Capítulo 1: "Meu Primeiro Dia " - parte 2

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A primeira aula era de Literatura, o professor Erick falava sobre a importância de um estudo completo e organizado, ele anotava a base dos estudos e as obras que iriamos estudar, eram mais livros do que eu imaginava, mas, eu estava feliz. Eu amava ler. Só havia uma única aula onde eu estava realmente ansiosa e havia contado nos dedos para tê-la: Teatro. A aula de teatro, formava grandes alunos atores, e mesmo não sendo um grupo de formação oficial, eu ainda torcia com a sorte. O meu sonho: era fabricar figurinos para os atores, e assim que saísse a inscrição para primeira peça, iria me inscrever para produzir os figurinos, seria o meu primeiro trabalho oficial como figurinista e era aquilo que eu queria ser. Desde pequena, pegava lençóis e fazia roupas e desfilava pela casa, lembro de fazer minha própria roupa, e além disso, fazer cursos de corte e costura. Tudo isso, porque eu amava criar. O sinal tocou e o professor Erick me olhou e disse:

— Cassie, não é? — perguntou ele me olhando através dos óculos quadrados.

— Sim, professor. — perguntei com receio.

— O que você acha de participar do nosso grupo de leitura? — perguntou o professor Erick me olhando com sutileza.

— Seria uma honra, professor. — disse sorrindo levemente.

—Muito bem, tome. Compareça na hora do almoço está bem? — falou ele sorrindo e entregou um panfleto para mim e eu assenti.  

Me virei para ir embora, quando, de repente, vi que era a oportunidade perfeita para perguntar sobre o Teatro, e então, eu me virei e disse:

— Professor, o senhor saberia me dizer, se o grupo de teatro já foi formado? — perguntei timidamente.

— Não ouvi a senhora Hellen informar nada, mas, dê uma passadinha no mural da escola que fica no corredor B deve ter algo informando. Tem interesse na arte? — perguntou ele curioso e surpreso.

— Não, só no que ela me proporciona. — disse sorrindo pela primeira vez. 

—Então, agarre a oportunidade. Sei que tem um grande talento. — disse ele sorrindo e então, e sai com o mesmo sorriso no rosto.

Pelo visto, as coisas dariam certo. Eu tinha esperanças, tudo daria certo. Só era um pouco assustador, por ser tudo novo. 

Segui caminhando em direção ao corredor C, desci as escadas, e fui em direção ao corredor B. Era perceptível o olhar das pessoas, mas, porque eles me olham assim?

Será que estou me vestindo mal? Distraída olhando para a minha roupa para ver se eu estava me vestindo mal, senti o impacto do meu corpo com o de alguém, e quando vi, minhas anotações estavam no chão, e uma voz feminina disse:

— Ei não olha para onde anda não? — disse a voz feminina aguda.  

— Me desculpe, eu, estava distraída. — disse olhando no chão e tentando recolher os papeis meus.

— Francamente, calouros são desprezíveis. — disse a garota me olhando e logo ficando de pé.

A garota era loira, alta, branca e magra. De olhos azuis cintilantes, e um sorriso branquíssimo puro. Ela estava vestindo uma mini saia vermelha, e a camiseta da escola por cima, meias de cano alto vermelho e um rabo de cavalo alto, sem dúvidas, ela era, sem dúvidas, a garota mais bonita da escola.

Eu me levantei bruscamente, e a garota me olhou de cima a baixo e disse:

— Novata é? — perguntou ela me olhando erguendo a sobrancelha.

— Sim, me chamo.... — E ela me interrompeu, e disse:

—Não estou interessada. — disse ela: — Preste atenção por onde anda, tem que ter dimensão do seu tamanho. — disse ela e eu abaixei a cabeça.

Noção do meu tamanho?

Como assim? 

Caminhei em direção ao corredor, todos em minha volta me olhavam com muita atenção, envergonhada, fui andando com mais pressa até encontrar o painel de informações, ali estava escrito as informações sobre o teatro, eu tinha que falar com a senhora Hellen na hora do intervalo, anotei o meu nome ali e então, o sinal tocou, só restava a última aula até chegar o intervalo, eu finalmente, poderia pôr o meu plano em prática.
Só que, quando somos jovens, achamos que tudo ficará bem. Não acreditamos na maldade das pessoas, e sim, que todos nos veem da maneira como somos, e era isso que eu pensava. 

O intervalo chegou, estava com fome, mas, decidi ir atrás da senhora Hellen em busca de me candidatar para ser figurinista. Fui até o teatro, e fiquei impactada com a grandeza daquele lugar. Era um enorme palco com várias cadeiras vermelhas, eu parecia estar entrando em um teatro de Nova York, ao chegar em frente ao palco, uma senhora alto e corpulenta estava em pé com uma prancheta nas mãos, e ela falava para um grupo de garotas e garotos, me aproximei e ouvi ela chamar o meu nome:

— Cassie?! —  perguntou ela me chamando.

— Eu estou aqui senhora Hellen. — disse erguendo as mãos e caminhando em direção a ela.

— Muito bem, o deseja fazer no teatro? — perguntou ela me olhando de cima para baixo.

— Eu gostaria de produzir figurinos. — disse toda animada. 

— Figurinos?! — ela me olhou surpresa. 

— Isso. Eu fiz um curso de corte e costura e me sinto preparada para produzir, faço isso desde sempre. —  disse com delicadeza.  

Houve uns múrmuros atrás de mim, a senhora Hellen me olhou, olhou para trás de mim, e se aproximou para dizer algo, e somente eu pude ouvir o que ela queria me dizer:  

— Querida, olhe. Atuar é uma arte, figurinos são tolos e ralos. Porque não tenta atuar? — sugeriu ela me olhando com um certo olhar intrigado.

— Mas, senhora Hellen, eu só me inscrevi para produzir figurino. Posso transformar um pedaço de pano em algo esplêndido. Por favor, deixe-me mostrar a senhora. —  disse a ela quase suplicando.

—Muito bem, então, se quer me mostrar me mostre. — disse ela abrindo os braços como se estivesse rendida, mas, não totalmente. 

— Qual é o próximo tema para a peça? — perguntei curiosa. 

— Muito bem, vamos reproduzir Romeo e Julieta. Conhece? — perguntou ela me olhando ainda com dúvida, escutei risadas baixas vindo das pessoas atrás de mim.

— É um clássico. —  disse sorrindo e orgulhosa por saber, mas, curiosa porque, não entendia o motivo da graça.

— Muito bem, faça um projeto e desenhe dez peças de roupa até amanhã, se forem bem pensadas e inovadoras, posso te inscrever como tal. — disse ela me olhando, e eu sorrindo abertamente, assenti com a cabeça.  

Eu tinha que fazer valer a pena, seria os melhores figurinos que ela jamais vira.  

Sai do teatro, e fui em direção ao refeitório, ainda existia o grupo de literatura para participar. Caminhando em direção, ao refeitório, fui anotando os pontos necessários

Além das Aparências - Veja além das suas AparênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora