Capitulo 27: "Águas passadas movem os Moinhos"

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—Eu preciso confessar algumas coisas, acho que lhe devo isso. — disse Louis me olhando, e eu olhei para ele, mas ele não olhou para mim.

—O que foi Louis? — perguntei curiosa.  

—Quando eu sai do hospital, minha mãe estava do lado de fora. Seus olhos estavam cheios de lágrimas, e ela estava muito triste. Ela estava com uma carta na mão, não deixou o meu pai me entregar. Ela pediu que eu abrisse e que a perdoasse, como se de fato, a culpa fosse dela por algo. Quando eu abri a carta, estava a minha passagem paga, e a data para o dia seguinte determinada pelo meu pai, ele queria que eu fosse longe... — disse ele suspirando: —Longe de você. —disse ele e os meus olhos se encheram de lágrimas. 

  —Louis.... eu... —ele me interrompeu e disse:

—Eu sei. Você não sabia, eu escondi de você. Guardei para mim porque você estava internada no hospital, se recuperando e tratando você mesma. E não era justo com você contar coisas tão ruins. Na Época, eu não tive coragem entende? — perguntou ele me olhando e eu assenti com a cabeça: — Então, escrevi uma mensagem de texto para Júlia, e uma carta para você, mas o meu coração estava partido. E eu vim para cá, perdido, sozinho, confuso, triste, e amando você mais do que tudo. —disse ele me olhando nos olhos.

   —E porque não em mandou mensagem? Ou, algum sinal de vida? — perguntei e ele sorrindo disse:

—Eu já tinha partido de um jeito trágico, o que queria que eu dissesse? Aparecesse na maior cara de pau? E vocês ainda estavam em Chesterville, o que meu pai poderia fazer com vocês caso descobrissem? Ele colocou um cara maluco para me supervisionar Cass, impediu que eu visse a minha própria mãe. E a minha própria mãe entrou em uma depressão profunda por não conseguir me ver. Então, para protege-la, e proteger vocês eu fiquei no anonimato, até descobrir que o meu pai morrera. Eu lembro de estar cursando a faculdade e morando no campus, entrei no taxi e fui mais rápido que eu pude no enterro dele, e então, o advogado dele dissera que ele deixara metade dos bens dele para mim, e eu não quis. Passei para aminha mãe, o cargo de prefeito também foi para mim e eu também reneguei. Minha mãe assumiu o posto, e eu pedi sigilo da minha presença. Eu sabia que o conselho da cidade faria um jeito de me amarrar ali, mas Chesterville não era mais o meu lar entende? Eu não fazia mais parte dali e não queria regressar. Então, minha mãe entrou no meu lugar, e eu voltei para Nova York, me formei e comprei a primeira câmera, minha mãe recebeu o convite do casamento da sua, então, fiz o oque o meu coração mandou, fui até lá. Me fiz passar de fotografo e foi ali onde eu te vi pela primeira vez depois de anos. — disse ele suspirando, e eu me lembrando daquele dia disse:

—Então, o fotografo era você?! — exclamei surpresa.  

—Era sim. —disse ele sorrindo: — Eu nunca te esqueci Cassie, quando vi você bem, saudável, feliz, eu não soube o que fazer, como reagir. Então, me escondi atrás da câmera, bati foto da sua mãe, e enviei pelo correio e desejei as boas bodas. Júlia estava linda também. E eu fiquei completo por ver que vocês também saíram de Chesterville, e estavam se formando. Retornei para casa, não te tirando da minha mente o tempo todo, e desejando que um dia poderíamos nos encontrar. Fui para casa, entreguei um currículo e comecei a trabalhar e dali a diante não tive mais a chance de saber sobre você. Mas, Cassie, eu te trouxe comigo, o pedaço do seu coração eu trouxe comigo e guardei você aqui dentro por todo esse tempo. Claro que conheci outras mulheres e me relacionei. — disse ele confessando, e eu abaixei a cabeça e me lembrei da aliança. : — Mas, nenhuma delas pode ser comparada com você. —disse ele pegando no meu queixo e erguendo.  

Meus olhos estavam marejados nesse momento, eu queria perguntar da aliança, mas, não tive como. Não consegui, não tive coragem.  

—Quando você partiu, eu me senti perdida. Eu senti a sua falta, eu senti a vontade de correr e te procurar. Eu senti um vazio dentro de mim, senti a sua falta. Mas, quando percebi que tive que seguir em frente, eu deixei você nas águas de California, e só restou as lembranças que tivemos juntos na nossa adolescência. —disse confessando, e ele engoliu a seco.  

—Eu sei que o que aconteceu conosco foi duro, mas eu jamais deixei de te esquecer Cassie. — disse ele se aproximando de mim, e eu falei baixinho:

—E a aliança? — falei como se fosse um sussurro. 

Ele olhou para aliança de prata, e disse:

—Quando o meu pai morreu, ele deixou no testamento esse anel. Eu sentia tanta raiva dele que não consegui nem notar a presença do objeto. Mas, depois que o tempo passou e visitei minha mãe em alguns dias, depois do enterro. Eu percebi que não precisava sentir raiva dele, e o que ele fez passou e não importava mais. Então, coloquei a aliança no meu dedo afim de que, eu pudesse simplesmente leva-lo comigo.
E assim o fiz, achou que fosse um compromisso com alguém? — perguntou ele me olhando cm atenção. 

—Puff! — disse e ele sorriu com a minha careta: — jamais! Tipo, eu jamais faria uma coisa dessas. Eu só vi no carro e fiquei curiosa. — disse dando de ombros.

  Louis deu uma gargalhada e disse:

—Aham, sei. — disse ele duvidando e eu dei um tapa no ombro dele.

Ele me abraçou, e eu senti a sua respiração, eu sorri e ele continuou a me olhar.

Então, ele me deu o beijo na testa, e disse:

—Temos muito o que conversarmos, não precisamos ter pressa de mais nada. —disse ele e eu assenti com a cabeça.

—E então, vamos comer? —perguntei sorrindo e ele assentiu.

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