Capítulo 6: "Surpresa Cassie" - parte 2

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e que era para mim ficar sentada. E então, ele tirou as mãos dos meus olhos e eu percebi que o palco estava com as luzes apagadas. Louis correu até onde ligava as luzes e disse:

  —Seus problemas acabaram, Figurinista Cassie. — disse ele sorrindo abertamente e então, acendeu as luzes.  

A minha boca se abriu, e custou para ficar fechada. Eu não acreditava no que eu estava vendo.

—Louis, você não fez isso! — exclamei surpresa e me levantei com a mão na boca.  

No palco, estavam todos os figurinos prontos do jeito como eu havia desenhado. Louis com um sorriso aberto, disse:

  —Bom, Julia me deu o acesso das obras que você estava fazendo. Eu tive que contar o que eu estava planejando, o que foi bem complexo porque ela me ameaçou horrores. — E eu dei risada.

  —E quanto tempo você levou até isso? —perguntei surpresa.  

—Bom, aí é que esta. Eu demorei dois dias para deixar todos prontos da maneira como você havia descrito no papel. Foi trabalho duro, mas, foi bem recompensador quando eu consegui cortar os tecidos da mesma medida. Obrigada por isso. — disse ele e eu sorri e impulsivamente, eu dei um abraço nele.

  Era difícil de segurar a emoção e a felicidade, ter controle da peça, da vida escolar e agora da casa, até porque, minha mãe vivia trabalhando e algumas responsabilidades ficaram para mim.

Foi então, que eu percebi que eu estava abraçada com ele, e ele me olhou, e de repente, as coisas ficaram diferentes. Seus olhos claros, me fitaram nos meus castanhos, sua mão foi na minha cintura, e a minha em seu peito. Ele deu um sorriso de canto da boca, e eu retribui o sorriso, sem nem pensar. Ele ergueu o meu queixo, eu olhei para a sua boca, mas eu gelei.

Aquele seria o meu primeiro beijo na vida, e não sabia como lidar com aquilo. Mas, estar ali parecia ser o certo, parecia ser o momento certo. Louis vendo a minha hesitação, me deu um beijo leve na testa, e eu não compreendi muito bem o que aquilo queria dizer. E então, eu olhei para as peças e sorri abertamente, e me soltei dos seus braços, e fui correndo para ver as peças.

Impressionada com a qualidade e a perfeição, disse:

  —Ficou perfeito, cada peça, cada detalhe. Você fez do jeito como eu desenhei. Como conseguiu fazer isso? — perguntei curiosa.  

—Bem, você facilitou, confesso. Mas, foi mais intuição mesmo, e Julia me deu algumas dicas. O que foi mais fácil. — disse ele dando os ombros. 

— Sabe, ficou incrível. Eu nem tenho palavras para expressar. Não, de verdade Louis, ficaram perfeitas. — disse exclamando e unindo as mãos. 

—Bom, é justo. A professora viu antes de você, o que espero que não tenha ficado brava por isso. Mas, era o certo. Queria que ela visse antes de todos. — disse ele dando os ombros.

—Não fico brava, você fez o certo. Nós duas funcionamos muito melhor em sincronia. Obrigada Louis, você foi maravilhoso. — disse a ele e ele sorriu com timidez, era a primeira vez que eu tinha visto ele daquele jeito.

  Colocamos os figurinos atrás da cortina, e então, fechamos tudo e fomos em direção a saída. Louis e eu fomos caminhando até chegarmos no bicicletário, e então, pedalamos até a porta da minha casa. Louis então, desceu da bicicleta e me deu um abraço e um beijo na testa, eu sorri e então, entrei na garagem. Subi as escadas da minha casa com um sorriso aberto no rosto, tinha sido maravilhoso estar com Louis, por incrível que parecia, eu estava dizendo aquilo.

Dormi tranquilamente naquela noite, sabendo que, não teria problema nenhum quando acordasse. Minha mãe me acordou na mesma noite, tonta de tanto beber, eu então, assustada com o barulho, fui correndo até vê-la no chão, de maquiagem borrada e de roupa amarrotada. Não precisava ver mais para decifrar o que havia acontecido, ela havia saído com mais um cara naquela noite.

  —Filha. te acordei... me desculpe... — disse ela com voz de bêbada. 

—Não, tudo bem. Vem mãe, vamos tomar um banho e ir dormir. —disse com calma e paciência.

  Peguei ela pelas mãos, e ajudei ela a se levantar, e então, ela foi escorando pelo o meu ombro.

Levei ela no banheiro, dei um banho frio e então, ela disse deitando na cama:

—Eu vi o seu pai hoje... ele estava... radiante. Eu não ia beber, eu não ia. Eu ia parar, eu juro. Mas, eu o vi com aquela magrela loira, e eu..—disse ela e eu a interrompi.

  —Mãe, está tudo bem. Amanhã conversamos sobre. —disse e deixei ela aconchegada na cama.  

—Não, você não entende... O seu pai deu em cima de mim... —disse ela meia zonza.  

—Mãe, boa noite. —disse desligando as luzes do quarto, e fechando a porta.  

Desliguei a casa, e então, deitei e tentei dormir, missão falida. Então, acendi as luzes, e olhei para o relógio, era 5:00 horas da manhã, daqui há alguns minutos, era hora de levantar. Suspirei e abri o notebook, e fui memorizando as tarefas do dia.

Apesar do incidente da minha mãe, tinha sido um boa noite. Louis havia feito aquela surpresa, e então, tudo valia a pena no final.

A peça estava em andamento, os ensaios correndo muito bem, vozes prontas e horas de ensaio, tudo parecia correr muito bem na medida da possibilidade. E agora, com os figurinos prontos e os ensaios rolando de um jeito eficaz, em breve, estaríamos apresentando, o que era reconfortante.

Deixei a minha  roupa pronta, e pela primeira vez em tempos, havia me olhado no espelho, eu me sentia ótima. A vontade de vomitar, e de sentir repugnância pelo o meu corpo e por mim, ainda não havia passado, era uma luta diária comigo mesma. Porém, de repente, tudo ficou mais fácil, o que será que era?   Minha mãe ainda estava dormindo quando eu sai de casa, e pedalei até a escola, Julia estava com Louis, e ambos conversavam e riam juntos.

Assim que eu cheguei, eles vieram em minha direção, e Julia veio logo dizendo:

—Quer dizer que você foi surpreendida ontem? — comentou ela sorrindo e dando um soco no meu ombro.

  —Pois é, Louis sabe surpreender pelo visto. —disse rindo.  

—Hey Cass. —disse ele se aproximando e me dando um beijo na minha testa como ontem.  

—E aí? Porque estavam aqui? — perguntei curiosa.

  —Bem, estivemos esperando por você. — disse Julia sorrindo e ela completou:

— Quer dizer, Louis estava. Eu não. —disse ela sorrindo e eu dei uma risada.  

—Quer dizer que estava esperando por mim? —perguntei me virando para Louis.  

E ele sorrindo, deu de ombros e eu sorri.

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