Capitulo 12: " Vestindo a Solidão" parte 1

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Eu estava nervosa, depois que a mãe de Louis desligou o telefone, me sentei trêmula no sofá e fiquei olhando com atenção para a janela. Eu ainda não estava acreditando, mandei mensagem para Júlia, e ela não me respondeu, achei estranho, mas ignorei.

Corri para cima, abri o notebook, e fui em buscar de inspirações para a mãe de Louis, como não encontrei nada de inspirador. Fechei os olhos e comecei a imagem qual perfil teria a mãe dele, era difícil de dizer, afinal de contas, não a conhecia. Mas, pensando na posição política dela, imaginei que seria algo mais clássico e ponderado, foi então, que eu comecei a desenhar, linhas finas, traços mais reforçados, tudo para deixar a roupa mais clássica e bonita possível. Havia feito 5 desenhos como opções, com base que poderia haver mudanças, e então, quando terminei e fechei o notebook.
Suspirei de nervoso, e senti fome. Essa fome era a pior de todas, não era como depois de um tempo sem comer, era fome por nervosismo e ansiedade. E como não ficar não é mesmo? depois de tudo que havia passado durante essas semanas todas. Eu então, fui em direção a geladeira, e peguei tudo que tinha ali, fiz uma mistura e comi como se não houvesse limites. Assim que terminei, e a ansiedade passou, veio a pior parte do processo, o nojo de mim mesma, a vergonha por me fazer passar por isso, veio também a péssima imagem de estar a cada dia mais gorda e precisar perder o peso.
Então, peguei e corri para o banheiro, com a escova de dente bem limpa, coloquei na garganta, e coloquei tudo para fora.   Trêmula, e com nojo de mim mesma, me olhei no espelho, e me vi mais gorda ainda.

Subi para o quarto, abri o notebook, e escrevi dietas para perder o peso, mal li ela direito, e já mandei para imprimir. Pesquisei pela cidade, uma academia, e decidi marcar hora e iniciar a jornada. Não importa o que eu tiver que fazer, eu faria de tudo para perder o peso, se Louis conseguiu, eu também conseguiria. E assim que a dieta foi impressa, peguei a bicicleta, e fui em direção ao mercado, com o cartão de emergência que eu tinha, voltei com as sacolas cheias de compras. Aquilo tinha que dar certo, deixei o dinheiro o suficiente para pagar a academia pelo menos por 3 meses, e logo vi a necessidade de arranjar um emprego de meio período. Tudo isso, para perder peso e ser do jeito como eu deveria ser. E então, eu deixei as coisas na geladeira, e o meu telefone tocou era do hospital, solicitando a minha presença por lá, minha mãe recebera alta antes da data prevista, pelo que eu ficara sabendo, ela já havia se recuperado o suficiente para poder ir embora. Alegre com a notícia, peguei o taxi e fui em direção ao hospital, afinal das contas, ela merecia finalmente chegar em casa.
Assim que cheguei, o doutor me recebeu com muito carinho e disse:

—Bom Senhora, vai se livras daqui finalmente. —disse o doutor brincando.

—Mal vejo a hora de trabalhar. —Disse minha mãe ansiosa.

—Vai precisar de descanso ainda viu? E longe do álcool. — disse o doutor com uma voz mais severa.  

—Sim, senhor. —disse minha mãe.

—Bom, sorte de a Senhora ter uma filha muito boa como Cassie, esteve presente o tempo todo. — disse o doutor e eu sorri com gentileza.  

Minha mãe sorriu, mas, não disse coisa alguma. Eu assinei os papéis, e chamei o Taxi, e em menos de alguns minutos, ela estava em casa. Assim que ela chegou em casa, ela respirou fundo e disse:

—Credo que lugar limpo e organizado. —disse ela olhando ao redor.  

—Bom, eu andei dando uma faxina na casa uns dias desses. — disse sorrindo: — A senhora quer algo para comer? Comprei algumas coisas no mercado. — disse e ela negou com a cabeça.  

