Capitulo 1: "O meu primeiro dia" - parte 4

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—Não só por isso. Mas, porque não acho você qualificada. —disse ela com clareza, todos estavam me olhando.

—E quem decidi isso não é você, e sim a senhora Hellen. —disse e ela me fuzilou com os olhos.

—Escuta aqui balofa, você não pode falar assim comigo. Quem você pensa que é? — e então, ela fez algo totalmente desprezível, me empurrou, e eu perdi o controle das pernas, caindo sob uma lata de lixo e obviamente, todos viram.

Eu abaixei a cabeça, o ônibus chegou, me levantei com dificuldade, e então, todos ao meu redor começaram a rir, isso foi o bastante para um dia só, imagina como seria durante o resto do ano?

Cheguei em casa cheirando a lixo, minha mãe estava em casa, e assim que eu cheguei, mal deixei ela falar comigo, subi as escadas e me tranquei no quarto, suspirando e cansada, não consegui conter as lágrimas. Chorei sentada sob o meu tapete, fui caminhando em direção ao meu banheiro, houve uma batida na porta, minha mãe falou baixinho na porta:

—Querida?! Que cheiro é esse? o que está havendo? — perguntou ela com uma voz preocupada.

Limpei as lágrimas, e então, eu disse com a voz ainda embargada:

—Eu estou bem. Só houve um problema com o lixo, vou ficar bem mãe. —disse e corri para o banheiro.

Não consegui me olhar no espelho, eu só sabia chorar. Eu queria que fosse um início de ano fácil e caloroso, mas, tudo que eu obtive, foram comentários maldosos e olhares que eu não conseguia decifrar. Me veio Julia em minha mente, e na forma horrorosa em como tratavam ela. De repente, me senti sem voz também, me senti impotente, me senti fraca, lutando ou tentando manter positividade em algo que não dava para ter. Após o meu banho, me senti um pouco melhor, e então, abri a porta do meu quarto, minha mãe veio com os braços abertos e disse:

—Dia difícil minha querida? — perguntou ela me dando um abraço quente.

—A senhora não faz ideia de o quanto. —disse suspirando.

—Fizeram algo com você? Você parecia tão chateada e, aquele cheiro... — disse ela com a voz fraca.
Eu parei para pensar, raramente mentia para a minha mãe, ou para o meu pai. Eles eram tão doces, e batalhadores, havíamos construído uma relação sem mentiras.

Porém, eu me senti tão cansada, e achei que não deveria dizer nada e disse:

—Não houve nada. Só um problema com o lixo. Eu estou bem. —disse sorrindo fraquinho. Minha mãe beijou a minha testa e disse:

—Você é a garota mais forte e gentil que eu já vi na vida. Sabe que pode contar qualquer coisa para nós não sabe? — perguntou a minha mãe, e eu assenti com firmeza e escondi a vontade de chorar em seus braços.

Eu não era, mas uma garotinha, eu precisava se forte e encarar as minhas dificuldades.

Falando em dificuldades, me lembrei dos figurinos, e então, eu saltei na cama e minha mãe logo me soltou e disse:

—Algo de errado? —perguntou ela me olhando curiosa.

—Não. De forma alguma. Mãe, me fala sobre o que sabe sobre Shakespeare? — perguntei olhando curiosa para minha mãe, ela ergueu a sobrancelha curiosa e disse:

—Um escritor e tanto. Com obras incríveis. Mas, o que quer saber? —perguntou ela me olhando curiosa.

—Bom, tenho dois trabalhos par a fazer dele. Um, vou tentar a vaga de figurinista no teatro da escola, e a peça é sobre "Romeu e Julieta", tem alguma ideia sobre o que eles usavam? — perguntei suplicando.

—Bom, Shakespeare era de um tempo antigo, eles usavam roupas antigas, porém, mesmo sendo antigo era moderno. Use cores fortes, como vermelho, amarelo, azul e verde esmeralda. Use estampas florais, ou estampas fortes: listras, círculos e tudo mais.
Já vai ajudar. —disse ela com doçura.

Eu assenti, e então, passei o resto da tarde desenhando em produzindo, pesquisando sobre Shakespeare, e fazendo os dois trabalhos.

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