Capítulo 16: " Onde eu Estou"

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Estava tudo escuro, eu podia sentir a minha respiração calma, branda, tranquila. Eu sentia um sono tremendo, fora do comum, mas, não me lembro de estar dormindo.
Mas, como fui chegar até aqui? E que cheiro é esse de cateter? E, porque me sinto meia melancólica? 
“Abra os olhos”  

O meu cérebro dizia, mas os comandos não eram respeitados. E o que eu sentia? Sono.
Eu sentia um tremendo sono, uma moleza pelo corpo, e um cansaço.  

“Mexe os pés”

Eu não consigo tá? não adianta me mandar fazer algo, eu só sinto sono.

“Não durma”

Impossível não dormir! Eu realmente não conseguiria aguentar, eu iria dormir. 

E de repente, eu senti um sinal de vida, vozes! Eu escutei vozes, ainda turvas, meia baixas, mas ainda sim, eu senti o sinônimo de vida. Da minha própria vida!

—E qual o estado dela Doutor? — falou uma voz feminina. 

—Bom, estável. Reduzi o medicamento para vermos como ela vai reagir. Tende a acordar devagarinho, reduzindo os miligramas aos poucos. — disse a voz de um homem.  

“Reduzir o quê?”

  —E quanto aos pais que estão lá fora? Vieram para visitar. —disse a voz feminina.

—Bom, diga que eles podem entrar. Porém, que falem em silêncio. — disse o homem.

   “Pais?! Os meus pais?!”

  Houve um silêncio, e então, um som da porta se fechando. Mas, porque tem um homem e uma mulher dentro do meu quarto? E, cadê Júlia? Céus! Eu estou completamente perdida! Vão descobrir o meu pecado. Novamente, escutei bem de longe e fraco o som da porta se rangendo, eu queria abrir os olhos, mas ainda estava com muito sono.

—Como ela está doutor? —falou uma voz familiar.

“Pai? Era a voz do meu pai? Céus!” 

—Bem, instável. reduzimos a medicação dela para que ela pelo menos, desse um sinal. — disse a voz masculina. 

—E, ela pode nos ouvir? —perguntou a outra voz familiar, só que feminina.  

“Mãe?! Ai Jesus. Eu estou perdida!” 

—Querida? eu espero que possa me ouvir. —disse a voz do meu pai.  

“Claro que posso te ouvir, só não consigo falar.” 

-... Escuta, o papai não está bravo com você. Você foi forte, o papai veio mais rápido que pode. — disse o meu pai, e eu tive a segunda certeza de que, eu estava viva, eu senti o toque da sua mão fria na minha.

  “Pai? Eu sinto muito. Eu realmente, sinto muito.” 

Eu queria gritar, eu queria chorar. Eu queria abraça-lo, mas eu estou com tanto sono.

Estou tão cansada, eu não consigo gritar pai. 

—É minha querida, mamãe também está aqui. Mãe ama você minha fortaleza. Estamos aqui, esperando você acor...— e escutei fraquinhos as fungadas de choro de minha mãe, e senti o seu toque.

“Mãe? Ai meu Deus mãe! Por favor, ouça, eu.... eu sinto muito.”

  “Droga! Acorda Cassie, lute contra isso. Porque eu sinto tanto sono, eu quero abrir os olhos, eu quero vê-los. Deus! que insuportável essa sensação. Eu só queria abrir os olhos droga!” 

—Muito bem, quando você acordar, fará o vestido do meu casamento, adiamos por sua causa. — disse a voz do meu pai com tranquilidade. 

“Não pai, você não fez isso! Droga! o casamento.”

  —E a mãe promete que fará aquele macarrão cream cheease que você tanto ama, meu doce. — Disse a minha mãe, fazendo carinho no dorso da minha mão. 

“Céus! eu amo o seu macarrão suculento. Mãe, estou com saudades.” 

E como se estivesse lendo os meus pensamentos, ela disse:

—Mãe também sente a sua falta princesa. Acorde logo. — disse ela e eu senti os seus lábios molhados no dorso da minha mão.  

—Voltamos em breve, minha rainha. — Senti o beijo gélido do meu pai sob a minha testa.  

“espera! vocês já vão? Não! volte aqui. Eu não quero ficar no escuro. Eu não quero ficar no escuro! 

  Escutei o som da porta se fechando, e solidão.  

Céus! eu não quero ficar sozinha, eu não posso ficar sozinha. Eu não quero ficar aqui, me tirem daqui seja lá onde isso aqui for. Então, eu comecei a respirar profundamente e pesadamente, eu só queria abrir os olhos e enxergar a vida. Eu queria estar com os meus pais, eu não queria estar no hospital.

De repente, ouvi um som de alguém entrando, e então, senti um algo quente percorrer sob o meu corpo, o sono foi se aumentando... se aumentando... aumentando... e tomando parte do meu corpo. Eu adormeci.  

Em meus sonhos:  

Eu estava em um grande campo verde, havia um lago não muito profundo, curioso, nunca tinha ido ao lago antes. Próximo do lago, havia um espelho, um enorme espelho. Caminhei em direção a ele, mas, o espelho não refletia nenhuma imagem, tudo estava turvo. Uma voz que vinha do espelho tentou se comunica comigo, mas, não consegui compreender. Eu pisquei, duas vezes, três, quatro, mas mesmo assim, não consegui discernir aquela voz. Olhei para trás, e nada de ver se tinha alguém comigo, quando voltei os meus olhos para o espelho, havia dois, pisquei, três, e quando percebi, eu estava rodeada com vários espelhos. E a mesma voz dizendo alguma coisa, mas não conseguia discernir. Eu então, fechei os olhos, me deu um pânico, uma agonia, um desespero. 

Abri os olhos, e me vi em um quarto escuro, suspirando, trêmula, eu vi o botão ao lado da minha cama, inconscientemente, apertei o botão, ele nada fez, nenhum barulho, nenhuma luz, e então, apertei novamente, com mais força. Rapidamente, entraram a enfermeira, acendendo a luz e dizendo:

—Cassie! você acordou! —exclamou ela surpresa.

—Céus, onde que eu estou? — perguntei ainda mais confusa, e visão turva.

—No hospital querida, está tudo bem. Você está bem. —disse ela tentando me confortar. 

—Onde estão os meus amigos? meus pais? — perguntei confusa.

—Estão em casa, amanhã ligaremos para que eles venham até aqui. — disse ela docemente. 

—Quanto tempo estou aqui? — perguntei confusa.

  A enfermeira sorriu e disse:

—Uma semana minha querida. _disse ela sorrindo.  

_O QUÊ?! &Exclamei respirei rapidamente. 

_Sim querida, foi necessário. Mas, veja só, você está bem. E logo, verá as pessoas que te amam. — disse ela me confortando.

Então, eu fiquei calada, não ia discutir com ela, pelo menos, não agora. Ainda me sentia tão cansada. Foi então, que ela me deixou reclinada acordada sem muito ter o que fazer.

Além das Aparências - Veja além das suas AparênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora