Capítulo 17: "Emprego e Visita"

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Entramos no hospital, demos os nossos nomes, e a enfermeira nos conduziu até o quarto de Cassie que ficava no segundo andar, assim que a enfermeira bateu na porta, o meu coração se acelerou, deu um pulo enorme de ansiedade e alegria. E quando eu a vi, sorrindo para mim foi como se o mundo todo parasse de se movimentar, era como se, o relógio propositalmente parara de contar as horas e os minutos, e quando vi o seu sorriso iluminado para mim, eu só pude perceber a quantidade de saudades que eu sentia por Cassie.  

—Rapazes! —exclamou ela sorrindo docemente: — Vocês vieram, Céus, que saudades de vocês! — exclamou Cassie abrindo os braços.

   Júlia correu em direção aos braços da amiga, e logo depois, eu dei um beijo na testa dela, um abraço e um beijo na boca bem longo. A primeira impressão que deu quando vi Cassie, era que ela estava bem, mas depois de alguns minutos observando a suas expressões, eu percebi o quão magra Cassie estava, não de um jeito saudável, mas de um jeito assustador.

Cassie se virou para mim e estendeu as mãos para mim, e eu as segurei e beijei o dorso dela e disse:

—Estávamos com tantas saudades. — disse e ela sorrindo, disse:

—E eu estava morrendo de saudades de vocês. Passei por cinco dias dormindo direto, e agora que eu acordei, não quero saber de dormir tão cedo. —Confessou ela sorrindo. 

  —Amiga, você perdeu tanta coisa! Estamos ansiosos para te contar, principalmente, lá na escola! — exclamou Júlia, e Cassie então, disse:

—Pois bem, me conte! — exclamou ela sorrindo, dava para ver que Cassie estava com saudades de nós, os seus olhos estavam fixados em Júlia e em tudo que Júlia contava, Cassie fazia expressões de perplexidade.

—E então, Louis virou o capitão do time! —exclamou Júlia me olhando e Cassie colocou a mão na boca e disse:

—Mentira! Amor você conseguiu! — exclamou ela sorrindo para mim e eu sentei ao seu lado.  

Depois de alguns tempos contando a Cassie como fora a minha graduação como capitão, eu percebi que não pareci 5 dias que Cassie estivera fora, e sim, um mês porque os acontecimentos eram enormes e ela parecia estar diferente.  

—Você me parece diferente. — disse comentando. 

  —Foi a medicação que a minha terapeuta me deu, ele me faz ficar mais alegre. — disse ela sorrindo.

—Bendito seja esse remédio. — comentou Júlia sorrindo e Cassie riu de volta. 

  —E o teatro? A peça? como está indo? — perguntou Cassie a nós dois. 

  —Bom, eu tive que cuidar de tudo e confesso que te acho uma heroína, estamos na reta final, gostaríamos que você estivesse lá sabe? Afinal de contas, você é a alma daquela peça toda. E todos estão com saudades de você. —Confessou Júlia. 

  —Eu adoraria. Mas, minha terapia começou ontem, e eu não serei liberada tão cedo. A Bulimia afetou alguns órgãos do meu corpo, tipo, deixou mais fraco meu sistema, e qualquer vento ou substancia posso contrair alguma doença indesejada. Enquanto os exames não foram feitos e o meu sistema voltar ao normal, não posso sair daqui tão cedo. —disse Cassie suspirando pesadamente, era nítido que, uma parte dela, queria ir embora.  

—Cass, eu sinto muito pelo lance da Bulimia, não ter contado foi vacilo nosso. — comentei suspirando, era um assunto delicado, mas eu precisava tocar no assunto.  

—Tudo bem Amor, na verdade, eu agradeço por não terem me contado. Se tivessem, eu teria surtado e negado até o último dia da minha vida. Eu estava em estágio de negação, e daqui para frente, vai ser uma terapia muito cansativa para superar tudo isso. Principalmente, em questão do mundo lá fora, não ficarei aqui no hospital pra sempre por exemplo. E é com urgência que a terapeuta me indicou lidar com a minha ansiedade. E eu fiz amigas bem legais, as enfermeiras, confeccionei vários vestidos diferentes para elas, e estou pensando em sugerir até mesmo um desfile para as crianças com Câncer. — disse Cassie sorrindo radiante. 

—Podemos participar? —Perguntou Júlia animada.  

—Sinto muito, mas, é só para os pacientes do hospital. — disse Cassie e Júlia fez um beicinho: — E você Louis? Não tem novidade para me contar? —Perguntou ela me olhando com mais atenção, senti o peso dos seus olhos e então, disse:

—Bom, briguei com o meu pai na noite antes de você passar mal. E tem uma semana que ele não fala comigo, o que é um alivio. Porém, contudo, ele arranjou um emprego de garçom lá na lanchonete “Maddison”, e começo amanhã. — disse suspirando.

—Ué, mas, porque? —perguntou Cassie confusa.  —Disse que era hora de mim começar a minha vida sozinho, estava muito grandinho para ficar “mamando” nas tetas do prefeito. —Disse suspirando.  

—Eu sinto muito, Louis. Mas, pensa assim: Trabalhar é maneiro, e pode até se emancipar se sua mãe concordar. E se ela concordar, pode até mesmo sair daqui, desse ovinho de terra. — disse Cassie e Júlia concordou.

—Louis e eu estávamos conversando sobre isso recentemente sabe? — Comentou Júlia: — Pensei em concluir o ensino médio com uma prova avaliativa, assim, posso ir trabalhar e pôr em prática a minha emancipação. Já que, os meus pais vão se divorciar. — disse ela suspirando. 

  —Seus pais vão mesmo se divorciar? —Perguntou Cassie falando em voz baixa.  

—Bom, estava obvio né Cass? todos nós sabíamos. Eu só queria que houvesse uma chance de tudo mudar, de sei lá, isso não acontecer. Mas, não é o caso né? acho melhor assim. E vu até e candidatar para trabalhar em meio período pra ganhar um trocado e ir exercer a minha licença. — Confessou Júlia, e Cassie assentiu.  

A enfermeira então, bateu na porta, informando que as horas de visitas eram curtas, e que, nesse caso nós teríamos que ir embora, suspirei e Júlia ficou emocionada. Cassie sorriu para nós dois, e eu deu m beijo na boca dela, um pouco mais demorado, o tempo era muito curto, e eu realmente estava com muitas saudades dela. Certamente, viria mais vezes visitá-la, pelo menos, era o meu desejo, e nem precisava ter Júlia por perto, acho que era justo termos os nossos momentos juntos.

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