Capítulo 16: "Onde eu Estou"

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—Está com fome querida? — perguntou ela sendo atenciosa.  

—Não, zero fome. —disse simplesmente:— O que vocês fazem pra passar o tempo? — perguntei e ela abriu um sorriso largo e disse:

—Bom, geralmente limpamos as propriedades proibidas dos pacientes, e ficamos fofocando — disse ela sorrindo: — Mas, para você, posso providenciar algum jogo de Passa-Tempo o que acha? — sugeriu ela me olhando.

—Hm — disse pensando: - você tem papel e lápis de desenhar? Posso preparar um look pra você investir. - disse a ela, e ela ergueu a sobrancelha desconfiada e saiu do quarto, e logo voltou com um pequeno caderno e um lápis de escrever: - Não achei um caderno maior. - disse ela se desculpando.  

 -Este está perfeito! - exclamei: - Diga-me, sonha em casar? Posso confeccionar um desenho incrível para você e exclusivo no mundo inteiro. - disse e ela se acendeu de alegria, e eu sorrindo disse: - Muito bem, vejo que você gostou. Veja só, de qual perfil você gosta de vestido? "Tomara que caia", "Cauda de Peixe", diga-me, e eu faço o que você quiser. - disse, por fim.

-Veja bem, gosto de tudo muito estravagante. Então, acho que um decote em "V" bem aberto seria ótimo. Sobre a cauda, pensei em fazer algo mais fino, como uma cauda de peixe mesmo, mas, bem aberta. - disse ela já descrevendo o vestido pelo corpo e eu apenas fui desenhando. 

  Mulheres, todas iguais, todas no mesmo sentido. Sejamos fortes, ou fracas, sensíveis ou duronas, mandonas, controladoras ou até mesmo "Osso duro de doer", porém, todas nós temos a mesma essência. Apesar de qualquer jeito ou estilo que tivermos, sempre sonhamos com um casamento, ou se não sonhamos, mas, um dia já sonhamos.

E se um dia você já sonhou com isto, te digo que você certamente já imaginou o seu vestido, ou melhor, já até mesmo desenhou. Não te culpo, nós mulheres somos assim mesmo, sonhadoras, amantes do amor, e eu confesso que mesmo não me imaginando cm um típico vestido branco de casamento, já desenhei ele no meu diário.  

 -Muito bem, você tem um ótimo gosto. Espere alguns minutos, e... - disse terminando as linhas finais: - E vamos lá! aqui está o seu vestido de noiva. - disse mostrando o desenho do vestido muito bonito.

A enfermeira se aproximou, e ficou de boca aberta, animada e muito feliz. Seus olhos claros brilharam ao ver o seu vestido. 

  -E agora? - perguntou ela olhando ao desenho.

-Bem, agora, você pegue o desenho e leve a costureira mais próxima. E indico 5 tecidos: Seda, cetim, renda, Zibeline, Chiffon. São os melhores para produções de vestidos de noiva. Escolha com sabedoria. - disse apontando o indicador para ela, e ela saiu saltitante pela porta do meu quarto, trazemos outras enfermeiras que estavam de plantão, e meio que aquilo, me fez esquecer de até mesmo o porquê de eu estar ali.  

Ficamos ali até o sol raiar, e quando os primeiros raios solares entraram no meu quarto, o doutor bateu na porta e viu a cena que presumo que fosse única, todas as enfermeiras em volta da minha cama, admiradas com os seus desenhos e indicando os detalhes que achavam mais lindos neles.  

 -Mas, o que está havendo aqui? - perguntou o Doutor confuso: - Não era para estarem de plantão? - perguntou ele me olhando confuso.  

 -Sinto muito doutor. - disse a chefe do plantão: -É que, Cassie está fazendo os nossos vestidos dos sonhos. E acabamos nos empolgando com a ideia. - disse a enfermeira chefe. 

  -Bom, mas agora os sonhos estão realizados? - perguntou ele analisando todas, e elas assentiram com a cabeça firmemente e então, ele disse: - Então, bem, já sabem né?
Hora de ir ao trabalho. : - disse o doutor sorrindo.

-Não seja tão duro com elas, elas são apenas mulheres sonhadoras que em breve, irão ao altar. - disse docemente.

  -E a senhorita é a mocinha que está causando no meu plantão é mesmo? - brincou o doutor sorrindo, e eu dei de ombros. E ele esticando a mão para mim disse: - Henrique, Doutor Henrique. - disse ele e eu apertei de volta o cumprimento: - E então? Coimo está se sentindo? - perguntou ele sentando na ponta da cama.  

 -Cheia de criatividade, e com fome. - disse confessando e colocando a mão na barriga

  -Muito bem, vamos providenciar isso. Por hora, fiquei sabendo que a Senhorita estava com um costume um tanto delicado. Poderia me dizer qual? - perguntou o doutor, e ele estava falando do meu pecado minha cruz.  

 -Enfiar o dedo no creme de hidratação?! - perguntei, e ele ergueu a sobrancelha, definitivamente ele estava falando do meu pecado.  

-Cassie... - disse ele me repreendendo. 

  -Muito bem. Eu vomito sempre que como. - disse como se fosse algo totalmente natural e não algo tenso como é. 

 -Muito bem, confessou fácil nem precisei usar o choque. - disse e eu revirei os olhos e ele prosseguiu: - Veja bem, você foi diagnosticada com Bulimia Nervosa, uma doença seria e que precisa de atenção total e terapia está bem? - falou o doutor com atenção.

Eu abaixei a cabeça, não sabia o que dizer, e o doutor vendo essa minha atitude, colocou a mão sob a minha e disse:   - Está tudo bem, logo, logo, fará a terapia e você ficara livre disso tudo. - disse ele.

-E meus amigos e minha família sabem? - perguntei suspirando.  

-Infelizmente, não podíamos esconder dos familiares. E até porque, seus amigos já sabiam, - disse o doutor Henrique.

Eu fiquei perplexa, então, eles já sabiam? E eu tola escondendo aquilo de todos ao meu redor. Por outro lado, me voltei a mente na minha mãe, que tinha recentemente voltado desse mesmo hospital, internada por bebida. Suspirei, e coloquei a mão na testa, eu jamais quis magoa-la ou desaponta-la, e a vergonha só aumentou com relação aos meus amigos.  

 -Mas, a sua sorte que você não morreu e está aqui viva e bem. - disse o doutor sorrindo: - Temos uma terapeuta, e o doutores a sua disposição. E fará a partir de hoje à tarde, um acompanhamento com a Doutora Hellen, seja legal é a única terapeuta do hospital e psicóloga também mocinha. - disse o doutor piscando.  

 -Meus pais, e meus amigos virão para me visitar? - perguntei baixinho, ainda com vergonha.  

-Sim, claramente. Esperei te ver primeiro para anunciar a eles. Porém, será um por vez.

- disse o doutor: - Vou pedir que trazem o seu café. - disse ele se levantando e indo em direção a porta. 

  -Doutor... - disse bruscamente, e ele se virou para mim.

-Sim, Cassie? - perguntou ele intrigado.

-Obrigada, por me manter viva. - disse e ele abriu um sorriso e disse: -Eu que agradeço por você lutar e ser forte como você é, nos daremos muito bem. - disse ele e saiu fechando a porta.

Além das Aparências - Veja além das suas AparênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora