Capítulo 21: "Maravilhas de California"

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Depois de fazermos as compras e lotarmos a nossa geladeira, Júlia e eu decidimos ficar em casa e curtimos a tranquilidade do lar. Aqui estava bem quente, mesmo estando em época de frio.

E quando minha mãe me ligou perguntando se tudo estava bem, ela sorriu ao ver Júlia cantando no chuveiro e eu sorrindo de cada canto da boca:

—Puxa filha, você parece tão radiante! —exclamou ela me olhando e sorrindo.

—Pois é mãe, nunca estive tão feliz como estou hoje. —disse e ela suspirando mostrou o anel de noivado, e nós duas, demos um grito que Júlia gritou:

—CASSIE? ESTÁ TUDO BEM? — Perguntou ela desesperada.

—ESTOU BEM! — Gritei de volta e ela me xingou baixinho.  

—Promete que virá no nosso casamento? —perguntou minha mãe pela vídeo chamada. 

  _Prometo, ou melhor, nós prometemos. —Disse e ela secou as lágrimas de emoção.

—Seu pai disse que quer você na cerimônia dele também, por isso, aluga o vestido hein?! —disse ela apontando pra mim e eu assenti.

—Mãe, e o natal? Como faremos? — perguntei preocupada.  

—Olha meu lírio, pensei em irmos até a casa de vocês passarmos juntas. Os pais de Júlia e eu vamos conversar sobre o que vocês acham? — perguntou ela sugerindo e eu disse:

—Eu acho ótimo. A Sra. Laura perguntou alguma coisa? —falei baixinho.

—Bom, teremos o desfile de natal, e desde a partida de Louis, não a vi pelas ruas. —disse a minha mãe suspirando.

—E o prefeito? — perguntei curiosa. 

  —Em silêncio absoluto. O que é bem estranho, achei que com a partida de Louis, ou a sua, ele iria lançar fogos de artificio. — comentou a minha mãe sendo muito sincera como sempre.

—Eu também achei, mas, se tiver notícias me manda mensagem está bem? — perguntei, eu estava preocupada.

Desliguei o telefone, na hora que Júlia saiu de banho tomado do banheiro. Ela estava de fone de ouvido, e cantava Katy Perry bem alto. Sorri ao vê-la tão animada, mas os meus pensamentos estavam na Sra. Laura, sozinha e sem o filho, imaginava que ela estava triste demais. 

  —Então, o que vamos ter para o jantar? — perguntou Júlia, e analisando a minha expressão, sentou do meu lado e disse: — O que foi Cass? — perguntou ela me olhando com atenção.  

—Eu só... como será que a mãe do Louis está? Tipo, depois da partida do filho, deve estar com o coração partido. — disse e ela assentiu com a cabeça.

—Deve mesmo. Não imagino como deve ser para ela estar longe do filho, eu sinto falta dele, imagina ela. — disse ela e eu concordei.

—O que acha de miojo de galinha? — perguntei e Júlia me olhou sorrindo abertamente, e aquele sorriso era o sinal positivo para que sim, iriamos jantar Miojo de Galinha.  

A vida da gente nem sempre pode ser chamado de dura, é óbvio que, para se viver temos que entender a importância de sobreviver. A sobrevivência em um mundo como este que estamos vivendo, é tão importante e sem dúvidas essenciais. Quando somos crianças, agimos como crianças, pensamos como crianças, achamos que o mundo é fácil e que crescer também será. Não vemos maldades, não vemos a vida crua, pensando e idealizamos uma vida diferente da nossa e o futuro não nos gera pânico, tudo é brincadeira. Tudo faz parte de uma enorme brincadeira, uma brincadeira gostosa que nos faz acreditar que, crescer é o nosso objetivo.

Quando viramos adolescentes, a imaginação sai, e com isso resta apenas os nossos pensamentos, começamos a mudar, e essa mudança gera uma forma de enxergarmos a vida de um modo diferente. Passamos a indagar mais, a entender mais sobre a nossa realidade e a realidade do mundo, já compreendemos que infelizmente, não podemos mais imaginar a vida como uma brincadeira enorme, e que, nem tudo são flores, entendemos que as coisas são mais cruas, mas a incerteza do futuro ainda paira sobre nós, e por vezes, sentimos medo do nosso digníssimo futuro. Temos conflitos em nós mesmos, temos dificuldades, caímos, falhamos, recebemos críticas, choramos, sofremos por mais bobo que seja, sentimos na pele o que é “Sobreviver”.

E cada emoção se intensifica, e temos que lidar com isso.

Mas, e a juventude?

O que ela nos traz?

O que é ela?

O que temos que fazer para lidarmos com ela?

É realmente a nossa melhor versão? Ou, deixamos passar a nossa melhor versão focando em outra? 

Será que as coisas melhoram, as coisas se encaixam?

A juventude será que ameniza o nosso sofrimento? Ou estamos tão calejados com o sofrer que nem nos implica mais? Ainda tento descobrir as respostas para tantas perguntas. Eu posso dizer, honestamente é claro, que pensar nessa nova jornada da minha vida, me deixa tensa, nervosa.   O que a juventude me ensinará?

1 Mês depois...

O fim de ano foi uma alegria, festas, comidas, bebidas, diversão e amor. Tudo isso para que novos tempos viessem, eu estava animada para o início das aulas, e mal podia esperar para iniciarmos essa jornada longa de faculdade. Finalmente eu estaria ingressando para a minha faculdade dos sonhos, e eu tinha que me esforçar ao máximo para sair bem e me formar logo. Era o início da Primavera, o sol estava irradiando por toda a cidade, e calor só aumentava o desejo de montar no biquini e sair para dar o mergulho. Mas, e a coragem? Era bem verdade que eu estava livre da Bulimia, depois de muita luta e tratamento e terapia, enfim eu estava livre dela. Mas, o medo e a insegurança eram reais, não era sempre que se vê alguém de corpo gordo saindo pela praia.

  E depois de tanta insistência em mim mesma, eu vesti o biquíni preto, e Júlia e eu partimos para a praia. A gaivotas passavam por nós nos dizendo um “Oizinho”, e Júlia logo correu em direção a água, e eu sorri ao vê-la caindo sob o mar.

A sensação era incrível! A praia estava vazia, por incrível que pareça, decidimos ir um pouco mais cedo assim víamos a praia desse jeito, e aquele foi o nosso ritual durante as férias, curtir um pouco do sol e da praia em uma paisagem linda. Assim que deitei sob a areia da praia, olhei para o céu e vi as gaivotas voando no céu, era o meu momento favorito, e nem percebi a presença de alguém diferente ao lado do que Júlia:

—É um momento incrível, não é? — perguntou a voz masculina ao meu lado, eu me virei, e vi quem estava conversando comigo não era Júlia e sim, um rapaz.

Eu logo me sentei, e sorrindo sem jeito disse:

—É os meus momentos favoritos. —disse timidamente.

&Desculpa assustar você, eu não queria. —Disse o rapaz.

  —Não precisa pedir desculpas, eu estava distraída. — disse sorrindo fraquinho. 

—Prazer, sou o Erick Jones. — disse ele esticando a mão para mim, e finalmente consegui vê-lo, olhar para ele. 

Seus olhos eram verdes claros, ele era negro, e seus cabelos tinham um dread em um moicano, de óculos quadrados no rosto, e uma barba um pouco grande no rosto, ele sorriu e mostrou os seus dentes branquíssimos para mim, e eu gelei completamente, perdendo toda a minha postura. Era realmente um moço muito bonito, eu sorri de volta, e esticando as mãos para cumprimentá-los disse:

—Cassie Johnson. — disse e sorri de volta.

Além das Aparências - Veja além das suas AparênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora