Capítulo 9: "Um Fantasma" - parte 2

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—Eu não queria que você ficasse assim, tão triste. — disse meio desesperado.  

Cassie então, balançou com a cabeça negativamente, e esse gesto me deixou mais confuso ainda.  

—Cass, eu sinto muito por tudo que eu te fiz. Eu sei que eu fui um babaca e... — E ela finalmente me interrompeu dizendo.
—Essa força que você diz que eu tenho, eu gostaria de ter Louis. — disse ela enxugando as lágrimas.

  —Ei, claro que você tem. Olha só você, não se esconde por trás de nada. —disse limpando as lágrimas do seu rosto. 

—E aí é que você está enganado. Eu a gradeço por você pela sinceridade, e depois de tudo o que você fez por mim eu nem tenho condições de ficar brava com você. Mas, eu não tenho estruturas para ser forte agora, minha mãe no hospital, o desfile, a peça, tudo está uma loucura. —disse ela suspirando.

  —E estamos juntos nessa eu, você, Julia. Eu e ela estamos com você até o fim, e seja lá a barra que você estiver enfrentando, nós enfrentaremos com você. —Eu disse, e ela sorriu e disse:

—Então, seu pai é o prefeito? porque nunca disse? —perguntou ela curiosa.  

—Bem, na verdade, eu até ontem sentia orgulho por ter um pai prefeito, achava um máximo. Porém, ele tem preconceitos Cassie, preconceitos que são inaceitáveis. — disse suspirando.

   —E quem não tem Louis? não é porque somos diferentes que seremos aceitos. —disse ela dando de ombros.  

—Mas, isso não está certo. Isso é nojento e repugnante. Como pode excluir alguém, ou não dar espaço para alguém, só por causa da cor, do tipo de corpo. Eu não consigo aceitar isso. Ainda mais, eu fazendo parte desse grupo. —disse indignado.

  —Não dá para se mudar a mente das pessoas Louis, mas, podemos mudar as coisas e não as pessoas. — disse ela sorrindo com delicadeza.  

—Por isso, que eu preciso que confie em mim. Preciso que desenhe exatamente os figurinos para o desfile Cassie. —disse sugerindo e ela negou com a cabeça.

   —Eu não posso fazer isso Louis. Se eu não posso me sentir orgulhosa por ter feito meus figurinos sem ter a honra de dizer que são meus, como posso lidar com isso? — perguntou ela me olhando.

—E se eu te disser, que você irá se apresentar com um desses figurinos? — perguntei erguendo a sobrancelha.  

Cassie me olhou, sem a menor compreensão. E disse:

   —E como é possível? — perguntou ela me olhando com atenção.  

—Só desenha para o desfile, faça cinco peças e deixa o resto comigo. Meu pai vai te agradecer. — disse por fim.  

É bem verdade que aparentemente, eu parecia ter tudo sobre controle, mas, na verdade, eu não tinha não. Mas, o melhor de se montar algum plano, é quando surge a ideia mirabolante na sua cabeça.

Eu entreguei o convite VIP para Cassie, ela pegou com receio e então, disse algo que eu dei risada depois:

—Louis, seja lá o que estiver pensando. Por favor, não ouse me arranjar problemas. —disse ela e eu dei risada.

   —Não se preocupe, todos nós temos um limite de confusão na vida. E você, ainda precisa de muitas para lotar. — disse e ela me deu um soco no ombro, mas, pelo menos, eu a fizera sorrir.  

Assim que terminamos de comer o piquenique, o primeiro sinal tocou, já era a hora de fechar tudo e ir em direção ao armário. Enquanto Cassie ia em direção aos fundos do teatro, eu fui limpando a sujeira que ficou. Cassie me chamou para ir ver os figurinos, e o que eu vi, era algo impecável.

—Cass, você é incrível! Tudo isso aqui é perfeito. A professora vai amar ver o que você fez. E os alunos também de vestir, cada detalhe que você fez. Cada tecido de cores diferentes, é muito mais do que um figurino é uma arte. Você merece todo e o total reconhecimento. Por isso que eu te peço que você faça os figurinos para o desfile, e eu faço a magia acontecer. — disse piscando, e ela sorriu timidamente.  

Saímos pela porta do teatro, a escola já estava com os corredores acessos e alguns alunos entrando.

Cassie enviou uma mensagem de texto para Júlia, pedindo uma muda de roupa, afinal, ela estava com aquela roupa molhada da chuva. E eu segui em direção ao meu armário, que ficava no outro enquadramento do corredor de inúmeras fileiras de armários. Assim, eu troquei os cadernos, e peguei os livros que era para a aula: literatura, matemática, e Biologia, as piores aulas para mim.

Cassie e Júlia, estudavam comigo nas aulas de Biologia e Literatura, e somente matemática que era outros professores, a escola jurava que seria melhor assim, porém, eu negava completamente. Fechei os armários, e vi Cassie parada se olhando no espelho, eu só queria que ela entendesse a quão bonita ela era, a quão bonita ela sempre fora. Não podia negar, que de fato, ela estava muito mais magra do que quando eu a conheci, porém, eu sabia que a Bulimia tinha parcela sobre isso, e aquilo me preocupava a cada vez que ela não comia na escola, ou em cada vez que Júlia comentava a situação dela que ela levava pizza na casa de Cassie.

E eu ainda não havia pesquisado sobre Bulimia, mas faria assim que chegasse em casa. Júlia veio sorrindo com uma bolsa com algumas peças, e ambas caminharam até a mim e Júlia disse:

—Oi Romeo. — disse ela sorrindo. 

—Oi bruxinha. —disse e ela me ameaçou com um soco no ombro, o mesmo que Cassie me dera mais cedo.

  —Louis, vou me trocar está bem? nos vemos na próxima aula. —disse Cassie e então, pegou no meu braço, e me deu um beijo e disse:

— Obrigada pela cesta de hoje, estava impecável. —Disse ela sorrindo e eu senti um carnaval Brasileiro na minha barriga. 

Era impressionante como Cassie tinha esse poder comigo, a forma como eu ficava perto dela, o seu toque caloroso, o seu olhar doce e leve, aquela garota mexem comigo e eu só não sabia se eu mexia com ela também, mas para mim, isso não importava. 

Com tanto que eu a fizesse bem.

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