Capítulo 19: "Última Vez"

11 1 0
                                    

—Sinceramente? Eu ainda não sei. Os doutores estão conversando sobre. Mas, tenho que vir constantemente aqui no hospital mesmo depois da alta. Acho que, em breve estou livre disso tudo aqui, com base nos remédios. —disse Cassie tranquilamente.

—Você ainda sente falta de vomitar? — perguntei curioso.

—Sinto, mas muito pouco do que antes. Me sinto controlada por dentro. Mas, a doutora disse que preciso ainda sim melhorar, melhora ela diz no sentido de gostar de mim mesma. — disse ela sorrindo fraquinho.

—E vamos fazer isso, quer dizer, você vai conseguir. —disse Júlia segurando nas mãos de Cassie.

—Eu realmente espero. Quer dizer, não é fácil lutar contra você mesma, os meus pensamentos me trapaceiam, me sabotam. E eu sei que não é justo, mas, eu não consigo evitar. — disse ela sorrindo levemente e os olhos marejaram.

—Pensa que, você poderá ajudar várias pessoas que passam por esse problema Cass. —disse segurando a outra mão dela.

Cassie me olhou como se nunca tivesse pensado nessa hipótese, e algo diferente transpassou pelo seu rosto. Ficamos ali conversando e eu acabei confessando a minha ideia repentina para elas:

—Estou trabalhando naquela droga daquela lanchonete, treinando lacrosse e lidando com o inferno familiar. & disse bufando: — Sinceramente, as vezes queria pegar as minhas coisas e ir embora para Califórnia, e me formar lá mesmo. —disse suspirando.

—E qual faculdade vai querer fazer Louis? Nunca te perguntei isso. — disse Júlia intrigada.

—Com certeza não é esporte ou lacrosse: —Disse sorrindo e elas sorriram de volta: —Penso em voltar para a fotografia. & disse sorrindo e elas ficaram surpresas.

—Fotografia? Você nunca me disse que gostava de fotografia. —disse Cassie sorrindo para mim.

Eu dei de ombros e disse:

—Eu sofri um certo preconceito quando era criança, amava fotografar. Até que um dia peguei um grandão fazendo algo que não devia, e eu decidi bater a foto. O problema é que, ele descobriu e quebrou a minha câmera e me jogou no latão de lixo da escola. —disse sorrindo e lembrando da cena.

—Que babaca! E aí o que aconteceu? — perguntou Júlia me olhando com curiosidade.

—Bom, e aí que isso gerou um trauma enorme em mim, e até hoje penso se deveria trabalhar mesmo com isso. —disse suspirando.

—Quer um conselho? —perguntou Cassie me olhando com atenção, e eu assenti com a cabeça: —Vá em frente! Faça aquilo que você ame. Se tem uma coisa que eu aprendi nessa vida de hospital e costura, é que, só mostramos o nosso valor quando, fazemos aquilo que mais amamos sem nos importarmos com o resto. Por isso, invista naquilo que você gosta de fazer. — disse ela simplesmente.

Eu sorri e beijei o dorso da sua mão.

—Por favor, faça com que ele compre a câmera Jú, se for necessário bate nele até ele ir em frente. — disse Cassie a Júlia que deu uma risada e concordou com a cabeça.

Ficamos ali até a enfermeira estragar o nosso barato, nos despedimos de Cassie, e saímos pela porta do hospital animados e felizes por ela estar tão bem. Acho que nunca vira Cassie tão bem quanto eu estava vendo-a ali naquele momento. Quando me despedi de Júlia na frente do hospital, minha mãe estava ali na frente, de sobretudo e calça jeans, não estava frio, mas, minha mãe adorava ser sútil e discreta.

—Mãe? o que houve? —perguntei preocupado.

—Nada. Decidi dar uma caminhada e conversarmos um pouco. Podemos? — sugeriu ela indicando o caminho.

—Podemos, claro que podemos. —disse sorrindo levemente.

A brisa do começo da noite refrescou a cidade, e enquanto eu empurrava a bicicleta, minha mãe e eu caminhávamos lentamente, ela então, disse:

—Como vai Cassie? —perguntou ela puxando a conversa.

—Ela está muito melhor mãe, tipo, muito melhor mesmo. Está fazendo terapias, tomando a medicação, e em breve, ela sai desse hospital nojento. — disse e ela abriu um sorriso tranquilo, mas, olhava para frente.

—Isso é realmente muito bom meu filho, fico feliz por Cassie, por vocês dois. —disse ela suspirando.

Parei no meio do caminho, sabendo que algo havia de errado, foi então, que eu nervoso disse:

—Porque está aqui? porque está perguntando de Cassie? — perguntei e ela suspirando, me olhou com os olhos cheios de lágrimas e disse:

—Seu pai está irredutível, e hoje pela manhã, eu avistei esta carta que pelo visto, é um retorno. E como eu abri e vi do que se tratava, achei justo você saber primeiro antes que ele fale com você, ou, qualquer outra pessoa. — disse ela tensa.

&Mãe, o que está havendo? — perguntei confuso.

Minha mãe segurou em minha mão, e inclinou a cabeça sob o meu ombro e disse:

—Lembro quando você nasceu, tão pequeno, indefeso, mas tão forte. Você nasceu prematuro, sua médica disse que não poderia sair do hospital tão cedo até conseguir o seu peso ideal, mas aí, você mostrou para ela que ela estava errada, e cresceu e se fortificou tanto que nem parecia aquele bebê prematuro. Ali, eu vi a sua força, e o tamanho da sua coragem. —disse ela sorrindo levemente.

&Mãe, porque está me dizendo isso? — perguntei confuso e já tenso.

Minha mãe sorrindo, com as lágrimas escorrendo nos olhos, disse:

—Quero que saiba, que eu amo você e que, sempre vai poder contar comigo, porque sou sua mãe. E quero que saiba que eu não pude intervir, porque tenho medo dele. — disse ela confessando baixinho.

—Mãe, o que está havendo? — perguntei tenso.

—Seu pai escreveu uma carta com os seus dados, uma transferência de escola na Califórnia. É uma escola integral, onde disponibiliza cursos profissionalizantes e ensino médio completo. Ele te inscreveu, e você recebeu a bolsa de 100% de estudos.
Seu voo sai amanhã. — disse ela rapidamente, e o meu queixo abriu.

—O quê?! —Exclamei confuso e incrédulo.

—Eu sinto muito Louis. —disse ela chorando e me deu um abraço.

—Mãe, eu não vou. — disse relutante

—Filho, acho melhor você ir. Pode ser sua chance de viver longe disso aqui, longe do seu pai, longe... —disse ela chorando copiosamente.

—Cassie... —disse sussurrando, quase inaudivelmente na orelha dela.

—Eu sinto muito... eu sinto... muitíssimo. — disse ela chorando em meu peito, e eu não sabia como reagir.

—Mãe, escuta, olha, você não tem culpa de nada. Eu... só... não acredito!
—Disse furiosamente.

Além das Aparências - Veja além das suas AparênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora