NARRAÇÃO: Mônica
Me lambuzei toda do melado do pudim que eu fiz aqui mais cedo na minha mãe, só que ficou seco. Ela adora!
Suzane: Gosto de te ver assim filha, feliz. Bem. -Falou sorrindo, boba.
Mônica: Óh mãe... Tô tão bem, pelo Romeu realizar meu sonho! Mãe, sonho de consumo sair daquela favela, meu Deus!!! Ninguém tem noção do quão... -Digo vibrante- Não é sendo ingrata porque foi lá que eu me abriguei até me estabilizar e arrumar a vida da gente, mas depois que eu conheci o Romeu, aquilo ali para mim deu, chega! O dia está chegando, o dia da minha vitória. -Me empolguei...
Suzane: Eu te entendo, já estava na hora mesmo, vocês têm condições de viver fora, pode ser em qualquer bairro não tinha mais porque você ficar lá em cima, passando por certas coisas, constrangimentos, se rebaixando a brigas... Vai chegar minha filha, está bem próximo.
Mônica: Lá eu deixo para quem chegou agora, sejam bem vindos ao inferno! Eu amo a pista!!! Eu amo o asfalto, tenho a favela no sangue mas... -gargalhei, junto da Michele.
Michele: Favelão abençoado daquele mana, cansou? -Debochou, favelada toda vida essa aí.
Mônica: Chega!Sentei no sofá e batemos um papo maneiro, minha outra irmã offline, estava na casa do namorado granfino, assim diz minha mãe.
Suzane: Quero ver vocês bem de vida, casadas, em paz, q felicidade de vocês é a minha. -Soou, de repente, do nada.
Mônica: Aos poucos mãe, uma coisa de cada vez, a Michele de piranhagem...é difícil.
Me manti séria pra ver a reação dela.
Michele: Piranhagem... Piranhagem nada, o que posso fazer se meu coração é bandido?
Eu ri bem alto, já minha mãe, não gostou nada disso.
Suzane: Conversa fiada essa de vocês, vou é dormir com a minha netinha.
Levantou e foi em direção do quarto.
Mônica: E tu piranha, ainda está com o bofe dos outros? -Perguntei, para perturbar mesmo.
Michele: Nunca estive! Só é meu pente certo!
Ela como não é nada escrota, responde sempre na ironia.
Mônica: Vocês são maluca, ôh racinha!A Carol acordou e veio para a sala, ficou no colo da tia dela cheia de xamego.
Michele: E aí Aninha...
Deu um beijo nela.
Fiz cara de quem não estava gostando nada disso.
Carol: Fica com ciúmes não mamãe, eu te amo mais!
Sorri involuntariamente ao ouvir isso.
Minha mascotinha linda de mãe❤Telefone tocou, o nome do contato que eu mais esperava apareceu no display. Atendi toda boba, ansiosa.
Início de ligação.
Mônica: Oi mô. -Digo animada; esticando meu corpo no sofá.
Romeu: Se liga, hoje não vai dar para eu te levar lá, mas amanhã é sem falta, tá bom? -Falou rápido.
Mônica: Tudo bem. -Digo pê; mesmo não entendendo, aceitei- Aconteceu alguma coisa?
Romeu: Pendências... Aí, amanhã cedo eu te ligo e te busco, já é?
Mônica: Está certo amor, sem problemas; fica com Deus e se cuida! Beijos.
Romeu: Beijo.
Fim de ligação.Aconteceu alguma coisa, pela voz dele deu para perceber... Só que nunca ele vai falar de primeira.
Fiquei pensativa por um tempo.
Michele: Que houve?
Mônica: Também queria saber...
Michele: Vish!!!Tentei esquecer isso um pouco, peguei o Notebook na minha mala e conectei ao Wi-Fi daqui da minha mãe, ficou eu e Michele, fuxicando o Facebook de umas pessoas do morro, até chegar nos mais interessantes.
Mônica: Aí a ex-piranha do complexo!!! O que eu acho mais engraçado é que elas ficam grávida e viram logo santa né!? Entra logo para a igreja, incrível! Putiane! Falsa do caralho! Como pode? -Falo indignada, vendo umas fotos da Luana.
Michele: Verdade! Até que ela está bonitinha grávida.
Olhei para a cara dela com ar de repreensão.
Mônica: Só não pode vir a cara do meu querido marido, né?!!. -Falo gastando.
Minha vergonha na cara foi zero!
Às vezes a coisa é tão séria que é melhor descontrair um pouco, já passou mesmo. É aquilo: A gente só rir depois que passa, depois de ter chorado horrores!
Aceitando ou não eu fui corna, meu marido se cansou de ir ali e eu vou dizer que não, ficar fazendo a linha desentendido?
Michele: Para de ser maluca, falando merda.
Mônica: Ah, pode parar! Gta, eu fui muito corna nessa vida, ela não foi a única, eu sou realizada gente! Não sou corna assumida não porque se sei que dorme, que tem um laço por mais fraco que seja eu acabo com a putaria, mas que eu fui, eu já fui muito, já aceitei também muitos no início e calada, vou ficar me fazendo de pão sabendo da realidade? Mas uma coisa é certo, a casada sou eu! A que é muito amada apesar dos apesares por ele, sou eu! Sou a dona de tudo! Por mim... -Digo tranquilamente, bati as costas das mãos uma na outra.
Michele: Deus me livre, duvido que eu fico!!! Eu não aceito nada disso, tá loka...
Mônica: É porque tu não ama ninguém, quando você começar a ser retribuída no que você sentir, a pessoa virar teu aconchego tu vai ver como é... Não é fácil viver assim, mas quando tem amor...é foda. -dizia sem mágoa nenhuma, só co aprendizado e muito amor- Aí você termina ou briga com o cara por causa da mina e ele vem xingando a garota toda, humilhando ela, dizendo que ama só você, que sem você ele não vive, e chora, a porra toda... É bem assim irmãzinha, é difícil pra caralho de lidar.
Michele: Ai, credo! Até me assusto assim, nunca vou amar! -Deixou transparecer aflição, medo.
Mônica: Nem adianta se apaixonar por homem casado porque é pior, o sofrimento é maior, ainda mais se for pelo Marreta, a mulher dele já fez foi coisas ali; é muito blindado, claro com muitas imperfeições, mas é isso que faz eles serem esse casal, cuidado mana, é treta! -por fim, digo selando a conversa.
Ela ficou muda e eu também, voltei a ver os faces.
Faço logo tocar no psico.
Não conhecem e não sabem a metade da vida e quer meter dessa. Comigo é papo reto.Já me fiz muito de maluca, de que não sabia de nada só pra não estragar o meu relacionamento, já chorei muito quietinha enquanto ele dormia do meu lado, por ter descoberto que ele passou o dia com fulana, que deu moto para ciclana, que sustenta filho de beotrana...já sofri demais calada, mas quando comecei a tomar atitude, não parei mais.
VOCÊ ESTÁ LENDO
REALIDADE NA PENHA. 💒💖 CONCLUÍDA
Teen FictionA vida do tráfico mesmo eu sendo apenas mulher de membro dessa vida maldita, que nos proporciona tantos momentos sendo eles bons e ruins, eu também sofro. Digamos que eu contribuo com isso e faço parte também; quem está a mercê de tudo que essa vida...