Capítulo 10: "Você Aceita?" - parte 3

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Fiquei sentada esperando meu pai terminar de comer, em silêncio fiquei em pensando em querer correr pela rua. Só para não ter que fugir daquele momento totalmente chato. Assim que o meu pai acabou, eu fui lavar a louça, e então, ele disse:

  —Olha, eu sei que a minha separação com a sua mãe, não foi o que você queria ou até mesmo esperava. Mas, filha, não demos mais certo e é necessário crescermos. — disse o meu pai. 

O meu sangue subiu, ferveu feito lava, e então, eu disse:

   —Pai, o senhor não tem o direito de vir aqui. Logo no primeiro dia depois de anos e me pedir ajuda concernente ao seu casamento novo. Não posso resolver problema como este. E agora, se o senhor me der licença, estou de saída. Tenho alguns compromissos na escola. —disse a ele e tampei o macarrão para depois. 

Meu pai então, pegou do bolso um pedaço de papel dobrado, e então, se levantou e disse:

  —Eu sinto muito. — disse ele para mim, e eu suspirei e fui em direção a porta, e fechei ela.

Ali, eu quis gritar, quebrar tudo, dizer o quanto eu odiava aquilo tudo. Mas então, fiz algo muito pior do que qualquer dessas coisas. Peguei a panela de macarrão e comi ela, compulsivamente, intensamente, eu estava com raiva, eu estava cansada, eu estava pesada, eu queria me livrar daquilo tudo. Comi, com lágrimas escorrendo em meus olhos, sempre que ficava pressionada eu fazia aquilo.

Me olhei no espelho, e me vi mais gorda ainda, como se eu de fato, fosse um peso morto no mundo. O meu telefone tocou, e então, eu não quis atender, comi mais um pouco, eu senti tanta, mas tanta fome. Eu queria tanto parar de sentir essa fome toda. E então, foi comendo, compulsivamente, como se eu não comesse a anos, eu estava cansada de me ver daquele jeito. Gorda, feia, e inútil, um peso morto no corpo. Então, o meu telefone tocou novamente, e caiu na caixa postal: 

—Oi Cassie, sou eu sua melhor amiga. Louis e eu estamos passando por aí, espero que a barra toda já tenha sido aliviada. Um beijo. 

O telefone fez o toque, e então, eu corri para o banheiro, e comecei a vomitar.
Coloquei tudo aquilo que estava errado dentro de mim, eu não podia ser gorda, eu tinha que perder peso. O que diabos estava fazendo? então, assim que terminei, escovei os dentes, e coloquei a panela de volta no fogão. E então, sai e sentei na sala e liguei a Tv, quando a campainha tocou depois de alguns minutos.

Quando eu abri, Júlia estava sorridente, e Louis com uma garrafa de café, e então, Júlia disse:

  —Olá minha melhor amiga! Como estão as coisas por aí? — perguntou ela olhando atrás de mim, e eu abri a porta.  

—Entrem. Meu pai já foi. — disse pro fim.  

Louis, deu um beijo na minha testa como de costume, e era gostoso o seu carinho, e confesso que era disso que eu estava precisando.  

— Como você esta? — perguntou ele baixinho. 

—Estou bem, apesar do estresse. — disse sorrindo e fechei a porta. 

—Bom, trouxemos alguns filmes, e pipoca, e Louis o café. —disse ela como se fosse algo simples.

   —O que seu pai queria? —perguntou Louis, ele era sempre direto e eu realmente gostava daquilo.  

—Louis! A gente combinou. —disse Julia repreendendo-o e ele deu de ombros.  

—Não, tudo bem Júlia. Não precisam planejar nada para saber sobre a minha vida. Meu pai veio aqui por puro interesse, ele queria que eu apoiasse a felicidade dele, para o nosso casamento. —disse me jogando no sofá, Júlia fez o mesmo. 

—Puxa que barra! —comentou Louis, sentando no meu lado.

   —E a sua mãe? Ele perguntou dela? — perguntou Júlia, e eu assenti com a cabeça.  

—Eu disse que ela estava trabalhando, como posso dizer que ela teve um coma alcoólico por causa dele? É ridículo! — exclamei colocando a mão na cabeça.  

—E fez bem em mentir. — disse Louis com sinceridade. 

—Sim, eu também acho. —Concordou Júlia.

  —E antes dele chegar, o hospital ligou, minha mãe acordou e quer me ver. Vou no hospital vê-la, vocês podem ir comigo? — perguntei suplicando, e realmente precisava da companhia dos meus amigos no momento. 

Júlia logo topou, e Louis pegou o celular para avisar a sua mãe. Era estranho ter o filho do prefeito ao meu lado, ao mesmo tempo que eu me sentia alguma coisa, eu realmente me sentia um verdadeiro verme. Assim que ele desligou o celular, e fez o sinal de joia com o dedão. Júlia então, disse: 

—Bom, queremos assistir um filme de terror depois do hospital, você topa né? —perguntou Júlia.

—Mas, é claro. A visita é as 16:00 horas, então, temos um pouco de tempo. —disse com simplicidade. 

Júlia então, como já estava em casa, pegou o café e colocou na mesa, e então, viu o pedaço de papel e disse:

   —Cass, o que é isso? —perguntou ela mostrando o pedaço de papel.  

—Bem, é algo que o meu pai deixou. Eu nem abri. —disse suspirando e não dando importância.  

—E você não vai abrir? — perguntou Júlia curiosa. 

—Quiser abrir fica à vontade, não vou abrir. —disse por fim. Júlia então, abriu o papel, e soltou um grito de surpresa, para ela gritar, era porque realmente era incrível e inovador.  

—Cass, você não vai acreditar! — exclamou ela surpresa.  

—O que foi? Porque está gritando? — perguntou Louis, correndo em direção a Julia, que leu e colocou as mãos na boca.  

—Podem falar, o que que é? — perguntei já ficando curiosa. 

  Julia esticou o papel na minha direção, e então, quando eu peguei, eu li e reli umas três vezes:

  —Ele só pode estar de brincadeira! Diz para mim que isso é brincadeira Júlia? — falei perplexa.  

—Bem que eu queria. Cass, isso é a oportunidade de ouro, você tem que aceitar. —Exclamou ela para mim.  

E então, Louis assentiu, pela primeira vez, eu realmente estava surpresa com o que o meu pai estava fazendo por mim. Não imaginei que ele queria literalmente o meu apoio no casamento maluco dele.

Mas, agora, eu sabia que era a verdade, o meu pai queria que eu fizesse o vestido de noiva de Elisabeth, um vestido luxuoso e tinha até as medidas no papel, eu li e reli umas três vezes e então, Louis disse:

  —Já são 15:30, hora de ir para o hospital. —disse ele e eu fiquei paralisada, sem saber como reagir.

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