Júlia me enviou uma mensagem dizendo que Cassie havia acordado, o meu coração se alegrou eu estava com saudades dela. Então, eu logo me levantei, porque havíamos combinado de estarmos juntos no hospital. O clima aqui de casa desde a briga com o meu pai somente piorou, para falar a verdade, meu pai mal falava comigo e quando falava só conseguia dizer:” Hm” o que era melhor do que um grito ou xingo. Com relação a minha mudança, ele não falara no assunto e eu jurava que tinha sido esquecido.
Foi então, que desci para mais uma manhã matinal, onde, meus pais conversavam sobre assuntos da prefeitura, e eu fazia cara de paisagem porque não tinha nenhum interesse naquela área. Sentei na mesa, e fiquei calado, minha mãe lançava olhares nervosos para mim, o que já começou bem diferente, sem compreender, o meu pai sentou-se na mesa e então, disse:
—Marquei uma entrevista de emprego pra você na lanchonete. — disse ele com uma voz seca e áspera.
—Emprego? Pra que? — perguntei colocando a torra no meu prato. Minha mãe olhou para baixo, ela sempre fazia isso com o assunto era complicado.
—Bem, acho que está grandinho demais para ficar nas minhas costas, e se, quer namorar aquela garota, vai ter que aprender a lidar sem a minha influência. — disse o meu pai dando um gole de café.
—Então é isso? — disse incrédulo:— Contrario o Sr. E finge que não dependo mais do Sr.?
— perguntei erguendo as duas sobrancelhas.—Se quer viver a sua vida sem a minha influência, namorando com uma garota como aquela, pode muito bem conviver com o fato de não me ter por perto. _disse ele, sendo frio: — E ainda mais, dou um último conselho: junte dinheiro, e quando tiver o suficiente, junte suas malas e vá para onde quiser. Se não sabe me respeitar, aprenderá com a vida. — disse o meu pai mordendo a torrada.
Me recostei na cadeira ainda perplexo, olhei para a minha mãe vendo se ela iria contrapor, mas, permaneceu em silêncio, apenas comendo levemente como se qualquer barulho fosse despertar a ira do Hulk. Vendo que aquela era a posição oficial do meu pai, e que não haveria como mudar, eu assenti e me sai da mesa. Minha mãe colocou a mão na testa quando sai, e pude perceber a quão transtornada ela estava. Entrei no meu quarto, e então, peguei a mochila da escola, e sai sem nem sequer dizer nenhuma palavra. Peguei a bicicleta e coloquei os fones no último volume do “Spotify”, e quando cheguei na escola, Júlia estava lá, lendo um livro que não consegui ver, acenei pra ela indicando o bicicletário, a escola estava ficando chata sem a Cassie, havia passado uma semana, e tudo estava tão sem graça que não tinha animo para mais um dia naquela escola.
—E aí. — disse Júlia fazendo o nosso toque.
—E aí. — disse suspirando.
—Como não ficou surdo nesse tom de música? —perguntou ela tirando os fones do meu ouvido.
—Sinceramente, tem sido um baita refúgio se eu não escutasse, meu pai só fala coisa que não vale nada. —disse revirando os olhos.
—O que ele disse? — perguntou ela enquanto estava prendendo a bicicleta no cadeado e ajeitando a alça da bolsa.
—Disse que arranjou um emprego pra mim, na lanchonete. E disse que se, eu quero namorar Cassie eu vou ter que juntar o dinheiro e seguir com a minha vida sozinho.
Sem depender das custas dele. — disse, Júlia me olhou incrédula e disse:—E o que você disse? —perguntou ela me olhando com firmeza.
—Nada. Oque mais poderia dizer? Já tem quase uma semana desde a nossa briga, e ele não conversou comigo em nenhum momento. E quando fala, parece que é uma bomba que pode explodir a qualquer momento. —disse exclamando.
—E você vai no emprego? —perguntou ela enquanto começamos a caminhar lentamente pelo jardim da escola.
—Sinceramente? Eu ainda não sei. Mas, estou pensando em aceitar a oferta. — disse e ela assentiu.
—Eu também estou pensando em arranjar um emprego, meus pais estão a cada dia mais insuportáveis. E eu sou emancipada pela lei da Califórnia, justamente por que tive que viajar. —disse ela dando os ombros.
—Então, é isso? Vamos virar emancipados? — perguntei sorrindo e ela sorriu de volta.
—A professora de Teatro está a flor da pele, a peça é daqui há 5 dias e a bonita da Cassie não sai daquele hospital, estou trabalhando no lugar dela, mas você sabe, Cassie nasceu pra isso, eu apenas sou a estagiária. —disse ela suspirando.
—Acha que Cassie sairá do hospital a tempo da peça? — perguntei com receio.
—Sinceramente? Eu não sei. Tenho me dividido entre minha casa conturbada e a casa dela, mãe dela disse que Cassie acordou ontem, e só hoje foi liberado para visitas dos amigos e colegas. Mas, a mãe dela não entrou em detalhes sobre como será depois, acho que Cassie falará hoje. —disse Júlia dando de ombros.
—Eu espero que ela fique bem, sinceramente. — disse suspirando.
—Bom, pelo menos ela não vai levar a bomba esse ano, provavelmente vai passar para o terceiro ano direto, sortuda viu. —disse ela colocando a mão na testa: —Tipo, as provas finais estão para chegar, e em menos de dois meses vamos passar pro terceiro ano, o famoso “ano do terror” —comentou ela sorrindo e eu dei uma risada debochada.
—Vai querer fazer o terceiro ano aqui? —perguntei enquanto entravamos pela porta da escola.
—Eu não sei, tudo vai depender de como eu estiver na prova final. Tipo, eu queria cursar e me formar, mas estou pensando em ir para um outro lugar, pensando aqui em voltar para Califórnia. — disse ela dando os ombros.
—E eu realmente estou pensando nisso. E além das provas finais, ainda tenho o time de lacrosse, que terá uma partida daqui há três dias e eu estou sem cabeça pra isso. — disse suspirando.
—Vocês treinaram bastante nessa semana que Cass esteve fora. — disse ela comentando.
E era verdade, com a ausência de Cassie na escola, me senti sozinho, mesmo tendo Júlia como torcida ainda sentia a falta dela, e tinha sido difícil suportar até aqui. O treinador avisou que, o campeonato estava as portas, e eu precisava treinar ao máximo, já que, eu tinha que ser o capitão.
Mas, a minha mente, só focava em Cassie, e agora que ela estava acordada, eu queria treinar o máximo para que, quando ela voltasse torcesse por mim no campeonato. Ou melhor, torcia que ela estivesse boa o suficiente para se livrar daquele hospital em breve.
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Além das Aparências - Veja além das suas Aparências
RomanceVocê já parou para pensar que suas palavras podem interferir na vida de outra? Não acredita nisso? Tem certeza? Pois eu vou te contar uma história de uma garota normal, que ela me fez pensar duas vezes antes de responder alguém ou até mesmo fazer um...