—Eu preciso mesmo é deitar. Obrigada Cassie. —disse ela simplesmente, e subiu as escadas e fechou a porta. 

  Eu não sabia como reagir a aquela situação, afinal, eu já me acostumara em ficar sozinha. E de repente, vi que minha mãe se tornou uma intrusa no meio da situação.

Entrei no meu quarto, e então, decidi tomar um banho, e quando terminei, fui em direção do notebook e comecei a desenhar e a pesquisar modelos de vestidos de noiva, quem diria, eu desenhando para uma noiva. Tinha medo de contar algo para a minha mãe, certamente ela iria ser entregue as bebidas, e isso era tudo que eu não queria que ela fizesse. Porém, por outra hora, eu tinha que contar, antes que o meu pai aparecesse pessoalmente até a porta e danasse tudo. Eu estava completamente perdida, e ainda tinha a peça, o desfile e além disso tudo, tinha o casamento e amanhã com a mãe do Louis. Era muito para a minha cabeça. Me joguei na cama, e logo adormeci certa de quem, eu esperava que amanhã fosse um dia bom. Coloquei o celular para despertar cedo, tinha um encontro marcado, e eu não podia atrasar. A noite fora tranquila, e não houve nenhum sonho ou pesadelo.   Acordei com o despertador tocando, olhei no relógio, e não sabia que horas que eram.

Senti um cheiro doce de panquecas, e logo o meu estomago roncou. Assim que desci as escadas, minha mãe estava preparando o café da manhã, e se surpreendeu com a minha presença:

—Filha, o que está fazendo a essa hora acordada? — perguntou ela olhando no relógio da cozinha. 

  —Bom, a esposa, mãe do Louis pediu que eu fosse na casa dela. E o que a senhora está fazendo acordada? — perguntei confusa.

—Tive insônia para variar. Dormir em cama de hospital, é diferente de dormir na sua própria cama. Por isso, decidi ajeitar algumas coisas. — disse ela tranquilamente: — Café, ou Leite? — perguntou ela indicando os copos.  

—Café. Com certeza café. —disse sorrindo e me sentando na mesa.

—Então, esse lance com a mãe do Louis, é sobre o que? — perguntou ela virando a panqueca na panela.

—Ela tem um evento para hoje, e por certo, Louis abriu o bico sobre o meu talento com a costura e designer. Ela me ligou dizendo que o evento é sobre Gala e coisas da alto socialite. Tenho que estar com tudo pronto até hoje, pelo visto. —disse suspirando e pensando no pouco tempo que eu tinha.  

—Certo. E pode me explicar porque só tem ovos na geladeira, e coisas “zero glúten”? —perguntou ela erguendo a sobrancelha.  

—Estou testando uma dieta nova. — disse por fim.  

—Dieta? Mas, você está tão bem. — disse ela com calma e me observando: —Por exemplo, perdeu de peso tão rápido desde que eu te vi pela primeira vez. —disse ela me olhando com atenção.

   —A senhora deve estar vendo coisas, ainda continuo gorda. E custa nada melhorar. Está tudo sob controle, não se preocupe. —disse sorrindo por fim.  

—Falando sobre controle — disse ela suspirando e parando antes de concluir: —Peço perdão pelo que houve comigo. — disse ela e eu pude sentir a sinceridade na voz dela.  
Eu suspirei e disse:

   —Tudo bem mãe. Nem sempre dá para ser de ferro, não é? E aquele cara, Deus, ele estava desesperado. Jurava que tinha morrido. —disse sorrindo e ela deu uma risada debochada.

  —É, não foi uma tarefa fácil para ele não é mesmo? Logo no primeiro encontro. — disse ela colocando a panqueca na bandeja e eu dei uma risada. 

—Mãe? — disse depois de rirmos um pouco. 

  —Sim querida? —perguntou ela distraída colocando a massa na panela. 

—É bom tê-la de volta. — disse por fim, e ela sorriu e me olhou com um brilho no olhar.

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