Capítulo 19: "Última Vez"

13 1 0
                                    

Os dias se passaram rapidamente, como um carro em alta velocidade, eu confesso que perdera o total controle dos acontecimentos. A peça tinha ficado linda, eu havia gravado tudo para Cassie assistir depois, e quando acabou corri em direção ao vestiário onde, eu iria participar com campeonato de Lacrosse no dia seguinte, treinei até o zelador insistir que eu tinha que ir embora, e apressado, corri em direção ao trabalho.

Assim que eu cheguei no trabalho, vi um aglomerado de pessoas em volta da televisão pequena e achando estranho, Daphne a garçonete, chegou em mim e disse:

—Você viu o que o seu pai está dizendo na tevê? — perguntou ela não me olhando nos olhos, só olhando para a frente.  

—Não, o que ele fez dessa vez? — perguntei suspirando.  

—Acho melhor você ouvir dele próprio. — disse ela pegando o controle da tevê e aumentando o volume.  

—Olá meus caros amigos, e familiares de Chesterville. É com muito pesar que vos dou uma péssima notícia. O nosso desfile fora um sucesso, porém, algumas mudanças precisam ser feitas. Afinal, a cidade precisa ser uma cidade limpa e organizada, houveram Fake News por todo o condado dizendo que entre nós há jovens talentosos, e vocês sabem que, jovens são apenas jovens e o seu lugar é estudando e não na tevê.
Por essa razão, será cortado todo o jovem que tem uma capacitação além de estudar, os cursos profissionalizantes serão cortados, afim de que, apesar o padrão seja aceito. É importante mantermos a calma e o equilíbrio. Lembrem-se: Todo o jovem tem espaço na nossa cidade, porém, terão quando estiverem formados e capacitados, no momento, foquem em estudar. Atenciosamente, Prefeito. “—disse ele e o jornal mudou a imagem, com a repórter comentando sobre.  

—É inacreditável! —exclamei colocando a mão na testa.  

Os murmúrios começaram a acontecer na lanchonete, alguns indignados, outros concordando com as atitudes do meu pai. Indignado, sai em direção a cozinha, troquei o meu uniforme e peguei a bandeja, nesse exato momento, todos se sentaram a mesa, e o meu turno de trabalho começou a acontecer. Eu não havia contado sobre quem eu era filho, logicamente causaria comentários negativos ou má circulação financeira da lanchonete, então, eu e o patrão combinamos isso, manteríamos em silêncio a minha origem. Foi então, que eu comecei a servir, mesa a mesa, e quando chegou o meu horário de almoço, Júlia me mandou uma mensagem e disse:

SMS:

Júlia:

—Eu vi o seu pai falando asneira na tevê, como você está com isso? 

Eu:

—Péssimo. Eu sei que ele fez isso por causa das notícias de Cassie.

Júlia:

—E como vai agir com relação a isso?   Eu:

—Acho que vou ter que entrar em mais uma briga com ele, você sabe exatamente como repercutiu as notícias de Cassie?

  Júlia:

—Cara ela ficou famosa! Todos estão comentando, quando ela sair vai ter muita gente no pé dela.  

Eu:  

—Então, deve ser por isso que o meu pai está furioso. Ele deve estar incomodado.  

Foi então, que eu desliguei o telefone, peguei um lanche e comece ia comer. Minha mãe me mandou uma mensagem, mas eu ignorei. Estava cansado daquilo tudo, do meu pai, da minha mãe sendo sempre quieta, e também, dessa cidade vazia. Foi então, que eu suspirei, e desliguei o telefone, e comecei a trabalhar. O turno acabou e eu sai apressado do trabalho em direção a minha casa, meu pai estava sentado no escritório, passei reto e ele pigarreou:

—Viu a tevê hoje? — perguntou ele com um ar de superioridade.

—Ah eu vi sim, a sua vergonha nacional foi ótima pai. O pessoal adorou, principalmente os jovens. — disse debochando e dei um passo para a frente. 

—Não fale comigo assim! —Exclamou o meu pai com fúria.

—Então, só me diga uma única coisa: Você falou aquilo por causa do sucesso de Cassie não foi? NÃO FOI? — Exclamei com um tom mais alto de voz.  

—Que palhaçada! &revirou o meu pai os olhos e disse: —Nem tudo é aquela garota! Até porque, ela não está em sucesso absoluto. Fiz para não haver interferências! —disse o meu pai retrucando.

Eu dei uma risada debochada, e disse:

_Pode mentir para a população, pode dizer que não é que não tem nada a ver. Mas, eu sei que tem. E eu vou te dizer uma única coisa: Quando Cassie seguir a sua carreira, e ficar famosa. O Senhor ainda vai procurá-la! — disse e sai batendo a porta com força.  

Fiquei no quarto fazendo trabalhos para a escola, até que recebi uma mensagem de Júlia dizendo para irmos no hospital ver Cassie, eu logo concordei de cara. Eu precisava mesmo mostrar o vídeo da peça, e sabia que Júlia iria querer participar desse momento.

Mandei mensagem para a minha mãe, dizendo que iria até o hospital ver Cassie, e sai pela porta e fui pedalando até lá.

Minha cidade é daquelas típicas cidades onde, todo o turista ama:

Cidade tranquila, com poucas movimentações e bons preços.
Os turistas amam pelo simples fato de não tem barulho, ou agitação e com isso, podem fazer o que bem quiserem, pois se acham os “Donos da Cidade”, e isso tudo era uma baita verdade, os turistas mandavam e desmandavam e o meu pai permitia visando o lucro. Era ridículo os pensamentos de meu pai, e talvez, algum dia na vida dele ele poderia se arrepender. Assim que eu cheguei no hospital, Júlia abriu um largo sorriso e me abraçou, entramos no quarto de Cassie, ela estava novamente desenhando e com aquele belo sorriso no rosto, ela parecia melhor do que antes, e quando olhei para o embrulho ao seu lado, eu fiquei supreso, ele estava descoberto. 

—Olá meu amor, vi que você descobriu o que era por trás do pano. —disse comentando e sorrindo. 

  Ela me deu um abraço e disse:

_Pois é, vocês não vão acreditar no que era. —disse sorrindo e ela me contou o que havia acontecido. 

—Puxa como esse doutor aí é bom né? —Comentou Júlia assim que Cassie terminou o seu relato.

—Nem me fale, e eu nem quis vomitar. A minha bulimia está controlada, a doutora está me regrando na alimentação. —disse ela sorrindo e o meu coração se encheu de alegria.

  —Ficamos muito felizes por você meu amor. — comentei e ela sorriu.

  _E vocês? A escola? como vão? — perguntou ela curiosa.

&Então, viemos aqui trazer para você o vídeo da peça, como prometido: — disse mostrando o celular, e ela trêmula, pegou o celular e deu o play no vídeo. Cassie chorou feito uma criança, elogiou cada atuação, cada figurino, e cada frase, elogiou Júlia também e Júlia se emocionou, secando as lágrimas e agradecendo. 

Assim que o vídeo terminou, Júlia fez a pergunta que nós dois estávamos ansiosos para fazer:

   —Então, Cass. Quando vai se livrar disso aqui tudo? —perguntou ela ainda emocionada.

Além das Aparências - Veja além das suas AparênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora