Capitulo 23: "Cassie Assunto do Momento?!"

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—Bom, não fui eu. Foram os meus amigos. —disse dando de ombros. 

  —Olha, eu queria ter a sorte que você teve. —disse ela sorrindo e disse: —E você fez o vestido da prefeita da sua cidade também não foi? Aquele vestido ficou tão lindo! Você tem tanto talento. Espero que eu caia na sua sala. — disse ela falando rapidamente, e eu dei uma risada e disse:

—Veja bem, o que eu sei não é nada comparado ao talento que você tem. E tenho certeza total disso. — disse sendo simpática. 

  —Olha, aposto que todos vão se lembrar de você por aqui, foi usada até como exemplo nas melhores revistas de moda e costura, você não pode simplesmente fingir que colheu manga da arvore. —disse ela passando a mão pelo o meu braço e eu achei aquilo legal.

Sem querer, acabei fazendo amizade e descobrindo uma fama que eu nunca imaginei tendo.  

A fila foi diminuindo, e quando chegou a minha vez e eu entreguei o meu papel, a recepcionista me olhou e disse:

—É a menina da revista? — perguntou ela me olhando com atenção.  

 E eu assenti com a cabeça, e todas em volta me olhando surpresas.  

 —Eu sou sim. — disse com timidez.  

 Uma senhora que estava ao lado dela, que parecia ser mais velha, disse:

—Ponha ela na minha turma, estou curiosa com isso. —disse ela com autoritarismo, a moça logo assinou no papel e disse:

—1 ano A Cassie. —disse ela com delicadeza. 

  —Obrigada, qual a sala? —perguntei curiosa.  

—335 —disse a moça me olhando com um brilho diferente no olhar.  

Eu esqueci completamente da entrevista e do momento mágico com Kim no desfile da cidade, jamais imaginei que as pessoas comentavam o meu nome. Os cochichos e os olhares demonstravam o quanto eu estava perdida no assunto e jamais achei que tantas pessoas fossem se importar com a minha presença. Aquilo, me deixou um pouco mais nervosa, e com o exercício de respiração que eu aprendi na terapia, logo encontrei a minha sala e mantive a paciência. Olhei para a plaquinha, e abri a porta que continha uma janela de vidro, me sentei no meio da sala e esperei com paciência.

Desejei que Júlia estivesse comigo, pelo menos, nesse momento constrangedor.

Assim que eu sentei na cadeira, consegui respirar, pelo visto, todos sabiam da minha existência e conforme o pessoal foi entrando e me olhando com olhares curiosos eu quis me afundar. Mas, firmemente, fiquei ali parada esperando o professor ou a professora entrar na sala, depois de uns 15 minutos, a garota chamada Carla Bayer apareceu sorridente e dizendo:

—Consegui ficar na sua turma. — disse ela comemorando e se sentou em minha frente.

—Meus parabéns! —comentei sorrindo com alegria e ela se virou e disse:

—A madame quis ficar com você? Puxa! Ela deve gostar real de você.— disse ela comentando.

—Eu nem sei o porquê, tipo, pelo visto todos me conhecem. Mas, porque ela toparia me ter em sua turma? — perguntei confusa, Carla me olhou e disse:

—Não faz a menor ideia de quem ela possa ser?—perguntou ela incrédula.  

E eu neguei com a cabeça.  

—Madame Dorcas...— disse ela tentando que eu tivesse a noção de quem ela era.

—Eu não faço a menor ideia de quem seja essa tal de.... —e de repente, a figura de uma mulher com os seus 60 anos apareceu na porta, com o olhar sob os óculos redondos e um sobretudo vermelho com desenhos amarelados uniformes. E com a pele bem clara e cabelos grisalhos.

—Boa tarde turma. — disse ela com seriedade.  

—Boa tarde. — Todos disseram em um coro.

—Sejam todos bem vindos a nossa instituição de ensino, sou Madame Maria Eugênia del la Persa, e serei a mentora de vocês durante todo o nosso curso. Como de praxe, é importante eu ressaltar a importância da profissão que estão decidindo tomar, não é pelo luxo, glória ou fama. Mas sim, pela essência da cultura e arte de confecção. Há milênios estamos lutando e nos reinventando para mantermos a moda em um nível profissional, e a moda só se torna profissional quando formamos bons profissionais. Se querem estudar moda e serem bons profissionais, receio que vocês lutem contra a preguiça, cobiça e altivez. Bom, agora, gostaria de saber os seus nomes e origens. —disse ela olhando a sala por trás dos óculos.  

E aí foi o terror, aluno por aluno foi dizendo os seus nomes e de onde vinham, até que, quando chegou a minha vez, a madame pulou para o colega de trás de mim, e eu não compreendi muito bem. Então, ergui a mão e disse:

—Com sua licença madame, eu ainda não falei. —disse e todos me olharam.

—Como?! —Perguntou ela me olhando com atenção, ela sabia que eu tinha sido a única que não havia me apresentado.

—Bem, eu ainda não me apresentei, A Sra. me pulou. — disse com a voz mais fraca.

—Oras, veja só, achei que não fosse deveras necessário. Afinal, todos da escola te conhecem Cassie. —disse ela me olhando e retirando os óculos do rosto e colocando em cima da mesa.  

Eu olhei em volta, e todos deram uma risada abafada.

Era mesmo verdade que todos me conheciam? E por causa disso não deveria ser tratada como todos?

A professora, dei a volta sob a mesa de madeira, e puxou o quadro negro para a direita e prosseguiu:

—Agora, nós vamos estudar sobre a história da moda. Tudo começou quando os povos antigos sentiram a necessidade de se protegerem, o corpo é claro do frio, do calor e dos tempos ruins. E com isso, surgiram os primeiros panos e tecidos, feitos de obras primas como: pele de animais, folhagens e tudo mais. Nisso foi 600 mil anos a.C. onde o homem surgiu com os primeiros tecidos e... — Eu ergui a mão e ela e toda a classe me olhou, e eu engolindo disse:

—Mas, onde está a igualdade? — perguntei já com o coração na boca.

—Como?!  —Perguntou a madame me olhando.

—Não é só porque sabe o meu nome, ou a minha origem que me conhece. —disse por fim.
A madame ergue a sobrancelha e disse:

—Sra. Cassie, não estamos mais no colegial. Não pode me interromper enquanto estou dando minha aula. Se está tão incomodada, peço que se retire. — disse ela indicando a porta e todos prenderam a respiração.  

—É só que...—disse e ela ergueu a palma da mão, e deu alguns passos na minha direção:
—Se está tão incomodada com a minha tática de ensino, por favor, peço que se retire. —disse a professora, se aproximando pertinho de mim.

Eu então, fechei os olhos e respirei fundo. A professora vendo a minha atitude disse:

—Muito bem.—disse ela sussurrando quase que inaudível e disse voltando ao quadro: —No Egito, as roupas e a identidade caminhavam juntas. Os faraós se diferenciavam dos demais por não utilizarem ornamentos. A calda de um leão e um falso cavanhaque simbolizavam o poder. Já na Roma antiga, por exemplo, acreditavam que cada peça de roupa deles tinham um significado importantíssimo. A padronização no vestuário remonta à época das invasões bárbaras Romanos e bárbaros (termo utilizado pelos romanos para se referir às pessoas consideradas não-civilizadas) eram reconhecidos pela maneira de se vestir. Apesar disso, o início da Idade Média não trouxe grandes transformações em termos de história de moda. E não foi somente os tecidos e estilos de roupas que mudaram, as pessoas descobriram a importância de cobrir os pés e assim foi a evolução de sapatos e roupas conforme suas crenças, e estilos dos ambientes. — disse a professora anotando alguma coisa no quadro e disse: —em meados do século XIV, Vestidos eram peças utilizadas apenas por mulheres, acadêmicos e membros da Igreja.
Já a calça apertada se restringia apenas aos homens. A Renascença se destaca na história da moda por representar um período em que homens e mulheres se preocupavam em evidenciar certas características de seus corpos. Os homens usavam roupas que deixavam seus ombros visivelmente mais largos e as mulheres buscavam uma forma semelhante ao do violão. O interesse das mulheres por suas cinturas foi essencial para o surgimento do corpete, o antecessor do nosso conhecido espartilho. A extravagância na história da moda tem nome de rei. Luís XIV é conhecido na história da moda, entre outras coisas, por usar roupas extravagantes. A ideia era enfatizar a superioridade francesa através da vestimenta. Durante o reinado de Luís XV, as armações responsáveis por dar volume as saias das mulheres francesas assumiram um volume grandioso. Historiadores relatam que era quase impossível que duas mulheres ocupassem o mesmo sofá devido ao volume das armações. Agora, uma pergunta que levará pontos, gostaria de saber se vocês sabem quem foi o "Pai da alta-costura" alguém sabe?— perguntou a madame nos olhando com atenção, ninguém respondendo obviamente, ela deu um sorriso largo e disse: —Muito bem, ninguém sabe.
Charles Frederick Worth, o artesão responsável por abrir o primeiro ateliê de alta-costura em Paris, em 1858. Conhecido como o "pai da alta-costura", o nome de Worth ficou eternizado na moda. O estilista inglês é lembrado por ter substituído a crinolina pela anquinha, um tipo de armação utilizada para dar volume aos quadris e traseiro da mulher. A silhueta dos modelos de Worth dominara o período da Belle Époque. O estilo de corpo ampulheta com volume nos quadris e ombros e cintura fina dominou a época.
—disse ela nos olhando e disse: —Na próxima aula, quero que vocês me tragam um trabalho completo sobre tudo isso, cada vestimenta dessas épocas que foram marcadas pelos nossos ancestrais. Tem que ter uma réplica perfeita em cada manequim, nossa próxima aula, averiguarei cada peça e lhes darei a primeira nota anual. —E o sinal tocou, dizendo que era o fim da nossa aula.

Carla, se virando para mim disse:

—Como você teve coragem de fazer aquilo? — perguntou ela me olhando com atenção.

—Aquilo o que?— perguntei confusa.

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