29°Capítulo

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NARRAÇÃO: Mônica

Ultimamente andonuma correria que só. Saí da clínica e fui direto para minha mãe, tomei um banho e fiquei assistindo televisão com os pés para cima do puff. Meu celular estava morto, nada de bom em rede nemhuma.

Achei ridículo a Michele tirar foto com o marido dos outros e me mandar, estava mesmo estranho ela subindo lá no morro direto, vivia na favela e eu desconfio logo, sabia que tinha traficante no meio. Espero que ela sustente tudo quando a mulher do cara descobrir, que a Day é o cão em forma de mulher, mexeu com a pessoa mais incerta da favela.

Minha mãe à essa hora deve ter ido buscar a Carolina, na escola. Espero que o pai dela cumpra com a palavra dele, acha que minha filha é o quê? Ioio, para ficar de lá e cá? Morro de pena da minha pequena nessa situação toda, infelizmente ela tem que vivenciar tudo isso.

A campainha tocou e eu fui obrigada a levantar para atender justamente na hora em que relaxei minha perna, sacanagem. Girei a chave e ao abrir fiquei boquiaberto ao ver que o Romeu estava ali rodeado de homens dele.
Mais o que ele está fazendo aqui? Arriscando a vida... Confesso que eu fiquei assustada, coração saiu pela boca e voltou de uma vez só.

Minha filha me abraçou, toda contente.
Mônica: Você é louco?? -pergunto, dando espaço para ele entrar.
Romeu: Não estou aguentando mais, amor... -Falou vindo na minha direção vindo me abraçar, mas eu desviei.
Mônica: Não está aguentando o quê? Pelo amor de Deus!!! -Digo sem nem me importar, eu não estava nem aí para ele, na verdade eu fingi- Carol, vai tirar essa roupa, vai filha.
Ela foi lá dentro, ficando só nós dois na sala.
Romeu: Tu num acredita não né, faz essa linha, mas está doida para voltar.
Fui obrigada a rir e alto debochando.
Mônica: Se eu quisesse já teria voltado, se eu não voltei é porque algo tem, num acha?
Romeu: Olha o que eu faço por você cara, olha o que eu fiz... Você já viu minha cara estampada na televisão né?! E olha aonde eu estou, eu só quero conversar contigo independe da tua resposta, mas eu quero conversar com você.
Aí sim, agora ele foi maduro o suficiente para falar comigo.
Mônica: Ué, agora você quer conversar? Quando estamos juntos nada de conversa né, já vem com as suas atitudes de otário e fim. Romeu, não tenho nada pra conversar contigo é melhor você ir embora, tinha nem que ter vindo aqui. Tá rachando a cara! -Eu tive que falar, enquanto eu ainda posso.
Romeu: É isso mesmo? Você já está um mês sem falar comigo cara, se pra você não é nada pra mim é muito, coisa pra caralho! -Ele passou a mão na testa, suado, aparentemente nervoso- Vamos pra casa, pelo menos pra gente conversar e depois você volta, vai pra onde você quiser. -Olha a liberdade que está me dando, incrível que só nos momento de transtorno essas coisas acontecem.
Mônica: Tá bom, mais tarde eu vou lá. -Me sentei no sofá. Dando ombros literalmente pra ele.
Romeu: Tô falando sério Mônica, eu não tô brincando caralho. -Ele estava tão nervoso, eu adorava vê-lo assim, nesse estado.
Mônica: Agora vai embora, não quero problema. -Eu também estava nervosa, mais por ele está aqui poxa, arriscando a vida.

Nesse condomínio mora algumas mulheres do morro dos macacos, tem noção? Acho que ele não tem.
Ele se aproximou mais e passou a mão pelo meu rosto, fiquei tão frágil nesse momento, amoleci por inteiro.
Romeu: Só me dar uma atenção, da gente poder conversar um pouquinho, meu amor. -Eu não disse nada, sentia só meu corpo arrepiar por dentro aos pouco- Vou te esperar lá em casa.
Mônica: Lá em casa não, outro lugar. Na kitnet. -Ele concordou sem medir esforços.
Romeu: Tranquilo então mas eu te espero. -Deu um beijo na minha testa e saiu doido.

Eu senti aquele silêncio dentro de mim, um vazio sabe de quando ele vai embora, o vazio de não estarmos juntos. Sei lá, é estranho!
Como eu amo esse rapaz senhor, porque tanto amor? Não entendo.
Que ele chegue bem e em segurança!
Carol: UE, cadê o meu pai? -Ela veio com algo pra dar a ele da escola.
Mônica: Ele teve que ir filha, mas o que é?
Carol: É só pra ele, pra senhora é só uma bala. -Me deu a bala e eu aceitei, com todo amor.
Mônica: Vem cá, vem minha neném -Puxei ela e a enchi de beijos- Mãe ama tanto meu pinguinho de gente, minha jóia mais preciosa. -Ela só ria e me beijava também.
Carol: Também te amo brigona! -Eu dei uma gargalhada alta.
Mônica: Olha o abuso, dona Ana Carolina. Mãe briga mas mãe ama muito, muito! -Dei um beijinho em sua testa.
Carol: Quando eu tava indo pra escola, meu pai mandou um beijo pra senhora, na boca! -Disse, ela toda sem jeito, mas com um sorriso bobo estampado na cara.
Mônica: Seu pai é muito atrevido, isso sim. -Cortei logo esse papo, rindo.

Fui na padaria com a Carol e comprei várias coisas pra um café da tarde. Assim que cheguei fiz o meu e o dela e ficamos conversando até a avó dela chegar.
Carol: Meu pai veio aqui vó, me trouxe da escola. -Contou afoita, toda boba. Carolina é fofoqueira...
Suzane: Como assim, isso Mônica? -Ela não acreditou.
Mônica: Sim, veio querendo conversar. Mesmo de sempre, mãe! -Ela revirou os olhos, acostumada com essa história.
Suzane Normal! E aí, se acertaram? -Balancei a cabeça, negando.
Ela ficou até sem graça que nem respondeu, é acostumada comigo dizer que: Sim, que voltei. Dessa vez não.

Pedi pra minha mãe que passasse um olhinho na Carol, que brincava de boneca e eu fui pra rua, nem disse aonde eu iria, que senão ela ia falar tantas coisas que eu não iria mais.
Assim que chego na Penha me dar umas coisas sabe, aqui é o meu lugar, minha casa é aqui e não tem jeito!
Estava indo em direção da kitnet que temos pra alugar, algumas alugadas e uma mobiliada que às vezes ele fica; quando encontro com a missionária da igreja.
— Oi, boa tarde! Tudo bem?! — Já veio me abraçando.
Mônica: Levando... -Sorri fraco- Deus é bom o tempo inteiro mesmo, tô indo conversar com meu marido. -Contei afobada.
— Tá vendo, te falei filha... Eu tô indo lá na igreja, qualquer coisa só me ligar nesse número que eu vou lá fazer a oração nele, ungir ele.
Me deu um cartão de visita, eu guardei o mesmo no bolso.
Mônica: Tá bom, pode deixar!
Continuei andando até chegar lá, eu já sabia que ele estava, coração até acelera.

REALIDADE NA PENHA. 💒💖 CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora