106°Capítulo

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NARRAÇÃO: Mônica.

Nem sei explicar tamanha gratidão, inúmeras bênçãos na minha vida ao longo, foi muito sustento e muita fé!

No primeiro ano eu sofria todos os dias, era inevitável. Pior foi quando o Henry nasceu e veio a cara do pai, sofri dobrado a cada vez que olhava para o meu filho, até que começou a parecer comigo; tiveram piedade de mim, no quinto ano as coisas foram melhorando, advogados trazendo falsas esperança e a gente se alimentando daquilo tudo achando que seria breve, mas a saudade de ter meu marido por perto era imensa, mas fui levando e me confortando com esperança de que seria breve e que no ano seguinte o teria por perto e hoje já fazem onze anos preso... Onze anos sem ter todos filhos reunidos, onze anos sem ver a rua, onze anos sem ter privacidade com ele e sem liberdade... Porem hoje, esse sofrimento acaba, abriram-se os cadeados, a liberdade do meu marido cantou, porra!!!

Dei um beijo na Carol, que acabou de chegar do pré vestibular, passei um batom nudezinho, ansiosa e nervosa pra cacete tentando me controlar.
Carol: Está se maquiando pra que hein, dona Mônica? Vai sair? -perguntou curiosa; eu sequer me arrumo ultimamente, não tinha motivos para isso.
Ninguém sabe da chegada do pai, só eu e Camilla e se marcar dez minutos eu vou gritar para o mundo inteiro que meu marido está a caminho.
Mônica: Estou feliz ué! Vou sair sim, sair da tristeza! -Digo completamente aliviada, quase que deixando escapolir.
Ela não entendeu nada, ainda bem!
O meu bebê cresceu tanto, virou uma mocinha de mãe, é a mais linda da minha vida.

Descemos e eu peguei a Raffa no colo e a enchi de beijos, denguinho de vó.
Mônica: O Henry, tu já terminou seu trabalho de matemática, menino? Isso num é para amanhã?
Me sentei na sala, aonde ele estava jogando vídeo game.
Henry: Ah mãe é difícião, vou te esperar pra tu me ajudar, tu é boazona em matemática. -Falou focado no jogo; comecei a rir de nervoso- Qual foi Yuri, depois tu joga menor, chatão!
Yuri ficou boladão, não puxou Camilla e nem o pai, é todinho o avô, revoltado que só ele.
Se ele me acha boa em matemática é porque ele num sabe a capacidade do pai dele com um lapis, papel e uns números...
Camilla: Carol, troca a fralda da Raffa pra mim por favor, mana? Ai tô que não me guento... -comentou quase entregando a porra toda, sentimos, mas ela tentou disfarçar- Ai, muitos processo aqui, é muito preso Jesus!!!

Eu e meus filhos ultimamente vivemos na Região dos lagos, o melhor para  gente foi se afastar do Rio, alguns problemas vieram à tona e o medo de atingir meus filhos só aumentou, até mesmo atingir à mim também; dessa vez saí fora por vontade minha e ordem do Romeu, que se ficássemos por lá teriamos desfalque na família, e cada um foi para seu canto, quase ninguém vive mais na Penha, além do Ricardo, aquele cabeça dura que não respeita ninguém além de mim. . .

Foi complicado ser o homem e a mulher da casa durante todos esses anos, levar tudo nas costas, mas me fez aprender tantas coisas, são muitas as experiências que eu aprendi. Fui uma grande mulher e guerreira pra caralho! Eu mesma reconheço isso.
Carol: Ôh mãe, tem um carro lá no portão e o cara pediu para te chamar. -Falou na porta da sala.
Me levantei numa só, coração foi na boca.
Henry: Qual foi Carolina, quem é o cara? Tá maluca, né assim não...
Escaldado igual o pai, levantou junto e foi na frente, segurei em seu braço o fazendo voltar. 11 anos e acha que é o Ricardo, se eu não vigiar, já sabem né?!

Eu mal pude esperar para chegar lá fora, as pernas bambas, mãos suadas... E assim que abro o portão já dei de cara com o Romeu, batemos bem de frente e um filme passava na minha cabeça paralisando tudo ao meu redor. Meus olhos encheram de lágrimas na hora e a única reação foi o abracar, beijei muito seu rosto, boca, tudo, ah meu maridinho... Carol e Henry fizeram o mesmo, num abraço só coube todos nós. Foi um momento de muita alegria e choro, e a produção que fiz ia por água a baixo...
Monica: Graças a Deus senhor, a liberdade do meu marido chegou! Obrigada, gratidão!!! -Falo em voz alta emocionada d+++.
Romeu: Te falei que eu iria voltar, filha... VOLTEI PORRA!!! -berrou grudado na gente
Chorei feito uma criança em seus braços.
Meu marido de volta!!!!
Ah, que felicidade! Gratidão define!
Carol: Pai, não acredito que esse dia chegou, parecia ser eterno...caramba!
Minha menina chorava tanto como na primeira visita que fomos, mas dessa vez era de felicidade, enfim!
E meu filho, pela primeira vez, viu seu pai sem ser no presídio, eles são muito apegados, o entrosamento dos dois é de se invejar, lembra muito com o Cadu quando adolescente.
Acabou tudo aquilo.
Quebraram-se as grades.
Romeu: Eu vi todo o sofrimento de vocês e da mãe de vocês e hoje eu posso dizer que sou um homem livre e limpo! Por vocês eu abri mão de tudo, fui cobrado e ainda serei, mas nada disso compensa a felicidade de estar vocês meus filhos, papo reto!
Logo ele entrou e abraçou a Camilla que estava com as crianças pequena
Romeu: Meus netos né?! -pergunta olhando para eles, ela assentiu chorando.
Camilla: Pai, eu já não estava aguentando mais! Graças a Deus!!! Olha filha seu vovô. -Dizia quase que sem voz; ela estava tão desesperada muito mais que eu.
Raffaely: Vovô? Vovôoo...
Ela se jogou para ele e pronto, quase infartou meu marido que acabou de chegar, peraí mundão!
Mônica: Aguenta coração vovô. -Digo sorrindo.
Romeu: É... tô velho. -Diz sorrindo.

Foi aquele vuco-vuco para ter a atenção dele e ele deu a todos nós, só me deixou um pouquinho de lado.
Romeu: Minha rainha... -Diz se aproximando de mim na cozinha, dessa vez só nós dois à sós- Quanta saudades filha, eu tô livre amor, agora eu tô aqui!!! Acabou pô chega, dessa vez não dá mais para mim....
Dava para ver sinceridade e que ele estava convicto de suas palavras, de tudo mesmo.
Mônica: Eu sabia que você um dia iria realizar o meu maior, sua vida é a minha base, homem! -Digo, sorrindo sem lágrima alguma- Chega amor, deixa aquilo tudo lá no passado, chega de dor... -peço firme, tentando não chorar.
Romeu: Obrigado por ser essa mulher na minha vida, você sim foi quem me deu motivos para desistir dessas porra tudo... Seu amor, nossos filhos... -Disse, me abraçou chorando- E ó, eu li a bíblia -Falou dando um risinho em meio as lagrimas- Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias da tua vida vã, os quais Deus te deu debaixo do sol, todos os dias da tua vaidade; porque esta é a tua porção nesta vida, e no teu trabalho, que tu fizeste debaixo do sol.
Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma. -recitou bem dentro do meu ouvido- Eu te amo mulher, pra caralho, para sempre minha rainha! Eu falei que ia voltar e te fazer a mulher mais feliz desse mundo, e eu tô aqui.
Peguei nossas alianças nova que ele pediu para eu encomendar e entreguei em sua mão, peguei a minha e coloquei nele, e ele fez o mesmo.
Mônica: Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á a sua mulher e serão os dois uma só carne; e assim já não serão dois, mas uma só carne.
Ouvimos palmas e eram as crianças futriqueiros de butuca assistindo tudo, aff!

Orgulhosa do meu marido, gente.
É maravilhoso ouvir isso dele.
Que a partir de hoje a nossa vida siga e em paz, ainda deve uns -algunssssss- anos a justiça, mas será pago porque eu estou ao lado dele e isso não mudará jamais.

Eu restituí o meu casamento, eu mudei a direção da minha vida... Isso me mostra o quão possível as coisas podem ser quando a gente quer, basta tentar e acreditar que as coisas são sim possíveis.

Nos dias de hoje meu marido está liberto dessa vida que nos trouxe muitas coisas, muitos bens materiais, também fora o nosso sustento, a nossa mina de ouro mas trouxe tanta infelicidade numa avalanche só.
Pois bem, acreditem.
NÃO CUSTA NADA TENTAR!
O TRÁFICO NÃO SÓ TEM DOIS CAMINHOS, SE QUISER MUDAR DESCOBRE SIM O TERCEIRO CAMINHO OCULTO, QUE SÓ OS QUE ACREDITAM E TEM FÉ CONSEGUEM O ENCONTRAR.

Vida do tráfico não é vida. É uma necessidade que acaba te viciando, até achar o seu fim precoce, te atrai pelas coisas fáceis que numa realidade de vida normal é difícil de se ter -mas não impossível- mas não compensa. A cobrança quando vem ela vem pesada e não quer saber quem vai atingir. Fomos todos atingidos de alguma forma, prejudicados, mas no hoje estamos a um passo de recuperar tudo isso e vivermos uma caminhada tranquila, leve e bem-aventurado.
Nunca é tarde!

Essa foi a minha realidade...
E para vocês?

REALIDADE NA PENHA
OU
ILUSÃO NA PENHA?

Fim!!!

REALIDADE NA PENHA. 💒💖 CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora