Capítulo 9: "Um Fantasma" - parte 3

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Assim que eu entrei na sala, olhei no quadro, e tinha um desenho muito infantil de três porquinhos, desenhados com giz branco e uma seta enorme dizendo:

"Porcos, sujos e feios." com os nossos nomes em cima de cada porquinho.

Assim que eu vi aquilo, o meu sangue ferveu e então, disse: 

—Quem fez isso? — disse na frente de todos.  

A sala toda riu, e alguns fingiram que nem estavam ligando. 

—Que foi filhinho do papai? Está incomodado com a ilustre homenagem? — perguntou o Johnson.

—Não, só acho que se esqueceu de alguém nesse quadro. —disse e a turma prendeu a respiração. 

—E quem seria hein?! — perguntou ele a mim, se aproximando ao ponto de eu sentir a respiração.  

—Não sei, talvez um outro porquinho de cabelos louros e lisos com o nome covarde. — Enfrentei, ficamos por uns cinco minutos se encarando.

—Você se acha muito machão defendendo aquela porca e suja, não é? Quero ver quando ela descobrir o mentiroso que você é. — disse ele me afrontando. 

—Posso saber o que está acontecendo aqui? — perguntou o professor de Literatura.

  —Não é nada professor, eu e o Louis estávamos conversando. —disse Johnson.

—É isso mesmo Louis? —perguntou o professor Erick. 

Eu assenti com a cabeça sem tirar os olhos dos olhos de Johnson, que se afastou devagar, mas, também não desgrudou os olhos de mim.

Me sentei com o sangue fervendo, era bem verdade que eu estava já de saco cheio de todo aquele preconceito, e comportamento das pessoas. Será que não dava para simplesmente agirem normal quando estavam perto de pessoas diferentes como elas?

Qual a diferença entre mim ou delas? De fato, nunca compreendi, e talvez, nunca iria compreender.

A aula de Literatura fora interessante, estudamos sobre direito humanos, e fora uma aula bem construtiva, o professor pediu que fizéssemos um trabalho com imagem sobre o tema relacionado, e eu já tinha mais ou menos em mente em como seria. Ao mesmo tempo que a minha mente, estava dividida entre o trabalho da escola, a peça e o desfile, minha mente também tinha sobre Bulimia, então, assim que o sinal tocou, corri em direção a informática, e ali pesquisei um pouco sobre e sobre o trabalho pedido.

Assim que sai da sala de informática, o técnico me chamou e então, eu gelei:

— O senhor me chamou, treinador? — perguntei tenso.

  —Bom, sim. Você está me devendo dois treinos, Senhor Louis, será que se esqueceu? —perguntou ele erguendo a sobrancelha.

  —Não Senhor, jamais. É que estive compensando na aula de teatro. — E o professor me interrompeu.

—E por acaso você é um Troy Bolton?! — perguntou ele retoricamente.  

—Não Senhor, de forma alguma. — disse abaixando a cabeça. 

—Ótimo. Quero te ver depois da aula, na quadra. Treinamento intensivo. Não é porque se arranjou em confusão, que eu vou deixar você ficando de boa. Tem um cargo como possível líder e capitão, e deve honrar esse futuro cargo. — disse o técnico com o semblante fechado.  

—Eu realmente tenho esse cargo? — perguntei desconfiado.

  —Vai perder se continuar me questionando! Agora, tchau. — disse o técnico e eu assenti e sai em direção a próxima aula. 

Assim que cheguei, dei de cara com Júlia e Cassie, ambas estavam rindo sobre alguma coisa. E então, entramos juntos na sala, quando, Cassie pega no celular, e fica com o semblante tenso. Ela me olha, e eu falei:

—O que houve? — perguntei e ela se levanta e cochicha algo com Júlia, que está atrás dela.

Cassie se levanta, e Julia faz um sinal com o dedo indicando a porta e quando saímos, Cassie fala:

—Meu pai acabou de enviar uma mensagem, ele está na cidade. — disse ela com os olhos tensos.  

—E agora? O que vai fazer? —pergunta Julia olhando para ela.
 
—Eu não tenho a menor ideia. —disse ela dando os ombros. 

—Você vai querer encontra-lo? será que é pela sua mãe? — perguntei a ela e Cassie então diz:

   —Não tem como o hospital ligar para o meu pai, só se ela deixou o número no prontuário. — disse ela tensa.

—E agora? — perguntei sem saber o que dizer.

  —Eu preciso encontrá-lo, o mais rápido possível. —disse Cassie e Julia assentiu.

—Mas, qual o problema de ele estar na cidade, porque tanto pavor? — perguntei confuso.

  —Bem, depois da separação, eu nunca mais vi o meu pai. E digamos que, quando ele entrou em contato comigo, eu o destratei. Mas, em minha defesa eu estava furiosa com a separação e com a situação deplorável que ele deixou a minha mãe. —disse Cassie se justificando. 

—Bom, talvez agora seja um bom momento para a reconciliação?! — sugeri tentando ser positivo. 

—Absolutamente que não. — disse Cassie revirando os olhos.  

—Ei Cass, estaremos contigo nessa. Né Louis? —perguntou Julia se virando para mim. 

—Mas é claro! —Exclamei positivamente, e Julia assentiu.

Nós dois sabemos a atual situação de Cassie, forte por fora, e quebrada em algumas partes por dentro. Por isso, a importância de estar ao lado era essencial e fundamental.

Nem sempre aquela pessoa vai falar sobre o que ela está sentindo, ou passando. Na verdade, ela vai justamente fazer o oposto, esconder e fingir que tudo estava bem. Por isso, quando estiver ao lado de alguém e você sentir que essa pessoa não está bem na verdade, estenda o seu ombro, e ouça, e seja positivo, e anime. Pessoas precisam de pessoas, e somente nós podemos entender a dor do outro. Em qualquer sinal de ajuda, ou necessidade de ajuda, por favor, estenda as mãos para essa pessoa, e ajude-a, Cass fazia parte daquele porcentual de pessoas que

"Engolem o choro", justamente por querer esconder a fragilidade, e a fraqueza no momento.
Por isso, se você é como Cass, eu dou-lhe um conselho: Permita-se abrir o coração, e a mente em alguém que você sabe que pode te ajudar, e mesmo se sentir sozinho, procure ajuda, procure um profissional, existe saída sim para o seu problema e existe sim pessoas dispostas a te ajudar.

Porque estou lhe contando e dizendo isso? Porque, daqui para a frente, nós vamos mergulhar na realidade de Cassie, e veremos até que ponto alguém pode chegar, quando precisam de ajuda.

Além das Aparências - Veja além das suas AparênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora