Depois de fazermos as compras e lotarmos a nossa geladeira, Júlia e eu decidimos ficar em casa e curtimos a tranquilidade do lar. Aqui estava bem quente, mesmo estando em época de frio.
E quando minha mãe me ligou perguntando se tudo estava bem, ela sorriu ao ver Júlia cantando no chuveiro e eu sorrindo de cada canto da boca:
—Puxa filha, você parece tão radiante! —exclamou ela me olhando e sorrindo.
—Pois é mãe, nunca estive tão feliz como estou hoje. —disse e ela suspirando mostrou o anel de noivado, e nós duas, demos um grito que Júlia gritou:
—CASSIE? ESTÁ TUDO BEM? — Perguntou ela desesperada.—ESTOU BEM! — Gritei de volta e ela me xingou baixinho.
—Promete que virá no nosso casamento? —perguntou minha mãe pela vídeo chamada.
_Prometo, ou melhor, nós prometemos. —Disse e ela secou as lágrimas de emoção.
—Seu pai disse que quer você na cerimônia dele também, por isso, aluga o vestido hein?! —disse ela apontando pra mim e eu assenti.
—Mãe, e o natal? Como faremos? — perguntei preocupada.
—Olha meu lírio, pensei em irmos até a casa de vocês passarmos juntas. Os pais de Júlia e eu vamos conversar sobre o que vocês acham? — perguntou ela sugerindo e eu disse:
—Eu acho ótimo. A Sra. Laura perguntou alguma coisa? —falei baixinho.
—Bom, teremos o desfile de natal, e desde a partida de Louis, não a vi pelas ruas. —disse a minha mãe suspirando.
—E o prefeito? — perguntei curiosa.
—Em silêncio absoluto. O que é bem estranho, achei que com a partida de Louis, ou a sua, ele iria lançar fogos de artificio. — comentou a minha mãe sendo muito sincera como sempre.
—Eu também achei, mas, se tiver notícias me manda mensagem está bem? — perguntei, eu estava preocupada.
Desliguei o telefone, na hora que Júlia saiu de banho tomado do banheiro. Ela estava de fone de ouvido, e cantava Katy Perry bem alto. Sorri ao vê-la tão animada, mas os meus pensamentos estavam na Sra. Laura, sozinha e sem o filho, imaginava que ela estava triste demais.
—Então, o que vamos ter para o jantar? — perguntou Júlia, e analisando a minha expressão, sentou do meu lado e disse: — O que foi Cass? — perguntou ela me olhando com atenção.
—Eu só... como será que a mãe do Louis está? Tipo, depois da partida do filho, deve estar com o coração partido. — disse e ela assentiu com a cabeça.
—Deve mesmo. Não imagino como deve ser para ela estar longe do filho, eu sinto falta dele, imagina ela. — disse ela e eu concordei.
—O que acha de miojo de galinha? — perguntei e Júlia me olhou sorrindo abertamente, e aquele sorriso era o sinal positivo para que sim, iriamos jantar Miojo de Galinha.
A vida da gente nem sempre pode ser chamado de dura, é óbvio que, para se viver temos que entender a importância de sobreviver. A sobrevivência em um mundo como este que estamos vivendo, é tão importante e sem dúvidas essenciais. Quando somos crianças, agimos como crianças, pensamos como crianças, achamos que o mundo é fácil e que crescer também será. Não vemos maldades, não vemos a vida crua, pensando e idealizamos uma vida diferente da nossa e o futuro não nos gera pânico, tudo é brincadeira. Tudo faz parte de uma enorme brincadeira, uma brincadeira gostosa que nos faz acreditar que, crescer é o nosso objetivo.
Quando viramos adolescentes, a imaginação sai, e com isso resta apenas os nossos pensamentos, começamos a mudar, e essa mudança gera uma forma de enxergarmos a vida de um modo diferente. Passamos a indagar mais, a entender mais sobre a nossa realidade e a realidade do mundo, já compreendemos que infelizmente, não podemos mais imaginar a vida como uma brincadeira enorme, e que, nem tudo são flores, entendemos que as coisas são mais cruas, mas a incerteza do futuro ainda paira sobre nós, e por vezes, sentimos medo do nosso digníssimo futuro. Temos conflitos em nós mesmos, temos dificuldades, caímos, falhamos, recebemos críticas, choramos, sofremos por mais bobo que seja, sentimos na pele o que é “Sobreviver”.
E cada emoção se intensifica, e temos que lidar com isso.
Mas, e a juventude?
O que ela nos traz?
O que é ela?
O que temos que fazer para lidarmos com ela?
É realmente a nossa melhor versão? Ou, deixamos passar a nossa melhor versão focando em outra?
Será que as coisas melhoram, as coisas se encaixam?
A juventude será que ameniza o nosso sofrimento? Ou estamos tão calejados com o sofrer que nem nos implica mais? Ainda tento descobrir as respostas para tantas perguntas. Eu posso dizer, honestamente é claro, que pensar nessa nova jornada da minha vida, me deixa tensa, nervosa. O que a juventude me ensinará?
1 Mês depois...
O fim de ano foi uma alegria, festas, comidas, bebidas, diversão e amor. Tudo isso para que novos tempos viessem, eu estava animada para o início das aulas, e mal podia esperar para iniciarmos essa jornada longa de faculdade. Finalmente eu estaria ingressando para a minha faculdade dos sonhos, e eu tinha que me esforçar ao máximo para sair bem e me formar logo. Era o início da Primavera, o sol estava irradiando por toda a cidade, e calor só aumentava o desejo de montar no biquini e sair para dar o mergulho. Mas, e a coragem? Era bem verdade que eu estava livre da Bulimia, depois de muita luta e tratamento e terapia, enfim eu estava livre dela. Mas, o medo e a insegurança eram reais, não era sempre que se vê alguém de corpo gordo saindo pela praia.
E depois de tanta insistência em mim mesma, eu vesti o biquíni preto, e Júlia e eu partimos para a praia. A gaivotas passavam por nós nos dizendo um “Oizinho”, e Júlia logo correu em direção a água, e eu sorri ao vê-la caindo sob o mar.
A sensação era incrível! A praia estava vazia, por incrível que pareça, decidimos ir um pouco mais cedo assim víamos a praia desse jeito, e aquele foi o nosso ritual durante as férias, curtir um pouco do sol e da praia em uma paisagem linda. Assim que deitei sob a areia da praia, olhei para o céu e vi as gaivotas voando no céu, era o meu momento favorito, e nem percebi a presença de alguém diferente ao lado do que Júlia:
—É um momento incrível, não é? — perguntou a voz masculina ao meu lado, eu me virei, e vi quem estava conversando comigo não era Júlia e sim, um rapaz.
Eu logo me sentei, e sorrindo sem jeito disse:
—É os meus momentos favoritos. —disse timidamente.
&Desculpa assustar você, eu não queria. —Disse o rapaz.
—Não precisa pedir desculpas, eu estava distraída. — disse sorrindo fraquinho.
—Prazer, sou o Erick Jones. — disse ele esticando a mão para mim, e finalmente consegui vê-lo, olhar para ele.
Seus olhos eram verdes claros, ele era negro, e seus cabelos tinham um dread em um moicano, de óculos quadrados no rosto, e uma barba um pouco grande no rosto, ele sorriu e mostrou os seus dentes branquíssimos para mim, e eu gelei completamente, perdendo toda a minha postura. Era realmente um moço muito bonito, eu sorri de volta, e esticando as mãos para cumprimentá-los disse:
—Cassie Johnson. — disse e sorri de volta.
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Além das Aparências - Veja além das suas Aparências
RomanceVocê já parou para pensar que suas palavras podem interferir na vida de outra? Não acredita nisso? Tem certeza? Pois eu vou te contar uma história de uma garota normal, que ela me fez pensar duas vezes antes de responder alguém ou até mesmo fazer um...