Os meses se passaram, como uma tempestade. Louis se recuperou da surra, mas, não conversamos mais. Enquanto ele esteve de recuperação, Julia havia feito o trabalho sujo da peça na escola, e no fim, no último ensaio, Louis conseguiu comparecer.
Ele havia me ajudado um pouco, mas, não da forma com gostaria e enquanto os dias foram se passando, a peça foi ficando pronta e eu também para o espetáculo. Além das horas no teatro, havia arranjado um emprego em uma loja de roupas e modas, vendia as peças muito bem, porém, era tudo muito sutil e humilde.
E com o dinheiro, fui juntando para investir na minha carreira ou em outra que eu pudesse investir. Julia ia me visitar com uma certa frequência, ela gostava de me atualizar nos babados da sala, a cada dia que eu focava no teatro, mais desligada das aulas eu ficava. Apenas entregava os trabalhos, e por vezes, saia mais cedo das aulas, Julia me justificava, ou a professora me justificava. Tudo era muito intenso, e as vezes, eu me perguntava quando que isso irá acabar.
A vida era uma montanha russa, nem sempre estamos no topo, ou estamos por baixo. É um mix de sentimentos e pensamentos que por muitas vezes, não sabemos explicar. É bem verdade que, estive por maus bocados na escola, mas, com tudo, algo estranho dentro de mim aconteceu, e foi por causa de Louis.
Ele me ligou era 22:00 horas da noite, e com um ar de mistério, me deixou um tanto quanto preocupada:
—Cass? — perguntou ele assim que eu atendi o telefonema.
—Louis. —Repeti o nome dele com um tom neutro.
—Pode aparecer na janela? — perguntou ele e eu estranhei a pergunta dele, e fui até a janela.
Louis estava na rua, montado em uma bicicleta, ele abriu um largo sorriso e eu achei aquilo estranho. No telefone, eu disse:—O que você está aprontando? — perguntei sorrindo desconfiada. —Será que dá para você descer? preciso te mostrar algo. — disse ele sorrindo.
—Mas, esta tarde. — disse sorrindo.
—Bem, é rápido. Eu te prometo, Cass, por favor. — disse ele suplicando.
—Está bem. Já vou, aguarde aí. —disse a ele e desliguei.
Rapidamente, troquei de roupa e fui em direção a porta pegar as chaves do cadeado.
Foi então, que eu sai pela porta, aproveitando que minha mãe não estava em casa naquela noite.—O que está fazendo aqui? — perguntei sorrindo e curiosa.
—Pegue sua bicicleta, vou te mostrar algo. —disse ele sorrindo, e eu dei de ombros e fui correndo na garagem para buscar a bicicleta.
Subi na bicicleta, e juntos fomos pedalando pela rua, ele então disse:
—Eu sei que eu fui injusto com você, dei minha palavra de que eu iria te ajudar no projeto mesmo não querendo. — disse ele sorrindo e eu dei uma risada de volta :
— Por isso, achei justo fazer algo que te ajude. — disse ele.
—Será que poderia parar de ser misterioso e me dizer onde que estamos indo? —perguntei falando alto e minha voz ecoando pela rua deserta.
—Bom, dica: Vamos para a escola. — disse ele piscando e eu olhei incrédula e ele pedalou mais rápido do que eu, me deixando sozinha completamente.
Eu tinha que confessar: eu sempre fui de guardar os sentimentos, mas, ali naquela bicicleta, me senti completamente livre para pensar e sentir. Louis estava lindo naquela bicicleta, com os cabelos aos ventos, e o sorriso realçando na escuridão da noite.
E mesmo não o conhecendo completamente, Louis me deixava ainda mais curiosa para conhece-lo. Pedalei mais rápido do que ele algumas vezes, porém, ele por ser atleta, conseguia mais foça e resistência. Assim que chegamos na escola, Louis parou e colocou a bicicleta de qualquer jeito no bicicletário, e eu fiz o mesmo.
Ele sorrindo, abriu a porta da saída de emergência, e me surpreendeu com o fato dela estar aberta, paralisei na porta e ele sorriu e disse:
—É a porta da Saída, tem que ficar sempre aberta. — disse ele sorrindo e eu revirei os olhos e nós entramos.
A escola estava vazia, e totalmente escura. Era estranho ver a escola daquela forma, eu estava acostumada a ver ela sempre animada, agitada e com muito barulho. Mas, dessa vez, pela primeira vez, eu me senti em casa na escola, dava para acreditar? Louis foi andando na frente, pelos corredores escuros da escola, e eu fui atrás olhando para todos os lados com medo do que poderia vir.
Foi quando, entramos no teatro, e eu parei, olhei para ele e falei:
—Louis, o que você está aprontando? —perguntei com receio.
—Bem, vejamos, eu fiquei sabendo enquanto estive me recuperando, que você andou descabelada por aí fazendo figurinos. Certo? — perguntou ele sorrindo e eu assenti.
E ele prosseguiu:
—Pois bem, eu estou nessa há muito tempo. E como fiquei parado, resolvi fazer uma pequena surpresa. Responda-me: Você conseguiu concluir todos os figurinos? — perguntou ele, e eu neguei.
Era bem verdade, eu realmente não tinha conseguido concluir tudo. Até porque, eram mais de 20 personagens, e desesperada por conciliar os dois: Escola e Teatro. Não conseguia fazer todos os figurinos, de todos os personagens, o que me deixava bem frustrada, porque, como vocês sabem, eu sou perfeccionista.
A questão em aberta de Louis me deixou mais curiosa ainda, o que será que ele estava aprontando?
—Muito bem Cassie, feche os olhos. E deixe que eu guie você. — disse ele colocando as mãos nos meus olhos.
Mesmo sendo um jogador de Lacrosse, Louis tinha mãos leves e suaves, o que me deixou bem impressionada. A sua presença, me deixava um pouco nervosa, mas, agora, com o seu toque, o nervosismo havia aumentado por 100.
Escutei a porta do teatro se abrir, e então, ele foi dizendo na minha orelha:
—Muito bem, mais alguns passos. Estamos no meio do teatro. — disse ele e o meu corpo se arrepiou.
—Se for uma brincadeira de mal gosto... — e ele me interrompeu.
—Lhe garanto que não é. Dou-lhe a minha palavra. — disse ele e eu fiquei em silêncio.
Depois de alguns passos, ele tinha dito que havíamos chegado nas primeiras poltronas
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Além das Aparências - Veja além das suas Aparências
RomanceVocê já parou para pensar que suas palavras podem interferir na vida de outra? Não acredita nisso? Tem certeza? Pois eu vou te contar uma história de uma garota normal, que ela me fez pensar duas vezes antes de responder alguém ou até mesmo fazer um...