Capítulo 26: "Reencontro"

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Ali olhando para o andamento da cidade nova, eu percebi a diferença de pessoas, todos eram diferentes, e não havia nenhuma pessoa igual a qualquer outra que caminhava na rua.

Foi então, que eu sorri ao ver a quantidade de pessoas ao meu redor e fui caminhando em direção de casa, quando, eu avistei uma cena engraçada, um homem vestido de mulher dançando em plena avenida. Achando interessante e engraçado, eu fui caminhando na direção dele, e quando cheguei ele disse:

—Boa noite Senhorita. — disse ela deu um beijo na minha bochecha e eu retribui com aceno com a cabeça.

—Boa noite, Senhorita. — disse sorrindo e eu disse: — O que faz esta hora da noite por aqui? — perguntei olhando para os lados.  

A mulher, sorriu e disse:

—Eu sou uma artista. E artistas se apresentam querida, veja só que noite maravilhosa em Nova York. Novas vidas estão surgindo, e antigos amores também. —disse ela piscando para mim. 

  Eu ergui a sobrancelha sem nem sequer compreender, do que ela estava falando?  

—Então, é uma bela noite mesmo. E você merece muito mais do que isso. — disse olhando para avenida.  

—Sabe querida, a vida é vai Além das Aparências, na rua, estamos apenas sendo uma forma para ganhar um trocado e sobreviver, mas, para a arte estamos sendo os verdadeiros protagonistas dessa novela mexicana. Quando estivermos nós duas no topo, nos lembraremos dessa avenida. — disse ela piscando novamente.  

Eu olhei intrigada para ela, como se, alguma forma ela soubesse sobre algo do futuro sobre mim. Ela vendo que meus pensamentos estavam aflorados, disse:

—Lembre-se de mim, e lembre-se dessa avenida. Ela um dia, será apenas memória. — disse ela descendo do caixote de madeira de feira, e desfilando sobre a calçada sem nem ao menos se despedir.

Nunca mais vi aquela mulher, mas também, nunca mais fui a mesma depois daquele dia.

Subi o elevador do meu prédio, e não conseguia dormir. Deitada, fiquei pensando no que ela me disse, e eu analisando tudo o que eu passei, tive um estralo de ideia. Peguei o caderno, e comecei a anotar, rabiscar, e então, tive uma brilhante ideia.

Com no notebook nas mãos, digitei:

“Empresas de fotografia em Nova York”, achei várias empresas, e a mais próxima com mais estrelas eu anotei o telefone, e liguei.

O telefone tocou várias vezes, mas ninguém obviamente atendeu.

Olhei no relógio e pensei:

“Putz, que burra! ninguém vai estar.”

—Alô? —disse uma voz por trás do telefone.  

—Ah, alô? —perguntei meia confusa, porque eu jurava que o telefone havia sido desligado. 

  —Quem gostaria? — disse uma voz masculina por trás do telefone.  

—Bom, aqui é Cassie, eu sou estilista e eu gostaria de saber, se vocês gostariam de fazer um agendamento para um novo projeto. —Disse meia tensa.  

—Oras só, então, Cassie. Nós vamos parcerias sim, que tal dar uma passadinha por aqui as 14:00 horas?! — Sugeriu a voz masculina com educação.  

—Eu ficaria muito grata. —disse sorrindo e a outra voz masculina respondeu:

—Então, até lá. — disse ele, e desligou.  

Fiquei parada ainda com o telefone na orelha, e de repente me veio uma observação: A vida pode ser surpreendente, cheia de mistérios, cheias de perdas e recomeços. Quer dizer, um dia você pode estar sem força nenhuma para sequer se levantar da cama, e no outro, você pode simplesmente acordar e ter a direção que vai mudar a sua história completamente. Mas, o que quero refletir, não é sobre os recomeços e sim a parte mais dura de se viver: as dificuldades. Já parou para pensar e analisar sobre sua vida e você simplesmente não tem o que fazer? parece que suas mãos e pés estão atados? Parece que nada se encaixa, ou nada faz o menor sentido, e aí você simplesmente não sabe o que fazer? Pois bem, eu estou nesse exato momento assim, mesmo tendo essa ideia maluca no papel, eu não sei se pode dar certo, ou se isso vai mudar a minha vida ou se isso sequer vai sair do papel. A incerteza é a coisa mais difícil de se conviver, tirando é claro a espera das coisas surgirem. Por mais que eu veja uma solução, ainda não sei se essa é a solução e saída para o problema.  

Deitada na cama, foi impossível não olhar para trás, não ver o quanto eu já vivi e passei. Justamente por ser quem eu sou, e certamente, você um dia já sofreu por ser quem você é. Mas, eu aprendi que: Ou nos levantamos e batemos a poeira, ou simplesmente, aceitamos e engolimos um padrão que esperam que sejamos. Mas a grande questão é: Você é assim porque você é assim, ou você é assim porque querem que você seja? E essa ideia em minhas mãos, é a libertação de questionamentos como esses. Hoje, nasce a empresa de “Além das Aparências”, uma empresa onde, não será escândalo se tivermos pessoas normais sendo modelos, uma empresa onde, tudo bem ser da forma como nascemos. Uma empresa onde não precisamos mais nos cobrirmos ou usarmos preto para parecermos que temos um corpo onde não temos. É muito mais além de termos curvas, é uma libertação.  

Na manhã seguinte, continuei projetando Além das Aparências com afinco, eu não
tinha a menor ideia de como isso tudo iria nascer. O projeto era bem básico, e eu tenho experiencias em confeccionar roupas e moda, mas não de administrar empresas.
Eu ainda estava me sentindo sozinha e perdida, e o pior, o assombro de estar desempregada me deixava nervosa e apreensiva. Fo então, que eu decidi que a melhor forma de lidar com tudo isso, era costurar e foi o que eu fiz. Sai pela avenida de Nova York, em busca de uma loja de tecidos, e depois de algumas horas procurando e perguntando, finalmente encontrei uma. A loja era de porte médio, havia uma quantidade boa de tecidos para disponibilizar, e assim quem cheguei, fui logo averiguando os tipos de tecidos que eu queria fazer. E quando decidi e paguei por eles, vi uma cena curiosa:

Além das Aparências - Veja além das suas AparênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora