Capítulo 22: "Hora do Casamento"

12 2 0
                                    

Acordei Júlia quando estacionamos o carro, ela balbuciou algumas coisas e eu tranquei a porta do carro e o alarme também. Subimos no elevador, e quando chegamos no apartamento, Júlia foi bocejando até o quarto dela, e ali adormeceu. Eu sorri ao vê-la daquele jeito, e então, tomei um banho e peguei o notebook. Na pesquisa, joguei o nome de Robert e apareceu inúmeras notícias, como nomes relacionados, pesquisei o nome de Louis, mas não houve nenhuma citação dele no enterro. Na fotografia, Sra.
Laura estava com os óculos escuros com um rosto abatido, e estava abraçada com uma mulher que eu não conhecia, em a baixo delas estava o caixão aberto, mas a câmera pegou a parte de trás. Aquela foto me deu uma sensação ruim, e então, fechei o notebook, e deitei na cama, pensando sobre o dia, sobre a festa, sobre o possível futuro que me aguardava acabei adormecendo e tive um sonho um pouco estranho que quando acordei não me lembrei de nada.   Foi então, que quando acordei, eu estava de vestido ainda e sonolenta troquei a minha roupa e fui para a sala e me joguei no sofá.

Júlia apareceu logo em seguida, com uma xícara de café forte e disse:

—A nós! — disse ela dando um grande gole e eu dei um outro gole em seguida.

—O que faremos hoje?— perguntei suspirando e ela deu de ombros.  

—Hoje é Sexta, então, não vejo algo de bom para fazermos. — disse ela e eu concordei.  

—Estou ansiosa para o início das aulas, você não está?— perguntei e Júlia dando mais um gole do café disse:

—Demais! Eu não vejo a hora, de verdade. — disse ela suspirando: —Quem sabe não encontro um gatinho para chamar de meu. —disse ela e eu quase engasguei com o café.  

Meninos, está aí um papo que nem eu e nem Júlia nunca tivemos.

 Nunca compreendi o fato de as meninas conversarem como garotos nas séries ou filmes. Júlia então disse:

—Não é impossível está bem?! Eu também tenho sentimentos. Apesar de achar que não preciso de homem nenhum. — disse ela com simplicidade. 

  —Eu te compreendo amiga, não dá para fazer tudo nessa visa não é mesmo?— perguntei e  ela assentiu: — O que vamos comer hoje? — perguntei curiosa me levantando e indo em direção a cozinha.  

—Bom, eu pensei em irmos em um restaurante da esquina, o que você acha? —sugeriu Júlia me olhando com atenção.  

 —Você sugerindo restaurante? Não brinca! —comentei incrédula.

   —Qual é! Uma vez na vida não faz mal. —disse ela e eu disse:

—Está coberta de razão. Vou me trocar e pegar a bolsa. —disse sorrindo e depois de alguns minutos, estávamos prontas e fechando o apartamento.  

Decidimos ir a pé mesmo, afinal de contas, precisávamos conhecer um pouco da cidade. E enquanto caminhávamos Júlia ia contando:

—Estou pensativa em como vai ser quando estarmos formadas, temos que nos separar?
— perguntou ela, mas, parecia tranquila com a pergunta.  

—Já está pensando em como vai ser sem mim? Não estou acreditando nisso! — comentei colocando as mãos na cintura e Júlia me deu um soco leve no meu braço.  

 —Não, não é isso. É que, escolhemos uma faculdade diferente, e eu não sei como vamos lidar com isso. — disse ela suspirando.

Abri a porta do restaurante, e nós entramos, a garçonete nos trouxe o cardápio o restaurante estava mais ou menos cheio.

E quando decidimos o nosso pedido, a garçonete saiu e Júlia voltou com o assunto de antes:

—Eu sei que não nascemos grudadas, mas, eu não queria me separar de você. Não agora, não nessa fase da vida. Acho que nunca me imaginei longe de você, estamos juntas tem anos! — exclamou ela me olhando e eu segurei em sua mão e disse:

—Não podemos pensar nisso agora, nossa formação vai demorar anos. Por isso, temos que ficar pensando no agora, que no caso tem a minha fome gritando! — comentei sorrindo e Júlia sorriu de volta e não tocou no assunto mais. 

  Assim que o nosso almoço chegou, comemos em silêncio, a convivência faz com que respeitamos os nossos momentos, e aprendemos que, quando comemos precisamos de paz. Comemos em silêncio e então, eu disse:

—Você já pensou em como seria a nossa vida se não tivéssemos saído de Chesterville?
sei lá, eu me sinto tão leve e eu mesma fora daquela cidade. Como é possível? — perguntei curiosa e ela dando uma garfada no bife acebolado respondeu:

—Bom, na verdade, eu nunca me imaginei morando por muito tempo por lá, e quando eu fui ontem, eu me senti completamente mal. Eu sei que eu conheço a cidade de cabo a rabo, mas, não me senti em casa, então, eu sei bem do que você está falando. —disse ela e eu assenti.

—Sorte que o casamento do meu pai não será lá, estou muito mais aliviada. — disse suspirando e dando um gole no meu suco natural.   

—Nem me fale, falando nisso, sabe que dia vai ser? — perguntou ela me olhando com atenção.

   —Tudo indica que será no começo do ano letivo, ele remarcou tantas vezes essa data que eu nem sei quando será. Mas, acho que lá por meados de março ele casa. Temos que encher o tanque inclusive, e alugarmos em um hotel. — disse suspirando e já pensando no dinheiro que eu gastaria.  

 —Achei que confeccionar o vestido da noiva já dava o passe de "todos os gastos pagos" — disse Júlia tomando um gole do refrigerante dela.  

—Bom, eu também né, mas, fazer o que a vida é assim. —disse dando de ombros.  

Voltamos para casa de barrigas cheias, eu estava já preparando tudo o que eu iria precisar para a aula. Estava nervosa afinal, não é todo o dia que fazemos faculdade da profissão que amamos. E quando chegou à tarde, o carteiro me entregou a pilha de livros da faculdade, uma cartinha de "Boas vindas" e uma escala dos horários das aulas.

Animada Júlia e eu fizemos uma pequena comemoração e eu logo decidi correr para comprar os cadernos e tudo o que eu iria precisar.

Além das Aparências - Veja além das suas AparênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora