Assim que eu entrei na sala, olhei no quadro, e tinha um desenho muito infantil de três porquinhos, desenhados com giz branco e uma seta enorme dizendo:
"Porcos, sujos e feios." com os nossos nomes em cima de cada porquinho.
Assim que eu vi aquilo, o meu sangue ferveu e então, disse:
—Quem fez isso? — disse na frente de todos.
A sala toda riu, e alguns fingiram que nem estavam ligando.
—Que foi filhinho do papai? Está incomodado com a ilustre homenagem? — perguntou o Johnson.
—Não, só acho que se esqueceu de alguém nesse quadro. —disse e a turma prendeu a respiração.
—E quem seria hein?! — perguntou ele a mim, se aproximando ao ponto de eu sentir a respiração.
—Não sei, talvez um outro porquinho de cabelos louros e lisos com o nome covarde. — Enfrentei, ficamos por uns cinco minutos se encarando.
—Você se acha muito machão defendendo aquela porca e suja, não é? Quero ver quando ela descobrir o mentiroso que você é. — disse ele me afrontando.
—Posso saber o que está acontecendo aqui? — perguntou o professor de Literatura.
—Não é nada professor, eu e o Louis estávamos conversando. —disse Johnson.
—É isso mesmo Louis? —perguntou o professor Erick.
Eu assenti com a cabeça sem tirar os olhos dos olhos de Johnson, que se afastou devagar, mas, também não desgrudou os olhos de mim.
Me sentei com o sangue fervendo, era bem verdade que eu estava já de saco cheio de todo aquele preconceito, e comportamento das pessoas. Será que não dava para simplesmente agirem normal quando estavam perto de pessoas diferentes como elas?
Qual a diferença entre mim ou delas? De fato, nunca compreendi, e talvez, nunca iria compreender.
A aula de Literatura fora interessante, estudamos sobre direito humanos, e fora uma aula bem construtiva, o professor pediu que fizéssemos um trabalho com imagem sobre o tema relacionado, e eu já tinha mais ou menos em mente em como seria. Ao mesmo tempo que a minha mente, estava dividida entre o trabalho da escola, a peça e o desfile, minha mente também tinha sobre Bulimia, então, assim que o sinal tocou, corri em direção a informática, e ali pesquisei um pouco sobre e sobre o trabalho pedido.
Assim que sai da sala de informática, o técnico me chamou e então, eu gelei:
— O senhor me chamou, treinador? — perguntei tenso.
—Bom, sim. Você está me devendo dois treinos, Senhor Louis, será que se esqueceu? —perguntou ele erguendo a sobrancelha.
—Não Senhor, jamais. É que estive compensando na aula de teatro. — E o professor me interrompeu.
—E por acaso você é um Troy Bolton?! — perguntou ele retoricamente.
—Não Senhor, de forma alguma. — disse abaixando a cabeça.
—Ótimo. Quero te ver depois da aula, na quadra. Treinamento intensivo. Não é porque se arranjou em confusão, que eu vou deixar você ficando de boa. Tem um cargo como possível líder e capitão, e deve honrar esse futuro cargo. — disse o técnico com o semblante fechado.
—Eu realmente tenho esse cargo? — perguntei desconfiado.
—Vai perder se continuar me questionando! Agora, tchau. — disse o técnico e eu assenti e sai em direção a próxima aula.
Assim que cheguei, dei de cara com Júlia e Cassie, ambas estavam rindo sobre alguma coisa. E então, entramos juntos na sala, quando, Cassie pega no celular, e fica com o semblante tenso. Ela me olha, e eu falei:
—O que houve? — perguntei e ela se levanta e cochicha algo com Júlia, que está atrás dela.
Cassie se levanta, e Julia faz um sinal com o dedo indicando a porta e quando saímos, Cassie fala:
—Meu pai acabou de enviar uma mensagem, ele está na cidade. — disse ela com os olhos tensos.
—E agora? O que vai fazer? —pergunta Julia olhando para ela.
—Eu não tenho a menor ideia. —disse ela dando os ombros.—Você vai querer encontra-lo? será que é pela sua mãe? — perguntei a ela e Cassie então diz:
—Não tem como o hospital ligar para o meu pai, só se ela deixou o número no prontuário. — disse ela tensa.
—E agora? — perguntei sem saber o que dizer.
—Eu preciso encontrá-lo, o mais rápido possível. —disse Cassie e Julia assentiu.
—Mas, qual o problema de ele estar na cidade, porque tanto pavor? — perguntei confuso.
—Bem, depois da separação, eu nunca mais vi o meu pai. E digamos que, quando ele entrou em contato comigo, eu o destratei. Mas, em minha defesa eu estava furiosa com a separação e com a situação deplorável que ele deixou a minha mãe. —disse Cassie se justificando.
—Bom, talvez agora seja um bom momento para a reconciliação?! — sugeri tentando ser positivo.
—Absolutamente que não. — disse Cassie revirando os olhos.
—Ei Cass, estaremos contigo nessa. Né Louis? —perguntou Julia se virando para mim.
—Mas é claro! —Exclamei positivamente, e Julia assentiu.
Nós dois sabemos a atual situação de Cassie, forte por fora, e quebrada em algumas partes por dentro. Por isso, a importância de estar ao lado era essencial e fundamental.
Nem sempre aquela pessoa vai falar sobre o que ela está sentindo, ou passando. Na verdade, ela vai justamente fazer o oposto, esconder e fingir que tudo estava bem. Por isso, quando estiver ao lado de alguém e você sentir que essa pessoa não está bem na verdade, estenda o seu ombro, e ouça, e seja positivo, e anime. Pessoas precisam de pessoas, e somente nós podemos entender a dor do outro. Em qualquer sinal de ajuda, ou necessidade de ajuda, por favor, estenda as mãos para essa pessoa, e ajude-a, Cass fazia parte daquele porcentual de pessoas que
"Engolem o choro", justamente por querer esconder a fragilidade, e a fraqueza no momento.
Por isso, se você é como Cass, eu dou-lhe um conselho: Permita-se abrir o coração, e a mente em alguém que você sabe que pode te ajudar, e mesmo se sentir sozinho, procure ajuda, procure um profissional, existe saída sim para o seu problema e existe sim pessoas dispostas a te ajudar.Porque estou lhe contando e dizendo isso? Porque, daqui para a frente, nós vamos mergulhar na realidade de Cassie, e veremos até que ponto alguém pode chegar, quando precisam de ajuda.
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Além das Aparências - Veja além das suas Aparências
RomanceVocê já parou para pensar que suas palavras podem interferir na vida de outra? Não acredita nisso? Tem certeza? Pois eu vou te contar uma história de uma garota normal, que ela me fez pensar duas vezes antes de responder alguém ou até mesmo fazer um...