Capítulo 20: "Nova Fase"

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Quando a mãe de Louis apareceu no hospital, eu sabia que algo estava errado, ele jamais deixaria um dia sem vir e mandaria a sua mãe. A Sra. Laura sentou-se ao meu lado e segurou a minha mão, e deixou uma carta pedindo que eu somente lesse quando ela fosse embora. Com as lágrimas nos olhos, eu não sabia o que ela queria dizer e porque estava chorando tanto. Mas, imaginava que seria algo que iria destroçar o meu coração. Quando somos jovens e amamos, sentimos tudo em uma intensidade imensa, e quando a Sra.

Laura saiu pela porta do meu quarto naquele hospital, eu abri a carta com as mãos trêmulas, e já querendo chorar. Minha mãe entrara no quarto naquele dia, era o dia dela de me visitar, e quando eu abri a carta, nas primeiras linhas eu já pude ver que Louis havia partido. Li e reli a carta umas 15 vezes, incrédula e com muita raiva. Chorei nos braços da minha mãe por longos dias, e a tristeza só aumentou quando Júlia foi me visitar, era uma manhã de domingo, e ambas choramos até os olhos incharem. Eu estava tão fraca e tão cansada, meu coração fora partido, eu havia perdido Louis, e não conseguira perdoar o seu pai por ter feito aquilo com ele. 

Os meus dias no hospital se passaram lentamente, na minha mente foi difícil ficar bem e procurar me recuperar, e a minha Bulimia ficou mais atacada, mesmo tomando remédio:

—Você precisa segurar firme minha querida. — disse o Doutor Auto Estima, ( sim o nome clinico dele era esse)

  —Porque?! —Disse trêmula vomitando no balde —O mais tenho era Louis, eu o amo. — disse com os olhos cheios de lágrimas, e tornei a vomitar. 

Os dias se passaram, e acabei resistindo, foi uma fase dolorosa, uma fase difícil, e apesar do meu coração partido, eu precisava ser forte para me libertar do hospital. E depois da crise do choro e da Bulimia e depressão ficarem mais fortes, eu finalmente retornei ao meu equilíbrio, e os remédios puderam fazer mais efeito.

O doutro chegou na minha sala sorridente como sempre, ia fazer 1 mês de internação, um mês que Louis se fora, um mês de coração partido, e apesar de estar triste e sentir a falta dele, era hora de me libertar do hospital:

—Como vai a minha paciente mais forte? — perguntou o doutor sorrindo pela manhã de Terça-feira. 

—Melhor. —disse sorrindo levemente.  

—Muito bem, que bom hein?! Tenho uma boa notícia para a Senhorita. — disse ele sorrindo.

—E o que é? Vai começar a servir hamburguer aqui no hospital? — Sugeri e ele deu uma risada intensa.

—Jamais! — exclamou ele e eu fiz careta de desgosto. 

—Então, o que é? — perguntei confusa.  

—Sua alta mocinha, está aprovada para ir para o aconchego do lar. — disse ele e eu mal acreditei, depois de tanto tempo no hospital, eu nem sabia como era se viver no mundo lá fora. 

—É sério?! — disse surpresa e alegre.

  —O que é sério? — perguntou minha mãe sorrindo.

   —Eu vou poder ir para casa mãe! — comentei e ela vibrou me dando um abraço apertado. 

—Vai levar a sua dieta, e semanalmente fará terapias no consultório da doutora, não se livrará dela. Levará os medicamentos e mãe, faça ela tomar todos! — disse ordenando o médico: —E de resto, dormirá na sua casa. — disse e eu sorri abertamente. 

Assim que sai do hospital e senti a brisa fria do início de inverno, minha mãe sorriu para mim e disse:

—Aposto que está ansiosa para ver Júlia. —disse ela e eu concordei com a cabeça.  

Pegamos um táxi e fomos em direção a nossa casa, e de repente, eu me senti uma visita distante entrando no meu quarto, e vendo o meu armário. Minha mãe havia colocado de volta o espelho, eu sorri ao meu o meu corpo do tamanho que sempre foi, porque, esta era eu e não tinha como mudar. Olhei na parede, e vi uma foto minha e de Louis e Júlia abraçados no dia do desfile, e sorri ao ver que Louis não era uma miragem ou sonho de adolescente.

Peguei pela primeira vez o meu celular depois de um mês internada, e rolando as mensagens de texto, me deparei uma de Louis:

SMS: 

Louis:

   —You are amazing, Just the way you are.”

Sorri ao ver a sua mensagem, pensei em responder, mas me contive. Peguei o notebook e digitei a letra da música, era “Just the way you are — Bruno Mars” sorri ao ver a tradução e a melodia.

Além das mensagens de Louis, haviam mais e mais de alguns colegas de classe e até mesmo da professora de teatro. E só parei de ver, quando houve uma batida na porta do meu quarto, Júlia entrou e com um sorriso enorme, se jogou por cima de mim.

—Os professores pediram que eu te entregasse as provas finais, toma a bomba é sua. —disse ela sorrindo.

  —E como está tudo por lá? — perguntei curiosa.  

—Vazia sem você e o Louis, mas, tudo numa boa. Quando vai retornar? —Perguntou ela me olhando com atenção.

  —Tenho a menor ideia, acabei de sair daquele lugar. Só quero descansar. —disse confessando. 

—Sente falta dele né? — perguntou Júlia me olhando e eu assenti

—Sinto, queria que ele estivesse aqui comigo. —disse confessando.

   —Eu também minha guerreira, eu também. — disse suspirando.  

Júlia passou as primeiras noites comigo para variar, ela havia me contado que os pais haviam assinado a papelada do divórcio no dia anterior da minha alta e ela havia sido testemunha. Os longos dias se passaram, e logo eu estava de volta na escola. Fui muito bem recebida por todos, e o grupo de apoio pediu a minha ajuda para falar sobre a Bulimia. Eu havia sido escolhida para fazer a próxima peça de teatro, e jurei de pé junto que não iria mais para o hospital, exceto pelas terapias e acompanhamentos, ainda tinha fantasmas da Bulimia, onde por vezes, me pegava pensando sobre como eu seria se estivesse magra.

Mas, afastava os pensamentos da mesma forma como afastamos franja que fica caindo nos nossos olhos, e com o tempo, me vi longe da Bulimia, eu havia vencido dela. Toda a minha luta havia sido lutado com base na minha força e determinação, e um dia jamais imaginei que eu estaria longe da Bulimia, é claro que, a guerra não estava totalmente vencida, até porque, ainda havia a depressão que assolava o meu pé.

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