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Capitulo 8: " Nenhum pouco Forte" - parte 1

Eu nunca fui fraca, naquele grupo de apoio, eu demonstrei a minha pior versão. O choro, as lágrimas, o cansaço, de ser eu, de estar mal, de querer estar forte o tempo, era cansativo estar firme, engolir o choro, respirar fundo e estar de pé. Mas, eu estava cansada de ser assim, cansada de lutar sozinha, e quando me vi no espelho, aquilo foi a gota d’água, eu desmoronei, e terei que lidar com as consequências deste ato.

Cheguei em casa mais cedo, eu estava sozinha, e as vezes, era necessário ficar sozinha.

Subi as escadarias e entrei no meu quarto, e logo vi o meu retrato no espelho, aquilo me enojou. Com fúria, peguei o abajur, e gritando, atirei no espelho:

—EU ODEIO VOCÊ! PORQUÊ TINHA QUE SER ASSIM? — Ataquei o espelho, como se fosse alguém para se machucar.

Sentada no chão, com os cacos em minha volta, eu desci as escadas, abri a geladeira, peguei todo o tipo de comida. E com dificuldade, sentei e comi. Comi até me cansar, meu estomago sentia fome, e se era isso que ele queria, era isso que ele ia ter.

Eu comi, com lágrimas nos olhos, eu comi por raiva. E quando o estômago parou de roer, eu me senti enojada, e coloquei tudo para fora. Se você está lendo isso, por favor, não me critiquem. Vocês não sabem o que é, senti raiva de si mesmo, odiar o que não pode mudar. Eu me deitei na cama, cansada e adormeci.

Acordei com uma mensagem no celular:

SMS:

—Mãe:

—Cassie? chegarei tarde, não me espere. Peça uma pizza, xoxo.

SMS:

—Julia: 

—Oi Cass, como você está? Aqui está uma loucura. Meus pais estão brigando, acho que vem divórcio. Posso ir aí? Levo pizza. 19:00 horas. Xoxo 

Olhei no relógio e era 18:00 horas, eu tinha que me apressar. E então, desci e peguei a vassoura, e limpei a sujeira. Foi então, que eu tomei um banho e esperei. Julia chegou depois de alguns minutos, mas, eu já havia terminado tudo. Eu estava sentada na cama, com o notebook aberto coloquei qualquer música no Spotify e ela bateu na porta:

—Pode entrar. —disse sorrindo tranquilamente.

A Primeira coisa que Julia viu foi o espelho tampado com o pano, ela foi em direção e disse:

—O que houve aqui? — perguntou ela com cautela. 

—Ah... —disse por cima da tampa do notebook: — Não é nada demais. Eu acabei batendo com muita força e acabou quebrando. Depois, providenciarei outra. — disse com desdém, mas, o coração estava acelerado. 

—Certo. — disse ela desconfiada e se virando em minha direção disse:

—Bom, Louis está preocupado com você Cass, ele disse isso pela manhã. — disse ela suspirando, como se estivesse nervosa por algo.  

—Não vejo motivos para tal coisa, não tem o porquê. — disse olhando para ela.

Julia se sentou na minha cama, sinta olhando desconfiada para o espelho, e disse:

—Achei muita sacanagem o que o prefeito fez com você. Você estava tão animada com isso. — disse ela suspirando e deitou-se na minha cama, e ficou olhando para o teto.

  —Sinceramente? Eu não estou surpresa. O prefeito sempre foi mente fechada em alguns assuntos, e era nítido a forma como ele me olhava. As pessoas falam com os olhos. — disse concluindo.  

—Nem me fale. As coisas lá em casa estão cada vez mais difíceis. Meus pais vivem em uma guerra frenética entre: O certo e o errado, O justo e o injusto. E não é uma guerra boba que no final, acaba com o meu pai bêbado, ou a minha mãe emburrada no banheiro, e sim, ao ponto de os vizinhos chamarem a polícia. O pior de tudo, nem é o fato deles brigarem, e sim, o fato deles me colocarem como juíza dessa merda toda. — disse ela suspirando.

—Eu sei bem como é. Quando você foi viajar, eu realmente passei por uma situação parecida. Meus pais brigavam freneticamente por qualquer coisa. Até eu descobrir a traição, e consequentemente, minha mãe descobriu também. Lembro de ver a minha mãe bêbada pela primeira vez, chorando as pitangas e dizendo que não servia para mais nada. — disse tranquilamente. 

—E como você lidou com isso? isso tudo? — perguntou ela, se virando para mim, ficando de barriga para a cama.  

—Nada como um dia após o outro Ju. Algumas dores, passam conforme o tempo, e outras, bem, achamos algumas fugas. — disse dando de ombros. 

—E qual é a sua fuga? —perguntou ela me olhando nos olhos.

Nesse momento, o meu coração gelou. Eu queria dizer a ela, a minha verdadeira fuga, ou melhor, o meu vício. Porém, fui salva pelo meu telefone, tocando freneticamente.
Era Louis. Acho que eu nunca agradeci a ele por isso, por este momento. 

—Olá Cass, está ocupada? — perguntou ele com uma voz mais animada do que o normal.  

—Não. Não que eu saiba. Julia está aqui, problemas com os pais. — disse fungando.

—Oi Louis, querido. — disse Julia no microfone do celular.

—Oi Julia! —disse ele cantarolando.  

—O que você quer Louis? Está tudo bem? — perguntei curiosa. 

—Bom, está tudo bem. Porém, eu consegui os ingressos para você ir ao desfile. Lembre-se, você me prometeu. — disse ele com um tom brincalhão.

   —Não me lembro de ter prometido, lembro de ter concordado com a cabeça. —disse retrucando.

—Quanto que ele te deu pra você ir no desfile? Porque, eu tentei mais do que tudo, e não consegui. — disse Julia retrucando.

  —Não precisei de muito. Bastou o meu charme eminente. — disse ele sorrindo e eu debochei.

Era bem verdade que Louis mexia comigo, porém, ele não conseguia me entender em alguns momentos. Principalmente, com o meu problema atual. Ele jamais conseguiria me ver frágil, eu vejo a forma como ele me vê: Uma garota forte, madura e que não tem fragilidade nenhuma. Porém, no momento atual das circunstancias, eu não posso ser nada disso. Eu estou mais para uma geleca do que algo forte. 

—Até parece que você tem charme Louis, foi dinheiro certeza. — disse Julia contrapondo. 

—Não foi não. Cass fala para ela. — disse Louis contrapondo e eu dei risada. 

—Muito bem meus filhos, acalmem-se. Olha Julia, não foi o dinheiro e sim a persuasão. Louis é bem convincente quando quer e Louis, você não tem um pingo de charme. — disse debochando e Louis retrucou e Julia revirou os olhos.  

Eu amava os meus amigos, o fato deles estarem sempre ao meu lado, me fazia segura, protegida e amada. Porém, as vezes, eles me irritavam, justamente pela discordância entre eles. Mas acho que isso faz parte da convivência.