Capítulo 4: "Baixos e mais Baixos" - parte 2

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É incrível como as coisas são, Júlia e eu nos afastamos por longos quatro anos, e mesmo conversando via "WhatsApp", não era a mesma coisa do que o convívio. Tive que conviver sozinha, e essa era a pior parte. Lidar com os nossos próprios pensamentos e sentimentos. Ali sentada com Julia ao meu lado, comendo pizza, e assistindo "Netflix", me senti uma completa estranha, mas, uma estranha que estava à vontade.

Julia sempre fora amante de um romance bem clichê, e estávamos maratonando filmes de romance, quando, o meu telefone tocou, o que eu achei estranho. Na discagem, era um número desconhecido, eu não atendi e o número começou a tocar várias e várias vezes.

Até que eu atendi, já impaciente:

—Alô? Olha, não quero nenhum plano. —Disse bruscamente no telefone.

—Eu não quero oferecer nenhum plano. —disse a voz masculina do outro lado.

 — Quem é? — perguntei receosa.

—Louis, da escola. —disse ele meio impaciente, 

—Louis. —disse firme e séria.

—Louis? — repetiu Julia pausando o filme e colocando a orelha no meu telefone.

—O que você quer? — perguntei curiosa.

—Bom, obrigada por demonstrar educação. —disse Louis e Julia deu uma risada debochada.

—Eu queria saber, se vamos nos encontrar amanhã para o projeto. E o que eu vou fazer. — perguntou ele, que parecia nervoso. 

—Um instante, como conseguiu o meu número? —perguntei curiosa.

Ele suspirou fundo, e então, disse:

—Anual da escola. Não sou o único aluno que coloca o número de telefone no anual da escola pelo visto. —disse ele e eu dei uma risada. 

— Você fez isso?! —cochichou Julia surpresa.

—Sh! —afastei o telefone da orelha.

—Muito bem Louis, nos encontraremos amanhã na praça da cidade. Sem erros, já tenho algum projeto de desenho e figurino, você vai me ajudar a alfinetar os tecidos no caderno e decidir cores e estilos, já Julia, vai comparecer nos ensaios escondida para me ajudar a montar.
Lembre-se, você tem que estar no ensaio geral, não posso limpar sua barra. —disse firme e ele disse: —Justo, muito justo. 

—Justo. —Repeti, sem saber o que dizer.

—Certo, então, que horas? —perguntou ele ainda meio tímido.

—As 15:00 horas. De baixo da arvore. — disse orgulhosa por se lembrar daquela arvore.

—Justo. Então tá. —disse ele e eu parei e disse:

—Então, ta. —Repeti : —E o telefone foi desligado.

—Cara, vocês dois até parecem um casal de namorados. —disse Julia me dando uma travessada no rosto.

 —Não mesmo, credo. —disse e Julia deu uma risada alta.

Fui dormir naquela noite, pensando sobre como tinha sido estranho aquele papo com o Louis, mas, curioso a forma como ele também era o único no mundo que colocava o telefone dele próprio no anual.  Será que tínhamos algo parecido?  Duvido muito, mas, eu duvido muito mesmo. 

O relógio despertou, e então, eu acordei Julia. Ela resmungou, e eu me levantei e desliguei a TV que tinha ficado ligada. Caminhei em direção ao banheiro, me olhei no espelho, e fui tomar banho. Ali no banho, estava desejando que o meu dia fosse da sorte. Assim que eu terminei, comecei a finalizar o meu cabelo, deixei os cachos bem leves e finalizados. E com uma maquiagem bem leve, sai do banheiro e fui em direção ao meu armário, escolhi uma camiseta preta, e um jeans claro, Júlia disse um "Bom Dia" ainda com uma voz rouca de sono.

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