha o seu lugar definitivo. — disse ele sorrindo e eu sorri de volta. 

Ao caminhar pelo corredor do ônibus, eu tive vontade de chorar. Os alunos claramente me olhavam com um olhar interessante, pareciam estar atentos sobre mim. Aquilo me deixou intrigada, eu nunca havia passado por aquilo na vida.

Caminhei até o fundo do ônibus, no lugar do meio, pelo visto, era o único lugar onde eu iria conseguir sentar, era um banco duplo. As crianças ao meu redor, se escolheram como se fossem bichinhos, e as que estavam no meu lado, levantaram e se sentaram nos bancos da frente. liguei o meu mp3 em uma música pop, e então, o ônibus deu uma avançada, e foi caminhando em direção a escola.   Eu senti fui assim, do jeito que eu sou. E nunca tive problema com isso, afinal, não tem como mudar quem eu sou, não é? todos vão gostar de mim nesse 6º ano. Eu tenho a total certeza, ninguém jamais faria algo prejudicial a mim. Somos todos iguais. Ao som da minha música, fui olhando as paisagens mudando de cena, e torcendo que esse dia fosse bom. O ônibus chegou na escola, desci e fui em direção ao portão, ali havia inúmeras crianças em cima de uma lista pequena. Assim que eu cheguei, todos abriram um espaço, e me olharam atentamente. Eu prendi a minha respiração, e fui em direção a lista, assim que eu a vi, eu vi a numeração da minha classe, e fui em direção o meu armário. Era o penúltimo armário do corredor, coloquei a senha, e então, deixei os livros mais pesados e só levei o caderno e o estojo. Subi as escadas em busca da minha mais nova sala, meu coração estava batendo forte, e eu estava suando, aqui era tudo tão novo. Demorou algum tempo até conseguir encontrar a minha sala, e assim que eu cheguei, havia alguns alunos já presentes. Eles automaticamente, abriram, espaço para eu passar, e eu sentei na minha carteira, ouvi um deles cochichando:  

"Nossa, esse material do piso é bom, não teve uma cratera no chão quando ela chegou." — E risadas debochadas.  

Eu os ignorei, eles continuaram a sorrir e a olhar para mim com um olhar debochado.

O professor logo chegou e todos se sentaram, o sinal tocou e eu agradeci por não poder ouvir mais nenhum daqueles comentários, afinal, é 6º ano, e todos brincam uns com os outros não é mesmo?

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