Capítulo 2: "É Hora de Mudanças" - parte 3

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cicatrizes profundas em seu pulso, eu sabia que algo precisaria a ser feito. Ela cobriu as marcas, e ficamos em silencio. O sinal tocou novamente, e de repente, tudo ficou escuro, eu precisava ajudar, e então, anotei em um papel:

"A.D.A : Além das Aparências. Grupo de apoio e suporte aos invisíveis." 

E sai da sala, e fui bater na sala de diretor. Minhas mãos estavam suadas, e eu sabia que aquilo era o certo, porém, estar acompanhada seria mais a proveitoso do que estar sozinha agora. Houve um minuto de espera, e logo em seguida, fui chamada. O professor era um homem grisalho, ele tinha dentes amarelados, e era bem esticado, haviam marcas de expressões em seu rosto, e então, ele sorriu com gentileza para mim e disse: 

—O que deseja? —perguntou ele a mim cordialmente. 

—Eu gostaria de apresentar ao senhor, um possível grupo de apoio, é para as pessoas invisíveis aqui na escola. Pessoas, que precisam de ajuda, eu sei que o senhor deve ter outros grupos melhores e até mesmo, maiores. Mas, seria de bom agrado ver com outros olhos esse aqui. — disse e entreguei o papel na mão no diretor, ele leu o papel, e então, me olhou com um olhar que não pude decifrar e disse:

—Diga-me mais sobre esse grupo. — disse ele me olhando e indicando a cadeira ara me sentar.  

—Bem, essa escola é enorme. Tem todo o tipo de aluno aqui, existem pessoas diversificadas. Mas, mesmo assim, senti falta de ter alguém que olhe por outras pessoas, algumas pessoas são fantasmas por aqui, elas não têm vozes, não são tocadas, não são vistas e tão pouco ouvidas. Eu achei que, por eu estar em um grupo como este, por pertencer a essas pessoas, eu achei que a escola deveria simplesmente abraça-las, e mostrar que elas têm vozes sim. O A.D.A é um grupo de apoio a todos que são além das aparências, aqueles que muitas das vezes, não tem voz. Que são esquecidos, que não podem falar. O objetivo, é ajudá-los, é estar e mostrar para eles que eles podem. Quem sabe, não até avançamos em outras coisas. —disse e abaixei a cabeça com delicadeza. 

Porém, o meu coração estava cheio de orgulho de mim mesma, era muito bom estar falando pela minha dor, mas melhor ainda, pela dor dos outros. Eu olhei novamente para o diretor, que anotava algumas coisas em um papel, ele então, falou para mim:

—Considere criado o "A.D.A" —E deu uma piscadela. 

Eu mal podia acreditar naquilo que eu estava ouvindo, o "A.D.A" realmente havia nascido de repente, e agora, ele existia de verdade.

 Peguei o meu celular, e digitei um  SMS para Julia:

SMS:

—Julia:

—A.D.A está dentro Cass.

—Cass:

—A.D.A ? Cadê você Julia?

—Julia:

—Sala do diretor.

—Cass:

—Ai meu Deus!

Eu sorri para o celular, o diretor terminou algumas anotações e disse: 

— Cass:

— A.D.A? Cadê você Julia?

— Julia:

— Sala do diretor.

— Cass:

— Ai meu Deus!

Eu sorri para o celular, o diretor terminou algumas anotações e disse: 

—Como assim um novo grupo feito por nós? —perguntou ela perdida.

 —Aguarde amanhã no mural da escola, e verás. — disse sorrindo com calma. 

O último sinal tocou, e fomos caminhando em direção a sala. Mais uma aula estava se iniciando, e eu sentia que o dia de aula fora mais para um dia de surpresas e coisas boas. Realmente, a minha intuição estava indo bem, e estava certa. Eu sorri ao subir no ônibus, não houve risadas, ou piadas, ou canções de mau gosto. Só houve, um simples silêncio.  

 E eu gostei de causar aquilo.

Além das Aparências - Veja além das suas AparênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora