Capítulo 12: "Vestindo a Solidão" parte 3

20 3 0
                                    

SMS:

Júlia:

—Você não vai acreditar de onde que eu saí! Você vai pirar! Xoxo, Cass.

   2 horas depois:  

SMS:  

Júlia:  

—Poderia saber onde você foi se meter? Dormindo é que não está. Xoxo, Cass.

Entrei na loja de tecidos, e fui logo muito bem recebida pela dona Marlene, ela tinha um sorriso aberto e parecia muito animada como sempre. Ela então, disse:

—Então, o que vai querer Cassie dessa vez? — perguntou ela animada.  

—Bom, que tal essa lista enorme? — perguntei mostrando a lista de tecidos das madames.  

—Puxa! a cada dia você está aumentando mais a lista hein? — perguntou ela dando risada.   E eu dei de ombros.  

Quando sai da loja, com vários rolos de tecidos, meu telefone tocou e então, eu atendi:

—Alô? —Falei subindo na bicicleta. 

  —Filha? onde você está? — perguntou minha mãe.

—Saindo da loja de tecidos mãe, o que houve? —perguntei preocupada.  

—Bem, eu estou em casa. Mas, poderia me explicar o porquê os quadros estão no lixo? — perguntou ela curiosa.  

Eu fechei os olhos por alguns minutos, havia me esquecido que eu tinha jogado os quadros fora, e presumi que ela não ligaria. Pois eu estava enganada. 

  —Boa pergunta mãe, posso lhe responder quando eu chegar em casa? —perguntei suspirando.

—Está pilotando? — perguntou ela.

—Sim, estou. — disse e então, ela desligou o telefone.

E como um maquinário, eu comecei a processar a informação: Como eu diria a minha mãe que eu tirei os quadros quebrados porque o meu pai resolveu aparecer do nada e me convidar para fazer o vestido de noiva da futura minha madrasta? era loucura para quem havia enfiado a cara na cerveja. Então, de repente, tive uma brilhante ideia:
Falaria sobre o meu perfeccionismo e Deus abençoaria o resto do papo. E se, eu tivesse Louis e Júlia para me ajudar também, sabe-se lá Deus onde esses dois haviam se metido. Cruzei a avenida principal, e vi uma placa na loja de panquecaria:  

“Precisa-se de garçonete, não precisa ter experiência.”  

Eu sorri e certamente decidi que eu começaria por ali, foi então, que eu pedalei em direção em casa. E quando cheguei, minha mãe estava sentada no sofá da casa, olhando para a estante, ela me olhou e então disse:

—Poxa, você comprou o estoque todo? —perguntou ela sorrindo.  

—Pois é, vou acabar fazendo as roupas de todas as mulheres da alta sociedade da cidade pelo visto. — disse sorrindo: —Como você está? — perguntei a ela dando um beijo na sua testa.  

—Estou bem, com saudades de ir trabalhar. — disse ela confessando.

   —Em breve a Senhora vai, eu prometo. Já falou com o seu chefe? — perguntei sentando ao seu lado.

   —Já. Ele me disse para ficar uns dias em casa, até eu ficar bem. —disse suspirando: —você tirou os quadros por causa de mim? —perguntou ela olhando para o chão.  

—Bem, em partes sim e na outra não. Acho que a Sra precisa seguir em frente mãe. E não, ficar se dando pra qualquer cara para se sentir... quista. —disse completando a linha que eu tinha.  

—Você acha? —perguntou ela mexendo na unha.

—Totalmente. Eu sei que a separação foi uma barra, mas, passou. E eu acho que está na hora de focar na Senhora e deixar as coisas fluírem. O meu pai seguiu, e você tem direito de seguir também. — disse suspirando.  

—Eu só queria ser amada por alguém de novo entende, não queria me sentir tão sozinha. — disse ela confessando, e eu sabia que aquilo era a verdade.  

—A separação foi uma barra dura de suportar sozinha, mas, nunca e jamais estará sozinha. Eu prometo a Senhora. Mas, não precisa sair fazendo loucuras, acho que teve a chance de simplesmente recomeçar. enfrentar a dureza da vida, e seguir em frente. —Disse e segurei nas mãos dela.

—Enfrentaremos isso tudo juntas? —Perguntou ela com os olhos marejados.  

—Não importa o que for, estaremos sempre juntas nessa. —disse sorrindo e ela colocou a cabeça em meu ombro.

—Então, a madame pediu muitas roupas foi? — perguntou ela e eu assenti com a cabeça, e mostrei os desenhos. 

  —Puxa! digna de um verdadeiro Oscar. Ela tem bom gosto não acha? — perguntou minha mãe para mim e eu assenti.  

—Bom, tenho algo para contar para a Senhora, eu e o Louis, bem, nos beijamos. —disse tranquilamente.  

Minha mãe me olhou de boca aberta, me abraçou e me deu parabéns como se eu tivesse sendo premiada por algo. Eu sabia que ela estava feliz por mim, e eu estava feliz por isso também.  

—Além disso, eu vou arranjar um emprego para viver uma vida mais saudável. Entrar para a academia e comer mais saudavelmente. O que a Senhora acha? — perguntei realmente querendo saber o que ela pensava sobre.  

—Eu acho ótimo. mas, Cass, não pegue tão duro consigo mesma está bem? você é linda, qualquer forma que você for. —eu assenti, mas sabia que era mentira.

—Bom, vou subir no meu ateliê e fazer as roupas, tenho que entregar hoje ainda para as madames. — disse suspirando pesadamente.  

Ela assentiu, e ligou a TV. Em parte, sentia pena por minha mãe ser tão incrível e sofrer assim, mas em outra parte, eu achava que era necessário para ela passar por isto.

Cheguei no meu quarto, peguei os tecidos, e fiz mais uma tentativa de me comunicar com Louis e Júlia, e mais uma vez, a tentativa foi falhada. Joguei o celular para o lado frustrada, coloquei uma música, e comecei a colocar as peças no molde e desenhar e recortar.

Depois disso, costurei em cada peça na outra, fazendo baia, fundilhos, e tecidos extras. Distraída, esqueci até do sumiço dos meus amigos, e então, quando eu vi eu fiz o primeiro vestido, e assim focando só parei quando minha mãe bateu na porta dizendo que o jantar estava pronto. Eu realmente não percebi quanta falta eu sentia daquilo, por incrível que possa ser, eu estava cansada de viver sozinha.

Além das Aparências - Veja além das suas AparênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora