Capitulo 20: "Nova Fase"

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As horas, se transformaram em dias. Os dias se transformaram em semanas. E as semanas, em meses. E os meses, anos. E quando dei por mim, era o final do ano letivo, eu havia passado para o terceiro e único ano letivo, e a minha expectativa era enorme.

Claro que eu era a única que tinha uma profissão fixa na mente, mas, eu ainda sentia a pontada de ansiedade quando se tratava do futuro. A dor da ausência de Louis se transformou mais em saudade, e o fato de não poder ter dito adeus era a pior coisa.
Porém, pelo menos eu tinha a dona Júlia para me fazer a companhia nas férias de fim de ano, e quando decidimos trabalharmos no meio período na lanchonete onde Louis havia trabalhado antes, eu pude sentir que as coisas estavam diferentes.

Eu estava gorda, mas, saudável e aquela alimentação e cuidado com o meu corpo me fizera um bem danado, e quando ergui o chapéu de conclusão do terceiro grau e me vi formada, eu vi o mundo e as suas possibilidades, as portas escancaradas para mim. Nunca mais havia tido noticia de Louis, mas, eu havia chegado na simples conclusão: Fora melhor assim. Por vezes, pensava em mandar uma mensagem para ele, perguntando se ele estava bem ou algo do gênero, mas me contive todas as vezes. Louis estava em outro estado, tendo uma outra vida, e certamente amando outra pessoa. E eu não queria passar a imagem da “ex que não havia superado”, então, exclui o número dele do meu celular, assim não corria o risco de parecer desesperada.  

—Então, nós vamos para qual faculdade? —perguntou Júlia colocando o avental de garçonete do Maddison.  

—Você sabe onde eu quero ir. —disse sorrindo a ela e ela assentiu.  

—Só eu que estou perdia então, pensei em ir a California novamente. Lá tem uma empresa muito boa de designer, quem sabe não faço o curso por lá mesmo e já regresso na profissão. — disse ela sorrindo com orgulho.

—Quem diria não é mesmo? Nós duas aqui trabalhando e falando do futuro. _disse com esperança.  

—MENINAS! MESA 3 E 4, AGORA! — Gritou a madame Ponfrey.

—Saudade dos Michello. &disse Júlia revirando os olhos.  

—Sortudo ele, eu diria. —disse pegando a bandeja e indo em direção a mesa 3, e eu fui até a mesa 4.  

Cada moeda do nosso humilde salário fora ajuntada, em menos de três meses tínhamos uma quantia considerável.

Foi então, que Júlia entrou saltitando no meu expediente e colocou o jornal sob o balcão onde eu estava limpando:

—Jú o que é isso? —perguntei colocando as mãos na cintura.

—Oras! A sua faculdade te chamando. Olha: ‘Faculdade de moda da California, abre vestibular com direito a 50% a 100% de bolsa. Interessados, se inscreva no site e faça a prova gratuitamente.” Cass, é a sua oportunidade de conseguir entrar na faculdade dos seus sonhos! —exclamou ela sorridente e de olhos brilhantes.  

—Jú sabe que mesmo se eu fizer o vestibular eu não tenho condições para pagar o curso se lembrou? eu sou garçonete. — disse revirando os olhos e indo para a mesa 6, que tinha sentado um casal de idosos.

  —JÚLIA ANDREWS, MESA 10 AGORA! — Gritou a madame. 

&Mesmo assim.. —disse Júlia pegando a bandeja e servindo os da mesa 10 enquanto falava comigo: — Se pegar 100% de bolsa, não precisará pagar nada. E pelo que eu sei... — Ela colocou a cerveja na mesa 10 e disse:

— Obrigada, se quiser mais é só chamar — disse ela rapidamente e logo dizendo: — É o seu sonho Cassie, até quando vai ficar servindo mesa nessa lanchonete. — disse ela cruzando os braços irritada. 

—Até conseguirmos juntar o nosso dinheiro integral, você se lembra? — falei sorrindo gentilmente para o casal de idosos e me voltando para o próximo pedido.  

—Cassie pare de ser tola! Sua chance está aqui. A faculdade é tão difícil que eles abrem vestibular de 10 em 10 anos! — exclamou ela pegando mais um pedido. 

—Ela está certa. —disse o Tomas, o chefe de cozinha colocando o hamburguer.  

—Obrigada, Tomas. — disse Júlia e indo em minha direção: & Você precisa fazer, se não fizer vai se arrepender e você sabe disso. —disse Júlia me olhando fixamente nos meus olhos, eu sabia que ela estava certa.  

—Para a sua informação é de 3 a 3 anos e não 10. —disse e ela revirou os olhos e disse:

—Olha, eu sei que coisas novas te deixam ansiosa e você luta contra esses sentimentos todos os dias desde a Bulimia. Mas, Cassie, você é muito mais talentosa do que isso, merece estar construindo seu império e não servindo lanches. —disse ela revirando os olhos e a madame soltou outro berro com a gente.

  —Jú, você precisa entender que não é tão fácil assim. É difícil fazer o vestibular deles. —disse, olhando para ela com atenção, e colocando a taça de sorvete na mesa com uma garotinha de 5 anos que fazia a menor sujeira.

   —Se você fizer, eu vou com você. Podemos morar juntas! o que você acha? —perguntou ela me olhando e eu assenti com a cabeça.

Assim que cheguei em casa, eu estava cansada. Minha mãe, havia recebido uma promoção no trabalho, e a novidade, ela estava namorando, finalmente com um homem só e o melhor, ele era sóbrio.

Eu considerava aquilo um milagre, até porque, nenhum homem da cidade era sóbrio, e era por isso que ele não era daqui. Coloquei o meu jantar para cozinhar no micro-ondas, quando, o meu telefone tocou e era o meu pai:

—Oi minha querida, como você está? — perguntou e com atenção.

  —Oi pai, estou bem e o Sr? — perguntei a ele e ele deu uma risada leve e disse:

—Com saudades. Desculpa não te ver depois do hospital, estamos agilizando o casamento. Falando em casamento, já fez o designer do vestido? — perguntou ele com atenção.

  —Claro, claro. Vou te enviar por e-mail, coloquei recomendações de tecido para a costureira, acho que ela acerta o tecido. Sua futura esposa ficara linda! — exclamei.

  —Não sei o que faria sem você Cassie querida. E aí novidades? — perguntou ele e eu suspirando disse:

—Abriu as inscrições da faculdade pai, aquela que eu te falei, a faculdade dos meus sonhos. Porém, estou com medo de não passar. —disse, me sentindo nervosa por confessar aquela coisa para o meu pai.

   —Filha, querida, você é a pessoa mais capaz e inteligente e talentosa que eu já vi. Por essa razão sei que você vai se sair bem. Lembra do que a terapeuta disse é?! —Perguntou o meu pai e eu repeti a frase da doutora Hellen.

—“A vida, Cassie, vai muito mais além das Aparências.” Eu sei, eu sei pai. Eu só, estou nervosa. —disse e ele disse carinhosamente:

—Você vai conseguir, acredito no seu potencial. É só fazer aquilo que mais ama, é só focar nisso. — disse ele me acalmando, e de fato, fiquei mais calma. 

Assim que desliguei o telefone, peguei o meu jantar, e subi para o meu quarto. Abri o notebook, e pesquisei a faculdade dos meus sonhos, no site, estava escrito:”

Faça sua inscrição aqui”, e ali eu cliquei, e senti a gota do suor descendo na minha testa.

Além das Aparências - Veja além das suas AparênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora