Capítulo 1: "Meu Primeiro dia" - parte 3

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para os figurinos, e então, avistei uma garota gorda sendo caçoada pelo grupo de líderes de torcia e futebol, a garota, tinha o seu armário repleto de bolinhos e palavras escritas como "Gorda porca", nos armários.

Ela chorava enquanto colocava no lixo os bolinhos e tentava limpar com um papel higiênico. Ao me aproximar, fui caminhando em direção a ela, quando, no auto falante, ouvimos pela primeira vez, a voz do diretor:

'' Caros alunos, gostaria de informar que está aberto vagas para novos grupos se formarem. Grupos estudantis serão muito bem avaliados e se passarem, serão aceitos.

Entreguem o formulário e me mandem, é isso.'' E o auto falante desligou-se.

Eu me aproximei, e sorrindo disse:

—Primeiro dia? —perguntei pegando os bolinhos do armário dela.

—Não, quem me dera. Bons tempos onde as pessoas não me conheciam. —disse ela com a voz embargada.

—Porque não diz alguma coisa com o diretor? — perguntei baixinho.

A garota de olhos cor de mel, me olhou e debochando disse:

—Acha mesmo que eles vão me ouvir? fala sério, não tenho voz aqui. Se eu tivesse, eu poderia muito bem reportar. O máximo que posso fazer, é aceitar e engolir calada. — disse ela suspirando e limpando as lágrimas.

—Eu sinto muito. Prazer, me chamo Cassie, mas, podem e chamar de Cass. —disse e ela me olhando intrigada disse:

—Julia. Você é novata certo? — perguntou ela me olhando nos olhos.

—Tão obvio assim? — perguntei sorrindo, e Julia assentiu:

—Olha, quer uma dica? não se meta com líderes de torcida, ou, jogadores de futebol.
Principalmente, aqueles que você jamais terá a atenção. — disse ela piscando para mim.

—Gosta de algum deles? — perguntei curiosa, era bom ter alguém para conversar.

—Com certeza, Tyler Lockhood. Mas, ele jamais vai me notar, e você? já escolheu o seu sofrimento? — perguntou ela tirando o ultimo bolinho do armário finalmente.

—Não, e nem quero. Sou muito jovem para isso ainda. —disse olhando para baixo.

—Bom, obrigada por me ajudar com essa bagunça Cass. Ficaria horas aqui limpando se não fosse por você. — disse ela suspirando.

—Claro. Se fosse comigo, eu gostaria que fizesse o mesmo. — disse sorrindo com gentileza.

—Sabe, você vai ter qual aula agora? —perguntou Julia fechando o seu armário.

—Na verdade, eu ia para o grupo de literatura do professor Erick. Ele me pediu que eu me inscrevesse. —disse baixando a cabeça.

—E porque parece que não sabe se é isso mesmo que você quer? —perguntou ela me olhando firmemente.

—Porque é exatamente assim que eu me sinto. Não sei se devo. Depois, do que houve com o grupo de teatro, eu já nem sei mais. —disse acanhada.

—O que fizeram contigo no teatro? — perguntou ela me olhando com atenção.

—Eu me inscrevi para fazer o figurino da peça. Mas, a senhora Hellen desdenhou de mim, e todos em volta. Ela pediu para eu fazer um projeto de figurinos só para não me deixar de lado. E eu sei que é impossível eu fazer 10 figurinos em uma só noite, ainda mais Shakespeare. — disse desanimada.

—E quem disse que não é possível? — perguntou ela me olhando seriamente.

—O que? — perguntei confusa.

—Olha Cass, as pessoas daqui são cruéis. Não suportam ver pessoas diferentes delas. O diferente assusta entende? Então, porque não aproveita o anonimato para fazer algo legal e diferente. Eu estava indo me inscrever no grupo de literatura do senhor Erick, quando recebi uma mensagem de texto, mandando eu vir para cá. Então, eu vim e você sabe... —disse ela abaixando a cabeça.

—Irá ainda? — perguntei sorrindo com alegria por estar indo com alguém que eu conhecia.

—Agora que você falou, eu vou. —disse ela piscando e passando o braço dela pelo meu, e eu sorri.

Era bom ter uma amiga, ou pelo menos, uma conhecida.

Caminhando em direção ao grupo de literatura, Julia me olhou e disse:

—Foi você quem fez a sua roupa? — perguntou ela me olhando com atenção.

—Foi sim. Demorou apenas 15 minutos para confecciona-la. —disse com orgulho.

—Preciso que você faça isso no meu uniforme, é importante aparecer com uma cara nova. — disse ela piscando para mim.

Subimos as escadarias, e fomos caminhando em direção a porta 225, ali estava o professor Erick em pé, encostado na mesa, falando para um grupo de 10 jovens. O professor Erick era alto, magro, e tinha cabelos pretos escorridos e com certeza, tinha bastante gel capilar ali, o cabelo dele brilhava na luz, e o que deixava com cara de professor, era o seu óculo quadrado preto. Assim que eu e Julia entramos, o professor abriu um largo sorriso para nós, e indicou os lugares para se sentar. Nos sentamos, e então, ele disse:

—Muito bem, agora que todos e todas estão aqui. Vamos nesse início de ano letivo, conversamos sobre a obra de Shakespeare, sua trajetória, e sua vida, e com certeza, suas obras de sucesso. Shakespeare, foi um dos grandes escritores no mundo inteiro, com obras de se orgulhar. Mas, Shakespeare também começou do nada e teve que batalhar para chegar até o seu momento de morte. Por isso, eu gostaria que vocês lessem obras de Shakespeare e além disso, biografias sobre ele. Seria interessante discutirmos na nossa próxima reunião. O mais importante que Shakespeare nos ensinou, é que, vale a pena lutar pelo o que se acredita, e seja independe mente de onde saímos ou somos. A liberdade se manifesta até mesmo através da arte. —Ele disse sorrindo para todos nós, e então, o sinal tocou e ele disse:

—Que pena, nossa reunião acabou, tragam o resumo da vida de Shakespeare ainda nessa semana, ficarei feliz em ler com calma e ver a percepção de vocês. — disse ele sorrindo e então, todos saíram.

O Professor se despediu de nós, e fomos em direção as próximas aulas, chegaria em casa cheia de tarefas logo no primeiro dia. E isso para mim não era um problema. O último sinal tocou, Julia se despediu de mim, e eu fui para o ponto. Chegando lá, a garota loira me olhou do alto a baixo e disse:

—Então é verdade? você vai produzir os nossos figurinos sobre Romeo e Julieta? —perguntou ela debochando.

—Será sim. Algum problema? —perguntei ajeitando a alça da bolsa no meu ombro.

—Totalmente. Sua roupa é feia, e não quero que seja você. —disse ela me olhando e erguendo a sobrancelha.

—Porque?! Só porque eu sou gorda? —perguntei e ela deu uma risada e disse:

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